Antes de irmos para quais as atividades para crianças com TOD eu recomendo, acho importante compreendermos qual o significado por trás da sigla. O Transtorno de Oposição Desafiante, ou o Transtorno Opositivo-Desafiador, ou, ainda, o Transtorno Desafiador de Oposição, é um distúrbio no comportamento que afeta crianças e adolescentes, sendo caracterizado, principalmente, por uma frequente confrontação e desafio em relação a figuras de autoridade ou pessoas mais velhas.
E antes de eu continuar queria te contar que se você quer se aprofundar ainda mais no TOD, eu tenho um ebook interativo com tuuuddo sobre o transtorno, tanto para pais quanto para terapeutas, e ainda conta com algumas aulas para te auxiliar ainda mais, confira clicando aqui.
Para além da definição comum, ele pode se manifestar em diferentes níveis, incluindo uma propensão à irritação constante, explosões emocionais, falta de cooperação e recusa em seguir regras ou ceder a orientações, o que pode afetar negativamente o dia a dia da criança, bem como o de seus familiares.
Atividades para crianças com tod
As atividades para crianças com TOD são parte da terapia infantil e buscam ajudar a criança a desenvolver habilidades sociais, melhorar sua comunicação e, principalmente, possibilitar que ela construa uma nova forma de se relacionar com o mundo ao seu redor, que não através da raiva. Ela é baseada, majoritariamente, mas não unicamente, em técnicas de terapia cognitivo-comportamental e envolve tanto a criança quanto seus pais ou cuidadores em um processo conjunto de aprendizagem.
Tenho um vídeo no youtube que mostra 10 jogos para usar com seu paciente!
Durante as atividades para crianças com TOD, a criança é incentivada a reconhecer suas emoções e pensamentos, bem como avaliar as consequências de suas ações. Ela recebe orientações para encontrar maneiras menos agressivas de se relacionar com as outras pessoas, e é incentivada a se envolver em atividades que promovam a comunicação e a socialização positiva.
A terapia é de extrema importância para crianças com transtorno de oposição desafiante, uma vez que ela possibilita que os pequenos aprendam estratégias para lidar com suas grandes emoções e comportamentos disruptivos. Para além do aspecto comportamental, ela contribui para o fortalecimento do vínculo afetivo entre a criança e seus familiares, amigos e professores, aumentando a sensação de segurança e estabilidade emocional.
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Por fim, as atividades para crianças com TOD representam uma solução efetiva para o transtorno de oposição desafiante, auxiliando a criança a construir novas formas de se relacionar e comunicar com o mundo ao seu redor, que não através de meios extremos, garantindo que ela possa desfrutar de uma vida mais saudável, equilibrada e leve.
O objetivo das atividades para crianças com TOD que irei sugerir não é definir soluções para todos os casos de forma uniforme, pois cada caso é único e cabe ao psicoterapeuta que faz o acompanhamento avaliar o que é melhor para cada criança individualmente. A minha intenção é compartilhar atividades que, ao longo da minha experiência, descobri serem altamente frutíferas e funcionais com os meus pacientes.
No entanto, de forma geral, as atividades para crianças com TOD envolvem habilidades sociais, o desenvolvimento da fala e comunicação, brincadeiras sensoriais e atividades de movimento que podem ser benéficas para as dificuldades enfrentadas diariamente. Ademais, a realização de atividades em grupo ou em duplas pode também ser considerada, pois ajudam a promover o desenvolvimento da interação social. É importante que as atividades planejadas levem em consideração as necessidades e habilidades específicas de
cada criança. Para isso, é sempre interessante buscar orientação e suporte de profissionais especializados na área.
Sendo assim, vamos lá!
“Eu e meus sentimentos” por Vanessa Green Allen
O primeiro recurso que vou indicar é um livro que aborda a psicoeducação das emoções, um trabalho extremamente delicado e importante para o processo terapêutico de crianças TOD, que irá refletir no aprendizado sobre as próprias emoções, autorregulação e sobre a expressividade emocional.
