Antes de pensarmos sobre qual o grau de autismo infantil de um paciente, devemos lembrar que se trata de um transtorno complexo, que é referido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), porque abrange uma ampla gama de apresentações clínicas e níveis de funcionamento. E não existem diferentes níveis de limitação.
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Dentro do TEA, os profissionais de saúde (no qual nós, psicoterapeutas, estamos incluídos) costumam utilizar a classificação de “graus de autismo” para descrever o nível de apoio necessário para uma pessoa com autismo em diferentes áreas da vida.
Nós exploraremos, então, o que são esses graus de autismo, como eles são determinados e como eles influenciam a vida da criança com autismo.
Embaixo do guarda-chuva:
O autismo é um transtorno que se manifesta de maneira muito diversa em cada indivíduo afetado, e identificar qual o grau de autismo infantil de cada criança não é um processo que deve estar sujeito à pré conceitos ou ao senso comum.
Alguns têm dificuldades significativas de comunicação e interação social, enquanto outros podem exibir traços mais sutis da condição. Essa variabilidade levou à descrição do autismo como um espectro, no qual cada pessoa afetada ocupa um lugar único ao longo desse espectro.
A definição de um grau de autismo infantil, ou nível de necessidade de apoio, é uma maneira de categorizar essa diversidade. Essa categorização não é uma avaliação do valor ou potencial do paciente, mas sim uma ferramenta para direcionar o apoio e os recursos necessários para que cada indivíduo alcance seu máximo potencial dentro da sua realidade. Sem comparações.
São três as possibilidades:
Os graus de autismo, geralmente divididos em três categorias, são uma maneira simplificada de descrever a intensidade dos desafios que uma pessoa autista enfrenta em três áreas principais: comunicação social, comportamento restritivo e repetitivo e flexibilidade cognitiva.
Grau 1 – Autismo leve: Pessoas com 1 grau de autismo infantil, muitas vezes, exibem desafios sutis na comunicação social. Eles podem ter dificuldade em estabelecer amizades e entender as nuances da interação social.
Podem ser vistos como “excêntricos” ou “diferentes” pelos outros, mas geralmente podem funcionar de maneira independente na escola ou no trabalho, embora possam precisar de apoio em certas situações específicas que envolvem outras pessoas.
Grau 2 – Autismo moderado: No grau 2, os desafios sociais e comportamentais são mais evidentes. As pessoas com autismo de grau 2 podem ter dificuldades em manter conversas, compreender as emoções dos outros e demonstrar empatia.
Eles podem exibir comportamentos repetitivos mais intensos e dificuldades de adaptação a mudanças na rotina. Muitas vezes, necessitam de apoio significativo em ambientes sociais e educacionais.
Grau 3 – Autismo grave: No grau de autismo infantil 3, os desafios do autismo são mais acentuados em todas as áreas. A comunicação social é altamente comprometida, e comportamentos repetitivos e restritivos são muito evidentes, causando desconforto e sofrimento para o paciente.
Pessoas com autismo de grau 3 frequentemente têm dificuldade em compreender e responder às interações sociais, bem como em se comunicar de maneira verbal ou não verbal. Elas podem depender de apoio significativo para todas as áreas da vida diária, tendo sua independência severamente comprometida.
Determinando qual o grau de cada criança:
Os graus de autismo não são determinados apenas com base em observações casuais. Profissionais de saúde, incluindo psicólogos, psiquiatras e terapeutas especializados em autismo, conduzem uma avaliação abrangente para determinar o grau de autismo de uma pessoa. Essa avaliação considera muitos aspectos, como a linguagem, a interação social, o comportamento repetitivo, as habilidades cognitivas e a capacidade de funcionar de forma independente.
Essa avaliação é frequentemente realizada usando instrumentos padronizados, como o ADOS (Autism Diagnostic Observation Schedule) e o ADI-R (Autism Diagnostic Interview-Revised), que fornecem critérios objetivos para avaliar a presença e a gravidade dos sintomas do autismo. Também é comum envolver os pais, cuidadores e professores para obter informações adicionais sobre o comportamento da pessoa em diferentes ambientes.
O apoio é a chave!
Independentemente do grau de autismo infantil, é fundamental que cada pessoa autista receba o apoio adequado para desenvolver suas habilidades e enfrentar desafios. As intervenções são adaptadas às necessidades individuais e podem incluir terapia ocupacional, terapia da fala, terapia comportamental e outras abordagens especializadas.
Pessoas com autismo de grau 1 podem se beneficiar de treinamento em habilidades sociais e comunicação para melhorar sua interação com os outros.
Aquelas com autismo de grau 2 frequentemente precisam de apoio intensivo para desenvolver habilidades sociais e de comunicação, bem como estratégias para lidar com comportamentos repetitivos.
Já as pessoas com autismo de grau 3 podem necessitar de apoio significativo ao longo da vida, incluindo cuidados especializados e serviços de apoio à comunidade.
Diversidade e neuro atipicidade?
É essencial reconhecer que o autismo é uma condição diversa, e que cada pessoa afetada é única. Delinear qual o grau de autismo infantil de cada criança é apenas uma parte do contexto no qual ela está inserida. A compreensão, a aceitação e o apoio às pessoas com autismo são fundamentais para ajudá-las a prosperar e alcançar seu potencial.
É importante notar que a classificação em graus de autismo não é uma sentença definitiva, ou uma limitação. Com a intervenção adequada, muitas pessoas com autismo podem fazer progressos significativos e aprender a lidar com seus desafios.
Portanto, em vez de focar apenas no grau de autismo infantil, é mais produtivo concentrar-se nas necessidades individuais e no potencial de cada criança que é diagnosticada com autismo.
Os graus de autismo são uma maneira de descrever a diversidade de apresentações do autismo no “João”, na “Maria”, no “Pedro”, e quais as diferentes demandas de apoio, recursos e intervenções da criança e sua família.
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Ao compreender e celebrar essa diversidade, podemos criar um mundo mais inclusivo e acolhedor para todas as pessoas, independentemente do lugar que ela ocupa no espectro autista.
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