Para ajudar no controle e na organização das doenças, enfermidades, patologias e todos problemas relacionados à saúde, a OMS emite um documento de tempos em tempos, chamado de CID – Classificação Internacional de Doenças. Em 2022, o documento chega a sua 11° edição, conhecido como CID 11.
Nesse artigo você verá tudo que precisa saber sobre o documento, quando que ele foi desenvolvido, quando passa a valer, principais mudanças em relação ao CID 10, entre outros detalhes importantes.
O que é CID?
A sigla CID é referente a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde. De modo geral, essa classificação serve para padronizar e monitorar diferentes doenças ou então qualquer que seja o problema relacionado à saúde da população.
Essa classificação foi desenvolvida pela OMS (Organização Mundial da Saúde), principal órgão responsável pelas intervenções médicas no mundo todo. O CID ajuda a organizar dados e estruturas sobre países e suas populações, justamente através do registro de informações sobre a saúde, levando em consideração:
- Doenças;
- Problemas de saúde pública;
- Sinais;
- Sintomas;
- Queixas;
- Causas;
- Circunstâncias Sociais.
A CID é usada por médicos de todo o mundo, além de outros profissionais da saúde. O registro feito por profissionais que atuam na área da saúde possibilita uma padronização e o monitoramento necessário para entender o panorama da saúde de toda a população mundial.
Cada doença, distúrbio, transtorno ou problema relacionado à saúde possui uma classificação específica, ajudando nesse controle padronizado.
Essa classificação auxilia, por exemplo, na determinação de epidemias, endemias e pandemias, além de ajudar a controlar doenças que estão se espalhando rapidamente em determinada localidade.
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CID 10
Para entender mais sobre a CID-10, é importante explicar que a classificação sofre com mudanças ao longo do tempo, se adequando aos padrões encontrados durante o período em que a classificação está vigente.
A CID-10, por exemplo, que é justamente a décima versão do documento, foi aprovada em 1989 e entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 1993. No Brasil, o documento passou a ser utilizado apenas em 1996.
O documento foi desenvolvido pela OMS como uma medida para tentar controlar a mortalidade da época, rastreando os principais dados a respeito das mortes por doenças ou problemas relacionados à saúde no mundo todo.
Essa classificação esteve em vigor nas últimas décadas. Apenas em 2018 a OMS desenvolveu o novo documento, a CID 11, que passa a valer a partir do início de 2022.
CID 11
A CID 11 é o décimo primeiro documento da CID desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde. Ele foi apresentado e lançado no dia 18 de junho de 2018. Após 4 anos de adaptação por parte de todos os países do mundo, o documento está em vigor desde o dia 1° de janeiro de 2022.
O documento contém a classificação de mais de 55 mil códigos, registrando lesões, doenças e causas de morte.
A atualização do documento trouxe algumas mudanças importantes, por exemplo dados a respeito da COVID-19, doença causada pelo coronavírus e que gerou a maior pandemia dos últimos 100 anos no mundo todo.
Essa atualização do documento é fundamental para que as principais organizações de saúde do planeta consigam se manter atualizadas com as informações referentes às principais doenças que afetam a população.
Muitas das informações que existiam na década de 90, como sintomas, sinais e causas das doenças, já não são as mesmas que existem atualmente. Isso acontece pois, essencialmente doenças virais, são modificadas com o passar do tempo, visto que, os vírus sofrem mutações constantes.
Autismo e a CID 11
Uma das atualizações mais importantes e interessantes da CID 11 está relacionada ao TEA (Transtorno do Espectro autista) ou autismo.
Anteriormente, no CID 10, a classificação referente ao autismo era totalmente dividida, utilizando como código principal F.84. Na sequência, você observa como eram referidos as doenças relacionadas ao autismo:
F84 – Transtornos globais do desenvolvimento (TGD)
- F84.0 – Autismo infantil;
- F84.1 – Autismo atípico;
- F84.2 – Síndrome de Rett;
- F84.3 – Outro transtorno desintegrativo da infância;
- F84.4 – Transtorno com hipercinesia associada a retardo mental e a movimentos estereotipados;
- F84.5 – Síndrome de Asperger;
- F84.8 – Outros transtornos globais do desenvolvimento;
- F84.9 – Transtornos globais não especificados do desenvolvimento.
