Qual a relação entre altas habilidades e depressão?

Qual a relação entre altas habilidades e depressão?
Paulinha Psico Infantil

Paulinha Psico Infantil

Olá, sou a Paulinha, psicóloga infantil com foco em transtornos do neurodesenvolvimento. Crio conteúdos na internet desde 2015 e ajudo milhares de mães e outras profissionais da área todos os dias aqui e em minhas redes sociais.

Cada ser humano é uma caixinha de surpresas diferente da outra. Nós não sabemos como as pessoas irão reagir às situações, estímulos e emoções, e com as crianças não é diferente. A sensibilidade infantil é, ao mesmo tempo, fascinante e imprevisível. É neste contexto de delicada complexidade que quero falar sobre a relação entre altas habilidades e depressão

Infelizmente, quando falamos de superdotação é comum que haja determinados rótulos e expectativas por parte dos familiares, professores e colegas. As palavras “prodígio” e “gênio” sempre estão à espreita, incentivando a ideia de que a pessoa que têm facilidade para aprender “qualquer coisa” é uma espécie de super humano. 


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Fazendo das partes vulneráveis, como a comum conexão entre altas habilidades e depressão, negligenciáveis. Não há espaço para culpas aqui, e meu foco definitivamente não é atribuir responsabilidades, mas assim trazer luz para como as duas condições estão interligadas. 

Preocupar-se é natural

Quando uma criança recebe um diagnóstico, ele se estende para toda a família. A receptividade para os fatos e condições que estão atreladas ao que é constatado varia substancialmente de acordo com os contextos familiares, sociais, econômicos e emocionais que circundam a criança diagnosticada. 

Quando falamos de altas habilidades e depressão, são dois processos distintos que podem se dar separadamente ou de forma simultânea. E ambos podem trazer receio, insegurança, dúvidas, entre outros sentimentos que demandam apoio terapêutico para que sejam direcionados e processados. 

Por este motivo, é sempre interessante contar com uma rede de apoio ampla e completa. Que estará disponível para acolher as necessidades de todos os envolvidos. 

Qual a relação entre altas habilidades e depressão?

Um degrau de cada vez

Altas habilidades podem ser definidas como capacidades cognitivas e intelectuais acima da média, assim como habilidades criativas, de aprendizado, e de resolução de problemas sublimes,  diferenciadas e excepcionais em áreas específicas, como matemática, arte ou música. 

Para que as demandas dessa especificidade intelectual sejam atendidas, a relação com o ambiente escolar deve ser cuidadosamente observada e adaptada. Eu acredito que conhecimento nunca é demais, e ele pode beneficiar grandemente não somente a criança que vivencia altas habilidades e depressão, mas toda a comunidade família-escola. 

O psicoterapeuta que é responsável pelo acompanhamento pode, portanto, orientar os profissionais da educação sobre estratégias de enriquecimento curricular, atividades voltadas à socialização, opções para trabalhar a inteligência emocional das crianças, soluções não negativas para lidar com a frustração, ou seja, as possibilidades são inúmeras. 

E a depressão? 

A depressão é uma doença mental caracterizada, majoritariamente, por tristeza profunda, desânimo e falta de prazer nas atividades cotidianas. Embora possam parecer temas distantes, há certo vínculo entre altas habilidades e depressão, que pode ser compreendido enquanto uma consequência de fatores intrínsecos à condição. 

Mas não significa que esta seja a única configuração na qual ela se manifesta. Especialmente em crianças e adolescentes. O que existe são diversos estudos que sugerem que indivíduos com altas habilidades são mais propensos a desenvolver depressão do que a população em geral. 

As crianças e jovens com altas habilidades podem apresentar maiores taxas de ansiedade e depressão em comparação com seus colegas com habilidades médias. E isso pode ocorrer por vários motivos, incluindo a falta de compreensão e apoio para suas necessidades específicas, a pressão para realizar e se destacar constantemente, a dificuldade em se encaixar em grupos sociais, a sensação de inadequação e isolamento, e assim por diante.

