Estereotipias no autismo

Descubra se deixar a criança chorar faz bem ou não!
Paulinha Psico Infantil

Paulinha Psico Infantil

Olá, sou a Paulinha, psicóloga infantil com foco em transtornos do neurodesenvolvimento. Crio conteúdos na internet desde 2015 e ajudo milhares de mães e outras profissionais da área todos os dias aqui e em minhas redes sociais.

Você já ouviu falar em estereotipias no autismo? Bom, esse é um conceito muito debatido e difundido na área médica e de psicólogos, também muito utilizado no debate sobre crianças que possuem distúrbios neurológicos, essencialmente o autismo.

Nesse artigo, veremos tudo o que você precisa saber sobre as estereotipias no autismo, o que são, como identificá-las, para que servem, como trabalhar em cima disso e muito mais.

O que são estereotipias no autismo?

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De modo geral, estereotipias no autismo estão relacionadas ao comportamento repetitivo de pessoas autistas. Ou seja, quando as crianças realizam alguns comportamentos que se repetem, muitas vezes ritualísticos, sem motivo aparente*, seja na fala ou na movimentação do corpo, essas ações são classificadas pela classe médica como estereotipias.

*não significa que não tenha motivo, porém, muitas vezes demoramos para compreender a função dela.

Esse conceito é atribuído, principalmente, para pessoas que possuem algum distúrbio neurológico ou psicológico. Nesse caso, as estereotipias no autismo é um comportamento bastante característico, sendo isso, inclusive, um dos sinais que aparecem no DSM-V como critérios diagnósticos para TEA (Transtorno do Espectro do Autismo).

Por isso, caso você identifique que seu filho(a) está realizando certas movimentações repetitivas, elas podem ter relação com o TEA.

No link a seguir, você pode conferir um conteúdo exclusivo de outros sintomas e características específicas das crianças autistas, sendo uma forma importante para identificar se seus filhos se enquadram nessa condição. Clique aqui para saber mais sobre o diagnóstico de autismo.

Nesse post temos os principais sintomas de autismo leve.

E ainda, nesse temos uma lista de testes importantes para o diagnóstico de autismo.

Para que servem as estereotipias?

Entendendo o que são estereotipias no autismo, fica mais fácil compreender para o que elas servem e o por que das crianças autistas realizarem esses movimentos repetitivos.

Segue uma lista de alguns movimentos comuns conhecidos como estereotipias ou stims:

  • balançar os braços para cima e para baixo – “flapping”
  • passar objetos em frente aos olhos
  • balançar o corpo para frente e para trás
  • rodar objetos
  • pulos repetitivos com braços para cima
  • andar em círculos
  • movimentos diferentes com a mão ou os dedos das mãos
  • alinhar objetos
  • balbulcios
  • sons repetidos
  • frases ou barulhos repetidos

De acordo com especialistas, as estereotipias no autismo surgem, principalmente, quando as crianças recebem uma série de estímulos.

Essa resposta é natural das crianças que possuem o TEA, pois é uma das formas que elas encontram de se reorganizar e processar os estímulos que recebeu, conseguindo encontrar um movimento que a ajuda nesse processo de organização emocional e corporal.

Ainda, já foram relatados muitos casos de pessoas que são autista, e que afirmaram que essas estereotipias é muito importante, pois além de ajudar no controle dos sentimentos, é uma forma de relaxamento, aumento da concentração e alívio da ansiedade.

Sabe quando você está nervosa e rói as unhas? Se sente ansiosa e enrola os cabelos ou fica tremendo as pernas? Ou ainda balança os pés repetidas vezes? Essas também são formas de auto-regulação que os neurotípicos usam mas não percebem pois acaba sendo mais “comum”.

No autismo, o que acontece é que os movimentos são diferentes da maioria das pessoas, e isso pode causar estranhamento dos outros. Mas nesse momento temos que conscientizar as pessoas que, se o movimento não faz mal à criança nem aos outros ao redor dela, não tem porque nos preocuparmos.

Devo bloquear meu filho de fazê-las?

Teste de Superdotação Infantil: Conheça os Mais Utilizados

Na grande maioria das situações, os pais não devem bloquear os seus filhos de realizarem essas estereotipias, pois podem acabar piorando ainda mais a situação e dificultando o controle sensorial e emocional das crianças.

Entretanto, existem alguns casos em que os pais precisam ficar mais atentos, não exatamente para bloquear, mais para regular e controlar melhor a situação, como em dois casos importantes, na auto agressividade ou na heteroagressividade.

A auto agressividade, relacionado às estereotipias no autismo, é quando as pessoas realizam esses movimentos repetitivos, mas de forma agressiva, com o intuito de se auto machucar, não é um movimento consciente de se machucar, mas é o que o corpo delas conseguiu criar. Porém, não pode ser autorizado pois elas podem realmente se machucar e só sentir a dor depois que a crise passou.

