Existem uma série de abordagens que os terapeutas podem utilizar durante o tratamento com pessoas autistas. Os métodos que foram desenvolvidos ao longo dos anos, décadas e séculos se diferem nas abordagens e no foco do tratamento. Um dos métodos que é dos mais conhecidos e utilizados atualmente, é a terapia floortime, que falaremos mais a fundo nesse artigo.
Diferença entre ABA, NDBI e DRBI
Antes de começarmos a falar especificamente da terapia floortime, é importante compreender mais sobre esses tipos de abordagens e intervenções que existem dentro da psicologia para tratamento com pacientes autistas.
Atualmente, existem 3 abordagens que são mais aceitas e que vemos sendo muito utilizadas por profissionais da psicologia na intervenção do tratamento para crianças autistas: Análise comportamental aplicada (ABA), Intervenção baseada no desenvolvimento de relacionamento (DRBI) e Intervenção comportamental de desenvolvimento naturalista (NDBI).
Naturalmente, cada uma dessas três abordagens foram sendo desenvolvidas e analisadas ao longo das últimas décadas através de pesquisas teóricas e práticas, que mostram a eficiência dessas técnicas durante o processo terapêutico de crianças autistas.
Mas o que são essas abordagens? Como elas funcionam? Na sequência, faremos um pequeno resumo de cada uma dessas 3 abordagens, ficando mais fácil para você entender o por que elas se tornaram tão importantes.
Análise comportamental aplicada (ABA)
A análise comportamental aplicada (ABA) é, muito provavelmente, a abordagem mais conhecida na psicologia atual. Essa abordagem se baseia no comportamento dos pacientes. A intenção desse método é justamente modificar e moldar o comportamento das crianças para que elas consigam se adaptar melhor à sociedade e aos ambientes que vivem.
Para isso, é utilizado o sistema de analise funcional do comportamento da criança + estratégias de reforço para modificar a resposta do comportamento inadequado. O profissional deve compreender que só se deve modificar um comportamento de outra pessoa quando este estiver sendo prejudicial para a própria pessoa ou pessoas em volta dela.
Intervenção comportamental de desenvolvimento naturalista (NDBI)
O NDBI é uma abordagem que tenta suprir algumas dificuldades encontradas na aplicação do método ABA. A ideia na abordagem NDBI é naturalista, mediante brincadeiras, jogos e interações que envolvem as crianças e seus pais. Nesse método, a recompensa encontrada após um comportamento está relacionada ao interesse da criança em ambiente natural.
Ou seja, se uma criança tem um comportamento desejado para o tratamento que está sendo aplicado, a recompensa será exatamente aquilo que a criança deseja e que está ao alcance, como um brinquedo específico, por exemplo.
Intervenção baseada no desenvolvimento de relacionamento (DRBI)
Por fim, temos a abordagem DRBI, que quebra um pouco o modelo de abordagem ABA e NDBI. Diferentemente das anteriores, o foco principal da DRBI é uma estratégia direcionada para os pais, entendendo como eles podem lidar com os comportamentos de seus filhos durante o seu dia a dia. Claro, a abordagem também pode ser aplicada diretamente no consultório com os pacientes.
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Como veremos na sequência, o método DRBI mais conhecido é justamente a terapia DIR/floortime. No DRBI, o aprendizado é feito de forma livre, sem sistemas de recompensas e deixando as crianças à vontade para conduzirem as brincadeiras e atividades propostas. A avaliação da criança está relacionada ao seu desenvolvimento e não ao seu comportamento.
DIR/floortime é uma DRBI
A terapia floortime ou DIR/Floortime se encaixa perfeitamente no conceito de Intervenção Baseada no desenvolvimento de relacionamento (DRBI). Como o próprio nome do método já indica, a DRBI foca no desenvolvimento do relacionamento entre os adultos e as crianças, através da comunicação e interação durante as brincadeiras, que devem ocorrer de forma livre, sem estruturação rígida.
