Quando falamos em altas habilidades, a primeira característica que surge como exemplo é a inteligência, e a relação entre altas habilidades e ansiedade pode passar brevemente despercebida. Ter uma capacidade cognitiva acima da média é, definitivamente, um conceito abstrato para a maioria das pessoas.
De acordo com a OMS, apenas 5% da população mundial pode se encaixar nessa descrição, o que faz das questões em torno da identificação destes indivíduos particularmente complexas. E das questões psicológicas e emocionais das crianças e jovens superdotados, como a ansiedade, ainda mais distantes daquilo que vemos diariamente.
Por isso resolvi explorar um pouco a relação entre altas habilidades e ansiedade, para ajudar na identificação dos sinais e sintomas da ansiedade em crianças e jovens superdotados e apresentar as estratégias que acredito serem eficazes.
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Afinal, o que significa ter altas habilidades?
Acredito que o primeiro ponto a ser considerado é que não se trata de uma deficiência, um transtorno ou uma doença que demanda tratamento medicamentoso, ou é passível de cura.
Nós podemos defini-la como uma capacidade de aprender e compreender altamente desenvolvida, que pode se manifestar em diversas áreas, como acadêmica, artística, esportiva, musical, etc. Crianças e jovens superdotados podem apresentar uma facilidade natural para aprender coisas novas e entender e aplicar conceitos complexos.
Que, na maioria dos casos, leva a um desempenho excepcional nas mais diversas áreas de interesse. E, apesar das vantagens intelectuais, pode, também, desempenhar um papel consolidante ao vincular altas habilidades e ansiedade.
Mas Paula, como pode isso?
Sempre que possível eu reforço no meu conteúdo como associar ideias comuns e midiáticas às condições das crianças pode ser prejudicial. E com a superdotação não é diferente. A relação altas habilidades e ansiedade pode ser estabelecida por diversos fatores, como o perfeccionismo, a autoexigência, a sensibilidade emocional e a pressão social, por exemplo.
No campo individual, é comum que estas crianças sofram com uma constante sensação de não pertencimento em relação ao grupo etário e desenvolvimental, além do excesso de cobrança em áreas não relacionadas, muito próximo a “mas eu sou tão bom em matemática, como é possível eu não conseguir aprender alemão?”
Além da aflição pessoal, e da baixa tolerância com a frustração, as expectativas dos pais e professores podem ser extremamente altas em relação aos alunos superdotados, o que pode levar a uma pressão constante e uma sensação de sobrecarga emocional.
Por consequência, a ligação altas habilidades e ansiedade se estabelece ao longo do tempo e das situações enfrentadas no dia a dia escolar e familiar.
Como a ansiedade se manifesta:
Os sinais e sintomas de ansiedade em crianças e jovens superdotados podem ser semelhantes aos de outros indivíduos que sofrem de ansiedade generalizada, mas podem ser alimentados, por assim dizer, pela pressão social e pelo perfeccionismo.
Alguns sinais de altas habilidades e ansiedade incluem:
- preocupações excessivas com a qualidade e fidelidade científica dos trabalhos escolares, dos assuntos e falas;
- medos e fobias distintos, constantemente relacionados à percepção das outras pessoas;
- tensão muscular;
- distúrbios do sono, ao preferir continuar alguma tarefa como leitura, pesquisas, atividades criativas ou que envolvam solução de problemas;
- sudorese excessiva;
- irritabilidade, falta de paciência com os colegas, amigos e familiares;
- problemas de concentração;
- e fadiga.
Como posso ajudar?
Lidar com a ansiedade é um desafio em qualquer contexto ou idade, mas existem estratégias eficazes para ajudar as pessoas que sofrem com altas habilidades e ansiedade a lidar com o estresse e a pressão emocional, seja você sendo um familiar ou um terapeuta.
Uma das principais estratégias é o suporte emocional, se fazer presente para escutar e validar os sofrimentos, angústias e dificuldades que o superdotado está enfrentando é um importante gesto, que diversas vezes pode ser esquecido perante a vontade de estimular e desenvolver “o tempo todo”. É importante que o ambiente escolar e familiar sejam acolhedores e proporcionem apoio emocional, para além do acadêmico.
A inclusão de habilidades socioemocionais nas propostas de desenvolvimento é também indispensável. Muitas vezes, as crianças superdotadas têm dificuldades em lidar com suas emoções e em se relacionar socialmente, o que pode aumentar a ansiedade. Por isso, é importante investir em atividades que estimulem o desenvolvimento de habilidades sociais, como trabalhos em grupo, de colaboração e que necessitem de comunicação.
A criação de um ambiente acolhedor e de apoio, no qual a criança possa se sentir segura e confortável para expressar suas emoções é também parte das estratégias disponíveis para diminuir os efeitos negativos de se conviver com altas habilidades e ansiedade.
Um ambiente acolhedor e de apoio emocional é fundamental para o desenvolvimento saudável de crianças superdotadas. Essas crianças podem sentir-se isoladas e diferentes das outras crianças, o que pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima.
Também é importante que as crianças superdotadas aprendam a lidar com o estresse, uma vez que muitas vezes têm um nível de cobrança e expectativas muito alto sobre si mesmas. A prática de atividades físicas e técnicas de relaxamento podem ajudar a controlar a ansiedade e o estresse.
Outras estratégias incluem a aprendizagem de habilidades de enfrentamento, como a meditação e a respiração profunda, e a identificação e a eliminação das causas subjacentes da ansiedade, como o perfeccionismo e a autoexigência.
Quanto antes, melhor!
A intervenção precoce e o acompanhamento terapêutico são fundamentais para o sucesso das crianças superdotadas. É importante que os pais e educadores estejam atentos aos sinais de altas habilidades e ansiedade e busquem ajuda de profissionais qualificados para oferecer um suporte adequado e ajudar as crianças a se desenvolverem com qualidade de vida.
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Com o acompanhamento adequado, as crianças com altas habilidades podem alcançar todo o seu potencial de forma saudável e significativa para elas evitando, assim, consequências na sua vida adulta, seus relacionamentos e até mesmo na caminhada profissional.
Oferecer as melhores condições de crescimento para os pequenos através de informações pertinentes e importantes como estas é sempre um objetivo nos meus canais de comunicação (Instagram, Facebook, TikTok). Para os psicoterapeutas eu compartilho as mais diversas dicas para auxiliar todas as crianças, grandes e pequenas, aqui. No meu blog para pais você pode conferir conteúdos exclusivos que irão ajudar nesta profissão tão importante, sem manual, nem diploma, que é cuidar dos nossos pequenos. Até mais!