Dependendo da educação e da personalidade de uma criança, comportamentos rebeldes, inconvenientes e desafiadores podem ser muito comuns, ainda mais nos primeiros estágios do amadurecimento. No entanto, existe uma linha que separa atitudes que podem ser consideradas normais de um comportamento opositor na infância que passa a ser um transtorno disruptivo, que é o caso das crianças que sofrem do Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD). 

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O que é o Transtorno Opositor-Desafiador?

Listado entre os transtornos disruptivos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o TOD é uma condição caracterizada por comportamentos desrespeitosos, rebeldes, vingativos e rancorosos acima do normal para crianças, adolescentes ou até mesmo adultos. 

As principais características de crianças com o Transtorno Opositivo-Desafiador envolvem comportamentos que, muitas vezes, podem ser considerados apenas como falta de educação ou birra, o que dificulta a obtenção de um diagnóstico, até porque muitas vezes os próprios pais não desconfiam que pode se tratar de comportamento opositor na infância. Por isso é tão importante conhecer bem os sintomas e sinais que podem indicar a presença do TOD. 

Além da dificuldade em perceber o transtorno, existe outro fator que é importante de se considerar para que se perceba a presença dessa condição o mais rápido possível: assim como todos os transtornos presentes no DSM-5, o tratamento para o Transtorno Opositor-Desafiador é muito mais eficiente quando começa cedo. 

O cérebro humano desenvolve cerca de 90% das conexões cerebrais, que se manterão até o fim da vida da pessoa, até os seis anos de idade. É por isso que as crianças aprendem outras línguas muito mais facilmente quando são novas, por exemplo, e é também por isso que qualquer intervenção para problemas emocionais, comportamentais e vários outros têm mais efeito quando aplicados na primeira infância. 

Um outro fator que torna muito importante perceber logo cedo os sinais é que o Transtorno da Conduta (muito mais prejudicial já que envolve, muitas vezes, agressões e violência contra pessoas e animais) geralmente é precedido pelo Transtorno Opositivo-Desafiador. Isso não significa que quem tem o TOD geralmente desenvolve o Transtorno de Conduta, apenas que, se o indivíduo vai desenvolver o Transtorno de Conduta, muito provavelmente vai passar antes pelo TOD e seria um momento muito melhor para uma intervenção. 

Além disso tudo, uma criança com TOD pode desenvolver comorbidades como algum transtorno de ansiedade e depressão. Então, é de extrema importância reconhecer quando a birra ou “malcriação” do pequeno passou dos limites e está sinalizando a presença do comportamento opositor na infância. Vamos ver, então, como identificar o TOD em crianças.

Sintomas do comportamento opositor na infância

O DSM-5 lista oito possíveis sinais de que uma pessoa pode ter o Transtorno Opositivo-Desafiador. Para que o diagnóstico seja dado, é preciso que o indivíduo apresente pelo menos quatro sintomas da lista por mais de seis meses nas interações com pelo menos uma pessoa que não seja um irmão. Vamos ver a lista: 

• Perde a calma com frequência;
• É sensível ou facilmente incomodado com frequência;
• Com frequência é raivoso e ressentido;
• Frequentemente questiona figuras de autoridade ou adultos (no caso de crianças e adolescentes);
• Desafia ou se recusa a obedecer regras ou pedidos de figuras de autoridade;
• Incomoda outras pessoas de propósito;
• Frequentemente culpa os outros por seus erros ou mau comportamento;
• Foi malvado ou vingativo pelo menos duas vezes nos últimos seis meses.

Birra ou TOD?

Como pudemos ver na lista acima, muitos comportamentos que podem de fato sinalizar uma falta de educação ou até birra por parte da criança estão presentes entre os sintomas do comportamento opositor na infância, ou Transtorno Opositor-Desafiador. No entanto, o Manual Diagnóstico deixa bem claro que a situação é diferente quando esses comportamentos aparecem juntos e duram mais do que seis meses. É aí que os pais ou cuidadores devem suspeitar do TOD. 

É claro que, além de preencher os requisitos acima, outro fator que deve ser considerado é a presença de outros transtornos. Pode ser que uma criança com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade que tenha alguma comorbidade apresente os sintomas apontados, e é por isso que um profissional deve ser consultado. A lista de sintomas é importante para que os pais fiquem atentos e, caso suspeitem da presença do TOD, procurem um psicólogo, neuropediatra ou psiquiatra infantil que possa realizar o diagnóstico com mais certeza. 

As possíveis causas do comportamento opositor na infância

Muitos fatores podem influenciar o aparecimento do TOD na infância. Muitos deles são questões sociais e familiares, já que, segundo o próprio DSM-5, crianças que vivem em um lar onde acontece violência, os pais são agressivos ou têm algum transtorno, a possibilidade de que a criança desenvolva o Transtorno Opositivo-Desafiador é maior.

Apesar de vários fatores serem considerados influentes no aparecimento do TOD, não existe uma causa específica para o aparecimento do transtorno. Sendo assim, só é possível buscar quais são esses fatores que criam o perigo da pessoa desenvolver o comportamento opositor na infância. 

Famílias onde os pais são muito explosivos, xingam muito, são agressivos e vivem brigando formam um ambiente propício para o surgimento do TOD, como vimos acima. Além disso, crianças e adolescentes que têm muitos cuidadores diferentes o tempo todo e crianças que sofrem de cuidados inconsistentes ou negligentes estão entre as mais propensas a desenvolver o comportamento opositor na infância.

Como uma criança com TOD pensa

• Não tem noção de hierarquia: geralmente se acha no mesmo nível de figuras de autoridade como os pais ou professores, por isso debate e desafia;
• Se vêem como centro das coisas: se recusam a receber conselhos e aprender com a experiência dos outros, acha que o que pensa sempre está certo;
• Gostam de ser “do contra”: vão desejar, falar e defender coisas contrárias ao que os pais (ou outras figuras de autoridade) querem, falam ou defendem, apenas para contrariar.

Gostou das dicas? É muito importante conhecer os transtornos e seus sintomas, já que o pequeno só pode se beneficiar de um diagnóstico precoce. Por isso, que tal dar uma olhada nos outros textos do blog? Você também pode aprender muito me seguindo no Instagram e conferindo meu canal no YouTube!