Existe muita confusão entre o que realmente é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e comportamentos comuns, especialmente em crianças. O TDAH é um transtorno neurobiológico, portanto diz respeito ao sistema nervoso. Muitas vezes, TDAH e superdotação são associados ou discriminados de maneira incorreta.
Mas será que é bem assim? Aqui você entenderá que é necessário fazer um diagnóstico diferencial dessas duas condições, capaz de excluir a existência de uma delas ou, até mesmo, perceber que elas são comorbidades em alguns casos. Por serem duas condições com sinais demonstrados já na infância, é importante estar atento aos critérios corretos.
O que é o TDAH?
O transtorno tem como principais características um padrão de desatenção e hiperatividade-impulsividade. Esses dois sintomas podem aparecer juntos ou não. O TDAH não tem cura, e persiste por toda a vida, podendo causar danos no desenvolvimento e no próprio cotidiano. Contudo, é possível reduzir os impactos do transtorno eficientemente com terapias indicadas.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), a desatenção manifesta-se comportamentalmente no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização – e não constitui consequência de desafio ou falta de compreensão.
Por outro lado, segundo o manual, a hiperatividade está associada a comportamentos como excesso de atividade motora em momentos não apropriados, como correr, se remexer, batucar ou conversar em excesso. Segundo o DSM, nos adultos a hiperatividade pode se manifestar com comportamentos de inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade.
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Já a impulsividade significa o que o próprio nome sugere. Pessoas com TDAH podem agir sem premeditação, colando até a si e outras pessoas em risco. O DSM aponta que a impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas, ou da incapacidade de postergar a gratificação. “Comportamentos impulsivos podem se manifestar com intromissão social (por exemplo, interromper os outros em excesso) e/ou tomada de decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo prazo (por exemplo, assumir um emprego sem informações adequadas)”, indica o DSM.
Pesquisas apontam que o TDAH se manifesta em cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos. O mais comum é que sinais comecem a aparecer a partir dos 4 anos de idade e fiquem claros no ensino fundamental.
Superdotação e altas habilidade
As altas habilidades/superdotação (AH/SD) são identificadas a partir da observação de um potencial elevado para o desenvolvimento de aptidões e talentos. A pessoa com AH/SD desempenha em alto nível capacidades humanas em diversas áreas, como as intelectuais, motoras, artísticas ou acadêmicas.
Isso pode ser notado tanto no comportamento quanto no desempenho na escola e outras atividades. Crianças com AH/SD muito frequentemente conseguem aprender precocemente matérias como leitura, escrita ou cálculo. É possível observar, por exemplo, que elas “falam como adultos”. Além disso, também podem demonstrar habilidades precoces a atividades não associadas necessariamente ao aprendizado formal, como artes e esportes.
Crianças com altas habilidades ou superdotadas não serão necessariamente precoces em todas as atividades que praticarem. Características como o autodidatismo e a curiosidade fora do comum podem estar associados a esse perfil. O diagnóstico de uma criança autodidata não pode ser feito apenas observando esses fatores, mas sim considerando critérios multifatoriais.
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TDAH e superdotação
Não é incomum que haja uma confusão entre o diagnóstico de TDAH e superdotação. Isso pode ocorrer por alguns motivos. Em primeiro lugar, crianças com AH/SD podem, em alguns casos, apresentar um baixo desempenho aparente. Isso pode ser atribuído à qualidade e adequação das atividades propostas a elas.
Por ter facilidade no desenvolvimento de algumas capacidades, as crianças com AH/SD podem perder o interesse em atividades que não apresentem o nível adequado de estímulo. Crianças com AH/SD devem passar por um atendimento educacional especializado, capaz de incentivar suas capacidades e mantê-las desafiadas.
E é aí que TDAH e superdotação se confundem. Como o déficit de atenção é observado muitas vezes na escola e tem impacto no desempenho em avaliações, crianças que não se interessam por alguma disciplina ou várias delas devido à facilidade que têm com o conteúdo podem indicar um diagnóstico incorreto.
Vale destacar que é possível que crianças possuam TDAH e superdotação comórbidos. A isso é dado o nome de dupla excepcionalidade. As pesquisas na área ainda são relativamente incipientes, o que causa um grande problema para o desenvolvimento das crianças. Normalmente, nesses casos, o diagnóstico do quadro clínico mais comum é feito sozinho.
Como consequência, crianças com TDAH e superdotação podem acabar tendo estímulos e terapias exclusivas do transtorno, se distanciando das suas potencialidades e ficando cada vez mais desmotivadas. Além disso, pessoas com AH/SD podem apresentar padrões de superexcitabilidade confundíveis a sintomas de TDAH, conforme indicam estudos que datam desde a década de 1930. Este artigo descreve esses padrões segundo contribuições de diversos pesquisadores. Confira!
- Psicomotora: manifesta-se em função do excesso de energia ou excitabilidade do sistema neuromuscular. São pessoas ativas, agitadas e impulsivas, entre outros sinais.
- Sensorial: uma vivacidade muito grande de experiências sensoriais. Pode aparecer com a reação desproporcional aos sentidos.
- Imaginativa: expressa no gosto por questões inusitadas ou facilidade em fantasiar e sonhar.
- Intelectual: demonstrado por meio da persistência curiosa por conhecimento e busca de respostas para problemas.
- Emocional forte apego a pessoas e outros seres vivos.
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