Qual a relação entre altas habilidades e depressão?

Como isso acontece? 

Existem momentos nos quais altas habilidades e depressão se encaixam. 

Por exemplo, indivíduos diagnosticados com superdotação são considerados excepcionais desde o início da infância e, portanto, suas expectativas em relação a si próprios tendem a ser mais altas. O que leva à baixa tolerância à frustrações e erros, levando-os a ser “muito duros” consigo mesmos. 

Eles podem, também, sentir uma enorme pressão externa para ter sucesso em todas as áreas, sejam elas acadêmicas, no esporte, na arte, musical ou até mesmo emocionais e cumprir com perspectivas irreais para a faixa etária ou para as habilidades físicas. E esquecer de brincar e se divertir com as atividades!  

O nível de estresse se torna mais alto para as duas condições, altas habilidades e depressão, especialmente se eles estão “ocupados demais” com outras atividades, como estudos ou práticas esportivas intensas e ininterruptas. Isso pode afetar sua capacidade de lidar com as emoções e situações diárias, descolando-se da realidade que os cerca, levando a maiores problemas na saúde psicológica. 

Eles possuem dificuldades consideráveis em se relacionar com outras pessoas, especialmente aquelas que não compartilham seus interesses e habilidades. Isso pode levar a sentimentos de isolamento e solidão, fortes sintomas depressivos. 

É extremamente comum que superdotados sintam-se desiludidos e não consigam atingir as expectativas que eles mesmos ou outras pessoas colocaram em torno de suas habilidades. Levando à sensação de fracasso e à experiência de desesperança e desmotivação intensas, características de ambos altas habilidades e depressão

Embora indivíduos com altas habilidades possam ser mais propensos a desenvolver depressão, isso não significa que todos desenvolverão a condição. É importante notar que cada indivíduo é único e pode lidar com o estresse e as expectativas de maneira diferente. 

No entanto, se o comportamento de alguém com altas habilidades teve mudanças bruscas, é importante levar suas preocupações ao profissional que faz o acompanhamento psicológico. Um profissional psicoterapeuta pode ajudar a identificar os fatores de risco e realizar as intervenções necessárias. 

Como a terapia pode ajudar?

A terapia pode ser uma ferramenta valiosa para ajudar crianças e jovens com altas habilidades a lidar com a depressão. Os profissionais da saúde mental podem ajudar a identificar os sintomas e as causas da depressão e trabalhar com o paciente para desenvolver habilidades socioemocionais, melhorar a autoestima e a autoconfiança, e desenvolver estratégias para lidar com o estresse e a pressão.

A terapia pode ser feita em conjunto com intervenções educacionais específicas para crianças e jovens com altas habilidades, incluindo programas de enriquecimento acadêmico e atividades extracurriculares que estimulam o aprendizado e o desenvolvimento. Também pode ser útil envolver os pais e os educadores no processo de intervenção, fornecendo informações e orientações para apoiar a criança ou jovem durante o processo. 


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Procure ajuda! 

A depressão é uma condição séria e debilitante que pode afetar crianças, jovens e adultos e não está diretamente relacionada a transtornos ou condições. É importante que a sociedade como um todo, incluindo os pais, os educadores e demais profissionais trabalhem juntos para apoiar e fornecer recursos adequados para pessoas com altas habilidades. 

A terapia pode ser uma ferramenta valiosa para ajudar crianças e jovens com altas habilidades a lidar com a depressão, identificar e trabalhar com os sintomas e desenvolver estratégias socioemocionais importantes para a saúde e o bem-estar psicológico como um todo. 

Mais conteúdos como estes estão disponíveis no meu blog, para pais ou terapeutas. Você também pode me acompanhar nas redes sociais (TikTok, Instagram, Facebook) e estar sempre atualizado nas questões que envolvem a psicologia infantil para promover, sempre, uma infância mais saudável. 

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