Existe teste de síndrome de Asperger?

teste de síndrome de asperger - criança autista brincando
Paulinha Psico Infantil

Paulinha Psico Infantil

Olá, sou a Paulinha, psicóloga infantil com foco em transtornos do neurodesenvolvimento. Crio conteúdos na internet desde 2015 e ajudo milhares de mães e outras profissionais da área todos os dias aqui e em minhas redes sociais.

A síndrome de asperger é um termo antigo, anteriormente utilizado para o TEA – Transtorno do Espectro Autista. Deixando um pouco de lado a classificação, se está correta ou não, pelo menos por enquanto, é importante entender que existe esse transtorno e que também existe teste de síndrome de asperger, porém, sem essa nomenclatura específica.

TEA

teste de síndrome de asperger - menina com sindrome de down

Você já ouviu falar em TEA? Bom, essa sigla é referente ao Transtorno do Espectro Autista. Nessa sigla estão caracterizados todos os transtornos que têm relação com o autismo, ou seja, um grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem.

No nosso blog você identifica uma série de artigos que debate sobre o TEA, quais são seus graus, formas de diagnóstico, a presença no sexo masculino e feminino, os testes de avaliação, entre outros assuntos importantes.

CID e DSM

teste de síndrome de asperger - menino brincando com adultos

Para classificar os transtornos em nomenclaturas específicas para os diagnósticos de pacientes em consultórios psicológicos, aqui no Brasil se utiliza duas referências principais: Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) e a Classificação Internacional de Doenças (CID).

Essas duas referências são fundamentais para que transtornos e outras condições psicológicas, que afetam diretamente a saúde mental da população, sejam classificadas, o que facilita a identificação, diagnóstico e tratamento.

Existe síndrome de asperger?

teste de síndrome de asperger - menino e terapeta brincando

Falando em classificação de transtornos, muitos ainda se perguntam se existe ou não síndrome de asperger. Bom, a resposta é simples: não existe

Durante muito tempo esse transtorno era categorizado separadamente de outras condições do autismo. Mas, atualmente é considerado um termo antigo. Ele foi oficialmente incluído no léxico médico 1981, depois da psiquiatria britânica Lorna Wing popularizar o trabalho da tese de Asperger de 1944.

Entretanto, atualmente todo o diagnóstico e teste de síndrome de asperger se enquadra na mesma categoria do TEA. Ou seja, seu paciente não é “asperger”, nem seu filho, ele é autista. O espectro é bem amplo para podermos classificar todos sobre um mesmo “guarda-chuva” do autismo.

E como faço para realizar o teste de síndrome de asperger?

criança brincando com terapeuta

Bom, mas se não existe mais essa nomenclatura específica, como que os psicólogos fazem para realizar o teste de síndrome de asperger? A resposta também é simples: utilizando os testes disponíveis para testagem de TEA.

Testando para saber se a criança é autista ou não, você consegue identificar da mesma maneira, como se fosse realizado de fato um específico teste de síndrome de asperger. Para saber mais sobre todos os testes de autismo que são utilizados pela classe de psicólogos, acesse esse link e confira.

Mas, para não deixar vocês na mão, falaremos de alguns dos principais teste de síndrome de asperger que são também testes de autismo. 

CARS

No teste de autismo CARS, são avaliados 3 pontos principais, que são relativos a características comportamentais das pessoas. São eles:

  1. Desenvolvimento social;

2. Distúrbio da linguagem e habilidades cognitivas;

3. Início precoce do transtorno, antes dos 30 meses de idade.

Essa escala é composta por 15 itens, e todos eles são utilizados para avaliar a condição das crianças, somando pontuações que dão o resultado final determinado.

A pontuação varia de 15 a 60 pontos, sendo que, caso a criança atinja uma pontuação maior que 37,5, é considerado que ela possui o autismo de forma grave. 

 M-CHAT

O teste é elaborado para triagem do autismo, para que os pais encaminhem seus filhos para especialistas. Na escala, existem três riscos definidos: baixo, moderado e alto risco. A pontuação atingida, 0 a 2 para baixo, 3 a 7 para moderado e 8 a 20 para alto risco, definem as próximas etapas que os pais devem seguir.

A pontuação de baixo risco indica que o paciente provavelmente não desenvolveu a condição do TEA, mas é importante repetir o teste caso ele seja feito antes dos 24 meses de idade.

O risco moderado representa que os pais devem seguir com outras etapas de teste, como a entrevista de seguimento. Nesse caso, se a criança tiver um resultado equivalente ou maior que 2, ele deve ser encaminhado para algum especialista da área. 

Já no alto risco, não há necessidade da realização dessa entrevista. Caso o paciente atinja a pontuação desse padrão, ele deve ser encaminhado diretamente para um especialista que confirmará o diagnóstico e definirá o melhor tratamento para cada situação. 

ADOS-2 

ADOS-2 (Protocolo de Observação Para Diagnóstico de Autismo) é uma avaliação estruturada e padronizada, utilizando ferramentas como interações sociais e jogos, ou o uso criativo de diversos objetos para as crianças que estão em observação. 