A partir do desenvolvimento do CID -11 todas essas categorias foram unificadas e padronizadas em uma só, que se referem justamente ao TEA (Transtorno do Espectro Autista). Essa ideia visa facilitar os diagnósticos de transtornos relacionados ao autismo, que antes sofriam com a dificuldade da falta de padronização e, consequentemente, com uma certa dificuldade para efetuar um diagnóstico preciso.
Dessa maneira, a alteração foi feita na CID 11 e agora o TEA é representado pela categoria 6A02, sendo que as subcategorias existem apenas para diferenciar os prejuízos na linguagem funcional e deficiência intelectual. Confira:
6A02 – Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
- 6A02.0 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional;
- 6A02.1 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional;
- 6A02.2 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada;
- 6A02.3 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada;
- 6A02.5 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional;
- 6A02.Y – Outro Transtorno do Espectro do Autismo especificado;
- 6A02.Z – Transtorno do Espectro do Autismo, não especificado.
Com isso, a partir da CID 11, a categoria do TEA inclui transtornos que antes eram avaliados de formas diferentes, como a Síndrome de Asperger, por exemplo.
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TDAH na CID 11
Outra mudança importante no CID 11 é a inclusão do Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) na categorização dos principais transtornos existentes. Esse transtorno não estava especificado no CID 10, mostrando a necessidade da atualização do documento. Confira como era antes e como ficou atualmente:
CID 10 TDAH
F90 – Transtornos Hipercinéticos
- F90.0 Distúrbios da atividade e da atenção;
- F90.1 Transtorno hipernético de conduta;
- F90.8 Outros transtornos hipercinéticos;
- F90.0 Transtorno hipercinético não especificado.
Cid 11 TDAH
6A05 – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
- 6A05.0 – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade predominante desatento;
- 6A.05.1 – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade predominantemente hiperativo-impulsivo;
- 6A05.2 – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, apresentação combinada;
- 6A05.Y – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, outra forma de apresentação;
- 6A05.Z – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, apresentação não especificada;
Game disorder
O vício em jogos é mais uma categoria de suma importância, e que também sofreu alterações conforme a efetivação da CID 11. O Game Disorder – Transtorno dos jogos eletrônicos passou a ser observado com outros olhos no novo documento.
Na CID 11, a Game Disorder é definida como um “padrão de dependência dependência causado pelos jogos eletrônicos, caracterizado pelo comportamento obsessivo em relação aos jogos, suprimindo qualquer outro interesse ou atividades que não sejam os games, prejudicando a saúde física e mental do portador do transtorno”.
Para se categorizar um transtorno compulsivo em relação aos jogos eletrônicos, a pessoa precisa ser observada por um período de 12 meses. Se durante esse tempo o impacto do vício afetar a vida social, familiar, educacional e profissional, pode ser incluído nessa categoria.
Atualmente, a categorização do distúrbio pelos jogos é representada pelo código 6C51, possuindo algumas subcategorias. Confira:
CID 11 – Distúrbios de jogo
6C51 – Distúrbio de jogo
- 6C51.0 – Distúrbio de jogos, predominantemente online;
- 6C51.1 – Distúrbio de jogo, predominantemente offline;
- 6C51.Z – Distúrbio de jogo, não especificado;
- 6C5Y – Outros transtornos especificados devido a comportamentos aditivos;
- 6C5Z – Transtornos devidos a comportamentos aditivos, não especificados.
Preciso atualizar meus laudos já?
Muitos médicos e profissionais da saúde estão se perguntando atualmente: preciso atualizar meus laudos de forma imediata para me adequar ao CID 11?
Bom, não exatamente. Assim como o processo para que o CID 10 chegasse no Brasil demorasse cerca de 4 anos, o mesmo deve ocorrer nos dias atuais. Todo esse processo de mudança aqui no país leva em torno de 3 a 4 anos para ser concretizado.
Dessa forma, é importante que você esteja atento, fazendo as mudanças que são necessárias, mas sem pressa.
Conclusão
Como vimos, o CID é um documento de suma importância para o controle das doenças pelo mundo todo. De tempos em tempos ele é atualizado. Em 2018 foi aprovado o documento que passou a valer no primeiro dia de janeiro de 2022, o CID 11. O documento trouxe algumas mudanças importantes em relação ao anterior, principalmente na relação com transtornos, como autismo, déficit de atenção e vício em jogos.
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