“Vamos lidar com a raiva” de Samantha Snowden
Também um livro, este título particularmente traz grandes avanços de forma didática para as crianças que encontram dificuldades ao lidar com a raiva ao informar como ela afeta o corpo, como ela interfere nos acontecimentos e situações, como nós podemos identificar o que está causando o sentimento e, o mais importante, como é possível encontrar estratégias de autorregulação para impedir “uma explosão”. Ele traz 50 atividades contextualizadas e didáticas para se trabalhar com seus pacientes. Ele também pode ser utilizado com crianças que trazem outros diagnósticos, porém a raiva intensa e constante é um sentimento experienciado em maior escala pelas crianças com TOD. É um ótimo amigo do psicoterapeuta infantil para se ter no consultório.
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“Por que eu desafio?” por Luciana Tisser e Marianna Leão Soares
Esta obra propicia a comunicação aberta e honesta com a criança sobre a condição que ela enfrenta, para que possamos oferecer opções e soluções práticas. É extremamente importante não subestimar a capacidade de compreensão dos nossos pacientes, por menores que eles sejam, para que eles se sintam incluídos no processo e validados enquanto indivíduos.
“Lucas aprendendo a lidar com o não” de Edyleine Bellini Peroni Benczik
Ao considerar que as crianças com TOD têm baixa tolerância para a frustração, ouvir não pode ser emocionalmente conturbado e trazer sentimentos difíceis de compreender, gerando confusão e respostas extremamente negativas. O livro é extremamente interessante para trabalhar conjuntamente o que fazer quando se encontra um não, quais os sentimentos associados, quais as opções para expressar os sentimentos e a frustração de forma não agressiva, e assim por diante.
“O poder da ação” da Turma da Mônica
Este é um livrinho especial que nos traz opções para trabalhar valores e integridade moral com os pequenos de forma lúdica. Devido às abstrações do livro, eu recomendo que se faça a leitura com crianças um pouco mais velhas, aproximadamente 7, 8 anos. O interessante deste recurso são justamente as possibilidades de aprofundar os assuntos abordados com o paciente.
“Mundo cruel” por Ellen Duthie e Daniela Martagón Calderón
Assim como o anterior, é um livro de filosofia para crianças, que promove situações para se pensar, conversar e ponderar sobre, um princípio das atividades para crianças com TOD é justamente o questionamento das próprias ações. As atividades aqui são também abstratas e podem não fazer sentido para crianças muito pequenas.
Caixinhas!
Eu tenho para mim que as caixinhas terapêuticas são particularmente legais de trabalhar, e a “Enfrentando o TOD”, um projeto elaborado pelas profissionais Juliane Feldmann e Sandra Mara Costa, é a que mais se encaixa nas propostas de atividades para crianças com TOD. É um trabalho extremamente completo, que dispõe de pequenas caixinhas para cada situação que a criança pode enfrentar e como lidar com elas.
O “semáforo do comportamento” (outra caixinha) é também muito flexível e contextualizado para os pequenos. Ele vem com cartas com situações, sentimentos e acontecimentos diversificados que a criança precisa identificar como um dos sinais: bom (verde), perigoso (amarelo), ou ruim (vermelho). É uma ótima estratégia para conversar abertamente sobre as percepções do seu paciente em relação às suas vivências, já que as cartas podem ser criadas por você ou desenhadas pelo próprio paciente.
“O jogo dos dilemas” (mais uma caixinha!) criado pela Viviane Zumpano, foca nas questões de responsabilidade e organização, são 40 cartinhas para falar sobre as consequências das mais diversas situações.
E por último, mas não menos importante, é o Jogo dos Hábitos que dá pontos para cada vez que você pratica hábitos positivos. É uma ótima proposta para atividade em família, você pode orientar os responsáveis em relação aos hábitos que estão sendo trabalhados no consultório e como eles podem incentivar através do jogo.
Cada criança é única, e pode não se adaptar às nossas tentativas, é importante não desistirmos e sempre contar com os demais profissionais para apoio, orientação e troca de recursos e informações, por isso criei o PiscoPlano Infantil. No meu blog, frequentemente abordo as nuances, variações e distinções relacionadas à psicologia infantil, autismo, terapia e outras temáticas afins. Também estou disponível no YouTube e no Instagram.