Já a heteroagressividade está relacionado ao comportamento do mundo externo, ou seja, a reprodução das estereotipias, com base na heteroagressividade, pode significar que as crianças executam esses movimentos com o intuito de mostrar gestos agressivos ou até machucar outras pessoas ao redor, como batendo ou mordendo sem controle.

Ainda, a atenção precisa ser redobrada caso essas estereotipias fujam do controle, ou seja, quando as crianças ficam estereotipando o dia inteiro, sem controle algum dos movimentos que estão fazendo. Isso pode acabar atrapalhando e muito o desenvolvimento das crianças em diversas áreas, por isso é importante que exista esse controle.

O que posso fazer para ajudar?

Quais são os transtornos parecidos com autismo?

Como vimos, bloquear as estereotipias no autismo não é a solução mais interessante, pois pode gerar problemas para o desenvolvimento e controle emocional dos seus filhos.

Identificando quais são as estereotipias no autismo do seu filho(a), o próximo passo é procurar um profissional especializado para te ajudar a entender o que pode estar levando a criança a realizar esses movimentos. 

Se faz necessário um estudo de cada caso e cada situação, pois cada pessoa encontra uma forma diferente de responder ao ambiente, e é aí que a gente precisa pesquisar o porque daquele comportamento repetitivo.

Nesse caso, os profissionais mais recomendados para identificar esse padrão comportamental, trabalhando em cima disso e buscando entender o por que eles efetuam essas estereotipias no autismo, são os terapeutas ocupacionais especializados em integração sensorial ou uma psicóloga especialista em autismo.

As estereotipias te incomodam ou incomodam seu filho?

Mães de autistas: Entenda tudo que você precisa saber sobre seu filho.

Pais ou mães que possuem filhos autistas, e percebem esse tipo de comportamento nos seus filhos, vocês já pararam para fazer essa reflexão? Se essas estereotipias incomodam vocês ou se realmente atrapalham o seu filho?

Bom, como vimos, muitas vezes as estereotipias no autismo é um comportamento importante para as crianças autistas, pois ajuda elas a compreender suas próprias sensações e seus próprios sentimentos, sendo a principal forma que elas têm para controlar os estímulos constantes que ela recebe. 

Ainda, em muitos casos, é prazeroso e relaxante, não incomodando diretamente as pessoas que realizam as estereotipias.

Se em muitos casos, a reprodução das estereotipias pode fazer bem para os filhos, por que os pais acabam bloqueando ou reprimindo essas ações? Por que elas incomodam tanto assim?

Essa é uma pergunta que todos devem se fazer e refletir sobre isso. E a resposta pode estar muito ligada à sociedade de modo geral, principalmente sobre como as pessoas que não vivem em contato direto com pessoas autistas ou com outros transtornos neurológicos associam esses comportamentos a uma coisa “errada”.

A sociedade de modo geral acaba realizando essa cobrança normativa, em que as pessoas precisam se submeter a um padrão comportamental. 

Quando não a fazem, acabam sendo excluídas. É inclusive por isso que muitas crianças que reproduzem as estereotipias acabam sofrendo bullying durante o período escolar, pois essa cobrança acaba passando para as crianças, que acabam não vendo com bons olhos a reprodução desses movimentos repetitivos.

Mas você já parou para pensar que, mesmo as pessoas que não são autistas, acabam reproduzindo algumas estereotipias, ainda que de forma mais controlada? Existem diversos exemplos disso, tais como: balançar a perna, enrolar o cabelo, estalar os dedos ou pescoço, pular/dançar quando se comemora algo feliz, entre outros.

Esses são só alguns exemplos de movimentos ou ações que a grande maioria das pessoas reproduzem, mesmo que involuntariamente, e são comportamentos que não acabam sendo questionados ou reprimidos pela sociedade.

Portanto, é importante refletir e debater essas questões, pois ser neurodivergente em uma sociedade neurotípica já é bastante desafiador, ainda mais quando não se pode ser quem é, com as pessoas constantemente tentando te mudar. Portanto, temos que aprender a respeitar a forma de ser de cada pessoa.

Bloquear as estereotipias no autismo, que é uma forma de compreensão e controle sensorial, não parece ser a melhor solução, ainda mais que muitas pessoas reproduzem esses movimentos mesmo não possuindo qualquer tipo de transtorno do neurodesenvolvimento.

Conclusão

As estereotipias no autismo são discutidas continuamente, mas ainda há muito o que aprender sobre esse assunto, principalmente os pais que possuem filhos autistas e que reproduzem essas estereotipias. Como vimos no artigo, existe uma pressão social que dificulta a compreensão das estereotipias, que acabam fazendo com que os pais muitas vezes bloqueiem esses comportamentos. Entretanto, como vimos também, é um momento importante para os autistas, pois as estereotipias ajudam a controlar suas emoções e sensações do corpo.

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Caso queira entender um pouco mais sobre autismo em meninas, você poderá entrar nesses dois posts: post 1post 2.

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