Deve ser aplicada para crianças a partir de 3 anos de idade.  O principal objetivo desse teste é observar as características que têm relação com o DSM-V, dentro das áreas: interação social, comunicação social e linguagem, comportamentos repetitivos e/ou estereotipados.

Através de um roteiro pré estipulado, o especialista designa 8 tarefas para os pacientes, seja criança ou adulto. A partir daí, existe uma tabela para definir se o paciente possui ou não o TEA.

A duração do teste é de cerca de 30 minutos, sendo que a realização dos jogos varia de acordo com a idade e o desenvolvimento do paciente.

Por fim, a classificação geral do diagnóstico é dividida em 3 pontuações:

0 = dentro dos limites;

1 = anormalidade rara ou possível;

2 = anormalidade clara.

PROTEA-R

O é uma avaliação de autismo que funciona através de aplicações de brincadeiras com as crianças, buscando identificar se esses pacientes possuem ou não o transtorno do espectro autista.

É um teste com padronização brasileira e indicado para crianças entre os 24 meses aos 60 meses de idade, essencialmente as crianças que não se comunicam de forma natural e possuem transtornos que podem indicar a presença do TEA. 

Aspie Quizz

http://www.rdos.net/br/

Um link para avaliação informal de diagnóstico de autismo, geralmente usada para adultos. Se você é pai ou mãe de uma criança autista, recomendo que realize esse teste também.

Avaliação clínica

menino tentando prestar atenção

É importante entender que o teste de síndrome de asperger ou teste de autismo não proporciona um exame tradicional como para determinar doenças corporais. A psicologia, incluindo a identificação do autismo, utiliza a observação e avaliação clínica como principal maneira para diagnosticar os diferentes tipos de transtornos na população.

Os conceitos principais para que essa avaliação e observação sejam efetuadas, juntamente com o teste de síndrome de asperger, estão descritos no  Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição (DSM-V).  

Quais são os conceitos de observação para teste de síndrome de asperger?

criança com autismo chorando

Bom, identificando que os conceitos de observação para teste de síndrome de asperger ou teste de autismo estão descritos no DSM-V, é importante também entender quais são esses conceitos. 

De acordo com o livro DSM-V, os principais conceitos para diagnóstico e teste de síndrome de asperger são:

 Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia 

 1. Déficits na reciprocidade sócio emocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais.

 2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal.

 3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares.Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões de comportamento restritos e repetitivos

 B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia.

 1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases idiossincráticas).

 2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente).

 3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos).

 4. Hiper ou hipo reatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou

texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento). Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões restritos ou repetitivos de comportamento

 C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida).

D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente.

E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a

Além disso, o manual também descreve que “o  transtorno do espectro autista engloba transtornos antes chamados de autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger.”

Níveis do TEA

menina feliz brincando

É importante entender também que existem diferentes níveis de TEA e que a síndrome de asperger, identificada por teste de síndrome de asperger, atualmente se enquadra em um desses níveis. O DSM-5 também informa quais são esses níveis e como eles são caracterizados:

Nível 1 – “Exigindo apoio” 

Nível de gravidade Comunicação social Comportamentos restritos e repetitivos Na ausência de apoio, déficits na comunicação social causam prejuízos notáveis. Dificuldade para iniciar interações sociais e exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais dos outros. Pode parecer apresentar interesse reduzido por interações sociais. Por exemplo, uma pessoa que consegue falar frases completas e envolver-se na comunicação, embora apresente falhas na conversação com os outros e cujas tentativas de fazer amizades são estranhas e comumente malsucedidas.

Inflexibilidade de comportamento causa interferência significativa no funcionamento em um ou mais contextos. Dificuldade em trocar de atividade. Problemas para organização e planejamento são obstáculos à independência.

Nível 2 “Exigindo apoio substancial”

Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal; prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio; limitação em dar início a interações sociais e resposta reduzida ou anormal a aberturas sociais que partem de outros. Por exemplo, uma pessoa que fala frases simples, cuja interação se limita a interesses especiais reduzidos e que apresenta comunicação não verbal acentuadamente estranha. Inflexibilidade do comportamento, dificuldade de lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos aparecem com frequência suficiente para serem óbvios ao observador casual e interferem no funcionamento em uma variedade  de contextos. Sofrimento e/ou dificuldade de mudar o foco ou as ações.

Nível 3 “Exigindo apoio muito substancial” 

Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal causam prejuízos graves de funcionamento, grande limitação em dar início a interações sociais e resposta mínima a aberturas sociais que partem de outros. Por exemplo, uma pessoa com fala inteligível de poucas palavras que raramente inicia as interações e, quando o faz, tem abordagens incomuns apenas para satisfazer as necessidades e reage somente a abordagens sociais muito diretas. Inflexibilidade de comportamento, extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos interfere acentuadamente no funcionamento em todas as esferas. Grande sofrimento/dificuldade para mudar o foco ou as ações. 

Conclusão

Podemos concluir com o artigo que não existe mais essa classificação de síndrome de asperger e que não existe mais um teste de síndrome de asperger específico. Atualmente, tudo está englobado, de acordo com o DSM-5, na categoria do TEA (Transtorno do Espectro Autista). 

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