Como costumo dizer nos meus conteúdos, o Transtorno do Espectro do Autista (TEA), é um distúrbio do neurodesenvolvimento que atinge uma a cada 44 crianças, de acordo com dados do CDC (Center of Diseases Control and Prevention, traduzido para o português como Centro de Controle de Doenças e Prevenção). Até por isso, em meio a métodos que ajudam a desenvolver essas crianças e atenuam as dificuldades encontradas na vida delas, temos a “metodologia ABA”.
Mas, calma! Em primeiro lugar, vamos deixar claro que trataremos nesse texto como “metodologia ABA”, porém é de suma importância que fique claro que ABA não se trata de um método específico, mas sim de um uma ciência do comportamento aplicada. Isto é, Applied Behavior Analysis (ABA), ou Análise do Comportamento Aplicada (na tradução), é uma série de métodos baseados nessa ciência.
Quer dizer, no texto a seguir, tentarei esclarecer o máximo possível que o termo metodologia ABA não está correto. Além disso, precisa-se fazer uma diferenciação entre os termos ‘método’ e ‘metodologia’. Em linhas gerais, método é o processo utilizado para atingir determinado fim. Já a metodologia é o campo em que se estuda os melhores métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento. Se quer entender um pouco melhor, confira mais a respeito dessa ciência no universo autista!
O que é ABA (Applied Behavior Analysis)?
Enfim, como chegamos a mencionar no início do texto, o número de crianças com autismo é algo que vem aumentando progressivamente ao longo dos últimos anos. Se pegarmos dados do mesmo CDC, o número de pessoas com TEA era exatamente a metade. Em 2012, o registro era de uma criança a cada 88. Já em 2020, dado anterior ao atual, o registo era de uma criança a cada 54.
Isto é, em um mundo em que o número de crianças com autismo aumenta, é cada vez mais importante descobrir diferentes maneiras de ajudá-las a viver melhor. Aliás, como já sabemos, o autismo é caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social. Dessa maneira, a “metodologia ABA” (que NÃO trata-se de uma metodologia e sim de uma ciência) pode ajudar.
Bom, você deve estar confuso(a), mas ABA é uma ciência que tem como principal objetivo aprimorar comportamentos socialmente relevantes através de alguns métodos específicos, que precisam estar alinhados com muita base e estudo. A partir daí, diante da singularidade de cada indivíduo, a utilização de métodos baseados em estudos acontece, visando atingir uma melhora.
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Porque não é “metodologia ABA”?
Esclarecido um pouco mais o significado de ABA, agora vou tentar deixar ainda mais claro o porque não se trata de “metodologia ABA”.
Para dar dois exemplos, estudos já comprovaram que diferentes tipos de consequências aumentam ou diminuem a probabilidade de comportamentos ocorrerem no futuro. Além disso, também foi descoberto que diferentes tipos de condições antecedentes, motivadoras ou não, aumentam ou diminuem as chances de determinados comportamentos ocorrerem.
Aí você se pergunta: mas onde o autismo entra nisso? Bom, um dos principais processos comportamentais estudados pela Análise do Comportamento Aplicada é a aprendizagem. Isto é, algo totalmente interligado ao autismo e às maneiras de ajudar a desenvolver pessoas atípicas.
Quer dizer, por meio de alguns ensinos intensivos, o indivíduo com autismo vai “aprendendo” algumas habilidades necessárias para que consiga ir se tornando independente – vale destacar que são anos de pesquisa e aprendizagem na área. Posto isso, um dos benefícios é a diminuição da frustração, já que, como costuma atingir resultados, também aumenta a motivação e o prazer de aprender. Até por isso, muitos chamam ‘metodologia ABA’, mas a diferença já foi bastante explicada.
Outras abordagens no autismo
Agora que você já ficou sabendo que não deve mais dizer metodologia ABA, vou contar um pouco mais sobre outras abordagens existentes no universo do autismo. Bom, como você já sabe, eu sou uma psicóloga infantil com foco em transtornos do neurodesenvolvimento. Diante disso, existem outras formas bastante interessantes de abordar o autismo, justamente com o intuito de auxiliar seus pacientes a superarem as adversidades causadas pelo transtorno.
Grupos de habilidades sociais
Uma das formas de ajudar o desenvolvimento no autismo (sempre lembrando que autismo não é doença, mas sim uma condição psicológica) é através da criação de grupos de habilidades sociais. Isto é, um ou mais terapeutas preparam uma série de atividades com o intuito de treinar as habilidades sociais, algo que parece simples (e é!).
Enfim, quando eu realizo esse tipo de atividade, geralmente eu formo grupos de 4 crianças, sendo que elas devem compartilhar perfis cognitivos, sociais e sensoriais semelhantes. A partir daí, utilizo as propostas de avaliação de habilidades sociais de ‘Del Prette e Del Prette’. No entanto, você também pode utilizar outras opções de manuais teórico-práticos, tal qual o ‘Socially Savvy’ e o ‘Social Skills Solutions’.
Enfim, se você – que está aqui primeiro descobrindo o porquê da metodologia ABA não se tratar de uma metodologia – quer mergulhar um pouco mais nesse tópico, leia o meu texto ‘Habilidades sociais e autismo: como posso ajudar meu paciente?’.
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Comportamentos e autismo
Enfim, até mesmo como foi dito alguns parágrafos atrás, muitas vezes nós temos uma visão apenas comportamental relacionada ao autismo. No entanto, é válido destacar que o autismo não é uma desordem comportamental, mas uma combinação de diferenças de processamento complexas. Resumindo, é uma condição humana diferente, não um conjunto de sintomas comportamentais.
Com isso, muitas vezes pensamos que apenas a mudança de comportamentos fará a pessoa “deixar de ser autista”, quando, na verdade, o autismo é composto por diferenças de percepção e de pensamento, e não pelos comportamentos.
Dessa forma, até para não se estender muito nesse tema e te aguçar a curiosidade de ler o meu texto ‘Comportamentos e autismo’, temos que colocar na cabeça que nossa maior função é apoiar todas as pessoas, deixando de rotular comportamentos e compreendendo como cada a pessoa pensa e lida com o mundo.
Veja mais conteúdos da Tia Paulinha
Enfim, agora que você já entendeu mais que metodologia ABA na verdade não é um termo correto e viu outras visões acerca do autismo, confira mais conteúdos ou até mesmo considere participar do meu curso, o PsicoPlano Infantil. Se você ainda não o conhece, além de explicar toda a minha metodologia relacionada ao atendimento infantil, eu também apresento algumas estratégias e dicas que podem aumentar o faturamento da sua clínica. Enfim, entre já na lista de espera do PsicoPlano Infantil e absorva informações para sair na frente de outros profissionais!
Além disso, você pode me acompanhar através do Youtube, do Instagram, do TikTok e do Facebook. Ademais, meu blog está repleto de conteúdos que podem te ajudar a ser um psicólogo(a) melhor!
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