A criança ter dificuldade de comer certos alimentos pode até ser considerado normal, em certos cenários, mas quando isso vira uma rotina, se torna um problema – dos grandes. A seletividade alimentar infantil, atualmente, é categorizada como Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE) e, por isso, deve ter total atenção dos responsáveis.
Passando de apenas uma alta exigência como o que irá comer, a criança que desenvolve a TARE, tem o comportamento de repulsão a certos sabores, texturas ou cores. O que, em casos mais graves, pode chegar até mesmo a apresentação de fobia de alimentos específicos.
Dessa forma, como é criada uma dieta muito restrita, é comum que as crianças com seletividade alimentar sofram com a falta de vitaminas e minerais importantes para o corpo. Para facilitar a identificação dos pequenos com seletividade alimentar infantil – que difere de alergias alimentares, como a frutos do mar, por exemplo – separei algumas ações comuns dos seletivos:
- Fechar a boca e sinalizar que não vai comer o alimento de nenhuma forma;
- Enjoos com a apresentação de novos alimentos;
- Distanciar-se de determinados grupos de alimentos com cores, sabores ou texturas;
- Preferência para alimentos com cores, sabores ou texturas específicas.
Mesmo que de início a seletividade alimentar infantil não signifique problemas com baixo ou sobrepeso, com o decorrer do tempo, pode acarretar outras doenças. Diante desse cenário, preparei um guia com as principais seletividades, o problema da falta de nutrientes e a relação do TARE com o autismo.
3 principais características das seletividades alimentares infantis
Para deixar mais claro o que envolve a seletividade alimentar infantil, separei para você as 3 principais características em detalhe: recusa alimentar, repertório limitado de alimentos e ingestão alimentar única de frequência.
Recusa alimentar
É natural que o bebê ao completar 1 ano passe a apresentar uma certa recusa de alimentos, uma vez que não precisa mais da mesma quantidade calórica que ingeria antes. Com uma diminuição da velocidade do seu crescimento, a demanda energética diminui e, por consequência, o apetite também.
Mas, aqui deve ser o ponto de atenção. Com a diminuição da quantidade, é preciso focar na qualidade dos alimentos. Mesmo que inicialmente a criança recuse e faça “cara feia” para alguns alimentos, principalmente frutas, legumes e verduras, é fundamental introduzir tais produtos na alimentação.
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Não se assuste, nem desespere, o ideal é que a criança seja exposta 12 vezes ao alimento para se ter uma definição de recusa ou aceitação. Dessa forma, varie nas texturas, formatos e padrões apresentados.
Repertório limitado de alimentos
Acompanhada da recusa alimentar, com grande frequência, surge também a criação de um repertório limitado de alimentos, outro indicativo da seletividade. Entre outros fatores, isso gera uma falta da absorção de determinados nutrientes, como vou explicar mais adiante.
Sendo assim, é preciso variar os alimentos oferecidos à criança. Um exemplo, para facilitar o entendimento: oferecer regularmente ovo para o bebê e não intercalar com outras proteínas, como carne e frango, mesmo que gere recusa de início, pode gerar um seletivo no futuro. Ou seja, não é só fazer a vontade da criança e sim apresentar variedade.
Ingestão alimentar única de frequência
Quando a alimentação é baseada em um único item e esse alimento passa a ser consumido diversas vezes no dia – 4 a 5 refeições idênticas – identificamos o outro componente básico da seletividade alimentar infantil.
Carência de nutrientes
Como já te expliquei antes, a criança com uma alimentação limitada acaba tendo a ingestão de micronutrientes prejudicada, o que afeta o seu desenvolvimento. Ainda mais na primeira infância, é de suma importância uma dieta balanceada para que todas as necessidades do organismo sejam atendidas e não gerem problemas futuros. Sem falar da necessidade de dosar o consumo de açúcar, gorduras e ultraprocessados.
Por isso, a importância da apresentação de variados alimentos às crianças para se ter o entendimento do que de fato agrada ou não. Para exemplificar esse cenário, separei os principais grupos da nossa cadeia alimentar e o que cada um tem a nos oferecer – e devemos aproveitar:
- Cereais, pães e tubérculos – Importantes fontes de energia como carboidratos complexos, vitaminas do complexo B e fibras;
- Hortaliças – Importantes fontes de pró-vitamina A, luteína, vitamina B2, licopeno, vitamina B5, vitamina B9, vitamina C, ácidos fenólicos, vitamina K, carotenoides, cálcio, ferro, magnésio e potássio;
- Frutas – Importantes fontes de fibras, vitaminas antioxidantes (vitaminas A, C e E) e minerais essenciais ao funcionamento do organismo;
- Leguminosas – Importantes fontes de vitaminas C, K, complexo B, cálcio, ferro, fósforo, potássio e zinco;
- Carnes e ovos – Importantes fontes de proteínas, ferro e vitaminas B6 e B12;
- Leite e derivados – Importantes fontes de proteínas e cálcio;
- Óleos e gorduras – Importantes fontes de energia e transportadores de transportam algumas vitaminas (A, D, E, K)
Relação do TARE com o autismo
As principais características de uma criança autista contribuem para o estabelecimento de uma seletividade alimentar infantil. Entre outros aspectos, a inflexibilidade com as rotinas, a falta de busca por interação social e as mudanças sensoriais, favorecem que a alimentação seja prejudica, principalmente quando tratamos de conhecer e experimentar novos alimentos.
Mas, é preciso que fique claro: será somente diagnosticado uma criança autista com TARE se todos os elementos para tal forem cumpridos e resultar em um tratamento específico. Ou seja, fases de seletividade podem existir, mas somente quando se torna um padrão alimentar persistente, que pode ser levantado a possibilidade da TARE.
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Conclusão sobre Seletividade alimentar infantil
Por ser um transtorno conceituado recentemente, ainda não existe o registro de um tratamento padrão como ocorre com outros. Dessa forma, a cada caso e, dependendo do paciente, será determinado quais os melhores passos a serem tomados.
De toda forma, os mais comuns quando envolvem seletividade alimentar infantil e TARE abrangem acompanhamento psicológico, psiquiátrico, nutricional e de clínico geral. Assim, é possível caminhar com a procura por uma alimentação melhor balanceada enquanto se busca os motivos da rejeição de determinados grupos alimentícios.
Para complementar o conhecimento sobre a seletividade alimentar infantil e outros assuntos que permeiam a psicologia infantil, acompanhe o meu canal do Youtube. Compartilho por lá diversas dicas e conteúdos que vão com certeza te ajudar. Espero encontrar você lá.