O transtorno opositor desafiador, ou TOD, também chamado de transtorno desafiador opositivo, é caracterizado por comportamentos de falta de controle, irritabilidade, teimosia e desobediência, normalmente acometendo crianças. Não necessariamente esses comportamentos incluem violência física ou afetam negativamente a individualidade de outras crianças.
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Durante o amadurecimento, é comum que crianças tenham fases mais rebeldes, tendo comportamentos que poderiam ser entendidos como TOD. Também existem elementos de personalidade que também podem ter características de oposição. Porém, quando esses comportamentos ultrapassam alguns limites, afetam o desempenho acadêmico e a sociabilidade de maneira recorrente, trazendo prejuízos para a criança, esses comportamentos podem indicar sintomas parte do transtorno opositor desafiador.
Essas crianças, por muitas vezes, são vistas como aquelas de “comportamento difícil” e acabam sendo isoladas de círculos de amigos e do convívio com a família, levando a outras complicações. Vem comigo entender melhor como o TOD acontece e como podemos auxiliar a criança e sua família a recuperarem sua qualidade de vida.
Características do transtorno opositor desafiador
A recorrência é o principal ponto no diagnóstico do TOD. Os comportamentos vistos como negativos devem apresentar um padrão e persistir por seis meses ou mais, além de interferirem no desempenho social e acadêmico.
O comportamento normalmente é direcionado a pessoas em posição de autoridade, como os pais, avós, professores e outros adultos que assumam esse papel na concepção da criança. Com essas pessoas, as crianças se mostram muito mais desafiadoras, com volatilidade em seus comportamentos, explodindo com facilidade.
Crianças com transtorno opositor desafiador desafiam ativamente as regras e instruções a ela determinadas, perdendo a calma em situações aparentemente de simples resolução, além de culpar outras pessoas pelas ações a ela apontadas. Isso leva a crer que exista uma crueldade por trás das ações, uma vez que elas sempre tentam se livrar da “culpa”, o que não é verdade.
Quais os principais sintomas do transtorno opositor desafiador?
Definir quais são os comportamentos negativos que, em sua recorrência, levam ao diagnóstico do TOD é extremamente importante para se identificar corretamente o transtorno. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), publicado pela American Psychiatric Association, define três principais critérios diagnósticos:
- Irritabilidade e humor raivoso: caracterizado pela facilidade e frequência em perder a paciência, em especial quando incomodado por outras pessoas. Apresenta grande sensibilidade na relação com outras pessoas, principalmente quando se sente frustrado. A irritabilidade é acompanhada de raiva, além de ressentimento com as pessoas que a causaram.
- Comportamento argumentativo e desafiador: inicia facilmente discussões agressivas com pessoas em posição de autoridade, desafiando regras e pedidos realizados, se recusando ativamente a realizar esses pedidos. Também irrita e perturba ativamente outras pessoas, além de culpabilizar outros por seus erros e comportamento.
- Vingança: a pessoa com TOD é ocasionalmente rancorosa e vingativa, não praticando o perdão.
Quais as diferenças do TOD para outros transtornos?
É bastante comum o transtorno opositor desafiador ser confundido com transtornos de déficit de atenção, autismo, ou de conduta. Porem o TOD é um transtorno independente, com características próprias e uma conduta de intervenção diferenciada. O que pode acontecer é, a criança possuir mais de um diagnóstico, por exemplo: “TDAH e TOD” ou “TEA e TOD”.
Crianças com TOD, ao contrário daquelas que possuem transtornos de conduta, são bastante emotivas, e possuem consciência de certo e errado, além de ter discernimento de considerar se suas ações são positivas ou negativas. Além disso, elas sentem remorso após suas atitudes, tendo consciência delas e empatia com quem sofreu negativamente por conta disso.
Na investigação para o diagnóstico do transtorno opositor desafiador, também é importante buscar identificar depressão ou transtornos de ansiedade, uma vez que existem sintomas semelhantes entre essas condições. Por exemplo, a depressão infantil tem como sintoma recorrente a irritabilidade, que deve ser compreendida em seu contexto e no histórico emocional do paciente, além de entendida junto aos sintomas adicionais para se obter o diagnóstico mais preciso.
Entretanto, o TOD pode estar associado a outros transtornos, aumentando a complexidade da identificação correta. Existem diversas evidências da correlação da ocorrência do TOD com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, o TDAH. Também é observado alguma relação com o transtorno do espectro autista e com outros transtornos de humor, sendo importante avaliar a frequência da irritabilidade para determinar o diagnóstico.
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Quem pode diagnosticar o transtorno opositor desafiador?
Os pais e professores serão, em geral, os primeiros a identificar comportamentos que levem ao diagnóstico do TOD. Ao se levantar a suspeita, é importante procurar um psicólogo infantil. Como especialista, ele será capaz de avaliar a recorrência e intensidade dos comportamentos apresentados, podendo estabelecer a melhor estratégia de tratamento.
A família pode ajudar muito a criança com diagnóstico de transtorno opositor desafiador. Em especial, o contato com a equipe pedagógica do ambiente em que a criança está inserida é bastante importante para auxiliar a criança. Essa equipe não pode realizar o diagnóstico.
Quais são os tratamentos e terapias para o TOD?
O tratamento do transtorno opositor desafiador deve ser multidisciplinar, com a terapia comportamental ocupando um papel principal no tratamento.
A terapia cognitivo comportamental – TCC, por ser focada na mudança de comportamento, tende a ter maior efetividade por lidar diretamente com as formas com que a criança entende e expressa suas emoções. Ao promover a racionalidade das reações emotivas, reforçando o autocontrole, a criança é incentivada a observar e controlar seus comportamentos.
Eu já falei algumas dicas para intervenção na criança com TOD aqui. Você pode entender mais sobre como trazer os elementos da TCC para a criança com TOD, como a prática da psicoeducação e autoconhecimento, além do desenvolvimento de um trabalho de psicoeducação das emoções e funções executivas.
A importância da presença da família
Há uma importância essencial da família no tratamento do TOD. Os pais devem participar ativamente do processo terapêutico, reforçando os comportamentos. Eles também devem estar dispostos a fazer mudanças comportamentais enquanto família, uma vez que o ambiente familiar influencia diretamente o comportamento das crianças.
A postura dos pais, portanto, é um elemento importantíssimo para o tratamento da criança com TOD. Os pais devem encontrar maneiras de repreender e educar seus filhos adequados ao perfil da criança. O diálogo, aliado a estímulos positivos, ajuda no controle das emoções. Como a reincidência do TOD é elevada, manter esses comportamentos positivos ao longo do tempo será de vital importância para o desenvolvimento da criança.
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Conclusão
Essas foram algumas informações básicas sobre o transtorno opositor desafiador e como abordá-lo na clínica. O meu objetivo é ajudar você, psicólogo, a ter uma visão renovada sobre esse transtorno e ter novas ideias de como poder auxiliar melhor os seus pacientes.
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