Como veremos mais aprofundadamente na sequência, a terapia floortime tenta trabalhar com esses conceitos, fazendo com que a criança tenha liberdade para desenvolver e praticar as atividades propostas. A participação dos adultos responsáveis, sejam os pais ou o terapeuta, também é importante, mas sem imposições e controles.
Como funciona o DIR floortime – principios e praticas
Bom, finalmente chegamos ao ponto principal do nosso artigo, que é exatamente a terapia floortime, quais são seus princípios, como ela funciona, quando que ela é mais utilizada e indicada.
Essa contextualização anterior foi importante para compreender, por exemplo, que a DIR/floortime se encaixa nas abordagens DRBI, sendo uma das principais abordagens conhecidas atualmente.
Em relação ao método DIR/floortime: ele foi desenvolvido na década de 80 e rapidamente passou a ser aplicado em uma série de escolas em diversos países do mundo, principalmente os Estados Unidos.
Desde que foi criada, a terapia floortime está sempre em aprimoramento para melhor atender as crianças que necessitam de abordagens como essa.
O principal foco da terapia floortime é levar o indivíduo em consideração como uma pessoa que possui sentimentos, emoções e vontades. Nesse sentido, o DIR/floortime não busca focar em habilidades sociais isoladas, mas sim num todo, olhando para o desenvolvimento infantil como um todo, não apenas pedacinhos de comportamentos.
A ideia na terapia floortime é desenvolver suas capacidades intelectuais e emocionais, focando em alicerces importantes no desenvolvimento do paciente, sempre levando em consideração o estágio de desenvolvimento que ela se encontra. Ou seja, nesse modelo de abordagem, é fundamental que os profissionais e pais não se apressem, entendendo esse estágio de desenvolvimento
A tradução para a expressão “floortime” é “tempo de chão”, e esse nome é um ponto importante para essa abordagem, visto que, a aplicação da terapia floortime indica que os pais e terapeutas devam se sentar no chão junto com as crianças, interagindo e participando das brincadeiras no mesmo nível que elas.
Esse método é muito utilizado para o tratamento de crianças com TEA ( transtorno do espectro autista), justamente por dar a liberdade necessária para a criança conduzir as brincadeiras, sem intervenções que podem gerar gatilhos emocionais difíceis ou demandas exageradas para a criança.
Dentro do DIR/floortime existem 6 níveis principais de avaliação do desenvolvimento infantil, sendo eles:
1: atenção compartilhada e auto regulação
2: vínculo e engajamento
3: comunicação
4: resolução de problemas
5: brincar simbólico
6: pensamento abstrato
Através da avaliação inicial da criança, o FEAS, o profissional deverá entender o nível de desenvolvimento do paciente após avaliação e definir quais níveis irá trabalhar nas brincadeiras.
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Ao sentar com as crianças no chão, permanecendo no mesmo nível que elas, o terapeuta e os pais devem ser conduzidos de forma livre pela criança. Esse é o princípio mais importante da terapia floortime, deixar que as brincadeiras sejam conduzidas pelas próprias crianças, usando a motivação que a criança traz para a terapia.
Claro, vale destacar que, para que o método seja funcional, a interação deve ocorrer. Ou seja, a partir da condução das crianças durante as brincadeiras, os adultos envolvidos devem interagir o tempo inteiro, mas sem tentar controlar a brincadeira. Mesmo que a comunicação não seja mediante a fala, o que é comum para crianças autistas que ainda estão desenvolvendo essa linguagem, a interação pode ser feita por movimentações corporais, danças, música, entre outros.
Conclusão
Como vimos, a terapia floortime, que é uma abordagem DRBI, é muito utilizada nos dias atuais, principalmente para o tratamento com crianças autistas. Diferentemente de outras abordagens, como o ABA, a floortime tem como foco deixar as crianças a vontade, conduzindo as atividades no seu tempo. O papel dos pais e do terapeuta durante esse processo é interagir constantemente com as movimentações das crianças, mas sem regular e controlar o que está sendo proposto por elas.
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