A escola é um ambiente indispensável para o bem-estar e para o desenvolvimento das crianças, é o espaço no qual eles desenvolvem as primeiras habilidades sociais e emocionais para além do núcleo familiar. Porém, nem sempre a experiência atende às nossas expectativas, e a presença de transtornos emocionais da escola acaba por encontrar seu espaço.
Um ser humano em desenvolvimento tem os mais distintos problemas, que nós, adultos, constantemente esquecemos. Dentes nascendo, e caindo, o descobrimento do corpo e das nossas habilidades, dores musculares devido ao crescimento, hormônios novos agindo, e isso tudo sem incluir a complexidade das questões emocionais.
É um terreno extremamente fértil para que os transtornos emocionais da escola encontrem seu caminho. Muitos estudantes podem enfrentar dificuldades para se relacionar, as consequências diretas das diferenças econômicas e sociais pela primeira vez, situações de discriminação das mais diversas naturezas, grandes quebras de expectativa em relação a si mesmos e assim por diante.
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Por isso resolvi escrever sobre como podemos identificar os sinais de transtornos emocionais na escola, quais são os principais transtornos e como nós, terapeutas, podemos ajudar.
O que são transtornos emocionais?
Transtornos emocionais são condições que afetam a saúde emocional e psicológica das pessoas. Eles são geralmente associados ao excesso ou a ausência de estímulos por tempo suficiente a ponto de influenciar negativamente a saúde psicológica de um indivíduo e, para as crianças, o seu desenvolvimento.
Os constantes estímulos que encontramos no ambiente escolar proporciona não somente desafios, motivação e incentivo, mas também sentimentos negativos, fruto da incompatibilidade entre as nossas expectativas, crenças e convicções, e o resultado obtido, os precursores dos transtornos emocionais da escola.
Eles podem despertar, entre, diferentes reações de diferentes maneiras, como a ansiedade, a depressão, transtornos alimentares, transtornos do humor e outros. Essas condições podem ser causadas por um acúmulo de pequenas situações “não resolvidas”, incluindo estresse, traumas, mudanças bruscas, conflitos e outros.
São várias horas do dia dentro da escola
As instituições de ensino são, afinal, a nossa “segunda casa” durante os primeiros 20 anos de vida. E a vida escolar pode, infelizmente, ser um fator estressante para muitas crianças e adolescentes, especialmente quando eles enfrentam desafios acadêmicos, problemas de relacionamento com colegas, bullying ou outras situações que demandam a ajuda e o envolvimento de adultos.
A ausência de acolhimento apropriado por parte das figuras de autoridade, e de medidas práticas para a prevenção da continuidade dos acontecimentos que levam aos transtornos emocionais da escola, são também fatores que exigem a constante atenção dos pais e familiares.
É importante participar ativamente da vida escolar das crianças e oferecer-lhes apoio e ajuda sempre que necessário, deixando “a porta aberta” para a comunicação. Assim como os professores, e demais profissionais, devem sempre estar alertas para os conflitos e dificuldades relatados pelos alunos.
Sendo assim, os transtornos emocionais na escola tendem a apresentar certo padrão.
Pedidos de ajuda silenciosos
A pressão para ter sucesso nos estudos e nas atividades extracurriculares pode causar grande estresse e ansiedade nas pessoas em idade escolar.
Os pais e professores podem ter expectativas muito altas em relação às crianças, que podem ser difíceis de cumprir e fazer com que sintam-se sobrecarregadas como resultado. Assim como o excesso de trabalhos de casa e provas.
Competições entre colegas, e a pressão para se enquadrar nas expectativas sociais predominantes e se encaixarem em grupos específicos são também fatores que fomentam os transtornos emocionais na escola.
Ao estarem frequentemente expostos à pressão social para atender a certas normas, os pequenos podem encontrar uma perda de identidade e autoestima. Especialmente quando a criança sente que está sendo forçada a agir de forma diferente da sua personalidade natural.
O bullying pode, também, ter um forte impacto na saúde emocional das crianças, levando à baixa autoestima, depressão e ansiedade. As crianças que sofrem bullying podem sentir-se isoladas, com medo e ter problemas de confiança.
Os que têm dificuldades em fazer amigos ou sentem-se excluídos do grupo podem sentir-se solitários e expressar-se através do isolamento social. Assim como os que lutam para acompanhar o ritmo acadêmico podem sentir-se frustrados e desanimados.
Estes contextos podem ocorrer simultânea e cumulativamente, precarizando o desenvolvimento emocional e psicológico de cada um que acaba por vivenciá-los. Por isso a importância de oferecermos ajuda.
Os sentimentos viram sintomas
Os sintomas podem variar de acordo com a condição e com a pessoa, mas alguns dos mais comuns incluem:
- Ansiedade excessiva em relação à notas, colegas, ou professores;
- Tristeza e desesperança, falta de vontade de ir para a escola;
- Irritabilidade ou agitação ao tentar realizar atividades acadêmicas;
- Dificuldade para dormir ou dormir demais, perdendo “a hora” com frequência;
- Alterações no apetite;
- Dificuldade para se concentrar durante as aulas e atividades;
- Baixa autoestima, acompanhada de um discurso de derrota “não consigo, não sou inteligente o suficiente, não quero tentar”
- Isolamento social;
- Pensamentos suicidas e banalização da morte;
- E até mesmo automutilação.
É importante considerarmos que as atitudes concretizadas não possuem raízes em pedir por atenção, mas sim em pedir ajuda com as ferramentas de comunicação disponíveis dentro do universo de cada um.
Portanto, os sinais podem estar associados à diversas condições como ansiedade, depressão, transtornos alimentares, transtornos do humor, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e outros.
Como a terapia pode ajudar?
O psicólogo ou terapeuta pode ajudar a identificar os sintomas e as causas do transtorno emocional e, em seguida, desenvolver um plano de atendimento personalizado. As terapias mais utilizadas incluem a terapia cognitivo-comportamental, o uso de jogos, arte terapia, musico terapia, terapia familiar e em grupo.
A intervenção precoce é fundamental para garantir um futuro saudável para todos. É importante que a escola esteja atenta aos sinais e sintomas que podem indicar a presença de transtornos emocionais e, assim, encaminhar o aluno para uma avaliação com um profissional de saúde mental.
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E a escola?
A escola pode, ainda, incluir um profissional da psicologia no seu corpo docente para implementar práticas que promovam a saúde emocional dos alunos, como aulas de educação emocional, atividades de mindfulness e práticas de resolução de conflitos.
É extremamente importante que a escola esteja preparada para identificar e lidar com transtornos emocionais em seus alunos. Com uma abordagem cuidadosa e apoio terapêutico adequado, as crianças podem superar esses desafios e ter sucesso em sua vida acadêmica e pessoal.
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