Transtorno do processamento sensorial

Transtorno do processamento sensorial e autismo
Paulinha Psico Infantil

Paulinha Psico Infantil

Olá, sou a Paulinha, psicóloga infantil com foco em transtornos do neurodesenvolvimento. Crio conteúdos na internet desde 2015 e ajudo milhares de mães e outras profissionais da área todos os dias aqui e em minhas redes sociais.

Existem diferentes transtornos e condições neurológicas que podem afetar diretamente a condição de vida das pessoas. O transtorno do processamento sensorial (TPS) ou DIS (disfunção sensorial), é uma condição pouco falada atualmente, e em 82% das vezes está relacionada ao autismo.

Apesar do transtorno do processamento sensorial ter aspectos semelhantes aos principais sintomas do autismo, e muitas vezes estar associado às características para diagnóstico do TEA (Transtorno do espectro autista), esses são transtornos distintos, e que precisam ser discutidos para que não haja confusão na hora do diagnóstico.

Por isso, é importante discutir e entender o que são esses conceitos, quais são suas ligações, como identificar e quem pode ajudar nesse diagnóstico, que é muito importante para que os pais consigam selecionar os melhores tratamentos.

O que é transtorno do processamento sensorial?

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Bom, primeiramente, é importante explicar o que é esse transtorno. De modo geral, o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS ou DIS) se refere a alterações na forma do cérebro organizar as percepções de estímulos que recebe do ambiente. Dessa forma, deixando a pessoa desorganizada na hora de processar as informações do ambiente, pode responder de forma excessiva ou de forma deficitária à esses estímulos.

Dessa forma, como o próprio nome já indica, é um transtorno que afeta a parte sensorial de nosso corpo, sendo ela possível de ser avaliada em 8 áreas sensoriais específicas: tato, gustação, olfato, visão, audição, propriocepção, vestibular e interocepção.

Nosso corpo está diariamente recebendo informações do ambiente, sejam visuais, auditivas, olfativas, etc… e nosso sistema nervoso tem o trabalho de receber essa sensação e transformá-la em uma percepção, para depois, voltar a homeostase do corpo. Então se eu sinto um cheiro ruim, eu percebo ele, meu cérebro analisa essa informação e meu corpo tem alguma resposta, pode ser colocar a mão no nariz para tentar evitar o cheio, ou abrir uma janela, ou se for algum cheio de alerta – como gás ou foco, ir procurar o que pode estar acontecendo e prevenir um acidente.

Assim que funciona nosso sistema sensorial, analisando sensações, transformando em percepções que o cérebro consegue distinguir com excelência. Quando falamos de TPS é como se tivesse um “curto circuito” na hora do corpo processar essa sensação.

Qual a relação dele com autismo?

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A relação entre  transtorno do processamento sensorial e autismo é bastante intensa. Muitas vezes, o TPS pode estar relacionado com um dos sintomas do autismo, já que é comum que crianças autistas apresentam essa dificuldade na resposta sensorial.

Pesquisas feitas com adultos apontam, por exemplo, que 83% dos entrevistados, que são autistas, possuem dificuldades com seu processamento sensorial.

Apenas com esse número, você consegue observar como o TPS é marcante no autismo, fazendo com que a relação entre  transtorno do processamento sensorial e autismo seja relevante.

Ainda, é possível encontrar outros estudos que apontam essa forte relação entre  transtorno do processamento sensorial e autismo. Com crianças autistas, por exemplo, a porcentagem apontada pelos estudos, mostram que de 65% a 95% das crianças autistas possuem dificuldade na regulação sensorial.

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Como a relação entre transtorno do processamento sensorial e autismo é muito grande, muitas vezes as pessoas podem acabar confundindo os sintomas, inclusive dificultando o diagnóstico.

Como dissemos, o TPS nem sempre está relacionado ao autismo, mas é uma das características do autismo, aparecendo em grande parte dos casos.

O TPS altera a percepção sensorial, existem alguns sintomas que são característicos, que vão de encontro a essa dificuldade do processamento sensorial, tais como:

  • Aversão a certos tipos de alimentos – seletividade alimentar;
  • Evita certas texturas;
  • Dificuldades adaptativas aos ambientes;
  • Dificuldades no desfralde;
  • Dificuldades em mudanças de tipo de solo (tapete, chão, grama, calçada)

Além dessas características, dois pontos são fundamentais para a identificação do TPS, e são extremos. Uma pessoa com TPS pode apresentar duas formas principais de resposta aos estímulos: Hipersensibilidade ou Hiposensibilidade.

Mas o que são essas duas características? Bom, quando falamos em hiper, se referimos a algo “exagerado”. 

Dessa forma, a característica de hiposensibilidade no transtorno do processamento sensorial e autismo faz com que as crianças precisem se “esforçar” mais ainda para sentir certos estímulos, como gostos, cheiros, barulhos, entre outros.

Com isso, as crianças tendem a serem mais agitadas, podendo cheirar tudo que está a sua frente para buscar essa sensação, se movimentar sem parar, entre outras coisas. É como se elas fossem grandes buscadoras de estímulos, sempre indo atrás de conseguir sentir “mais e mais” aquela sensação.

Já a hipersensibilidade é o contrário. Nesse caso, as crianças acabam sendo mais sensíveis do que o normal, recebendo estímulos de forma maior do que o padrão. Com isso, crianças hipersensíveis podem ter dificuldades em ambientes com muitas cores, ou com barulho, são mais sensíveis aos alimentos, texturas e cheiros.

Essas duas características se tornaram fundamentais para o diagnóstico do TPS, já que marcam de maneira intensa o comportamento aos estímulos sensoriais nos portadores do transtorno do processo sensorial e autismo.

Se faz necessário deixar claro que aqui estamos apenas exemplificando situações de uma forma bem superficial e generalista, afinal, é um tema bem complexo para um simples artigo.

As pessoas podem ter algumas áreas sensoriais com respostas hiper e outras áreas hipo, e também, pode ser que em algumas áreas o corpo tenha respostas adaptativas o suficiente para manter o equilibrio.

Então, é por isso que é muito importante buscar uma profissional dessa área: são as terapeutas ocupacionais de integração sensorial.

Existem testes para avaliar o transtorno do processamento sensorial? 

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Sim, existem diversos testes que podem ser realizados para o diagnóstico do transtorno do processamento sensorial e autismo. A seguir, apresentaremos alguns exemplos, destacando um que é o mais utilizado, considerado padrão ouro.

  • DeGangi Berk Test of Sensory Integration: voltado para crianças de pré-escola para avaliar suas funções motoras e processamentos sensoriais;
  • Sensory Processing Measure (SPM): é uma escala voltada para a avaliação dos processamentos sensoriais das crianças, tanto em suas casas, como no ambiente escolar, por exemplo.
  • Sensory Profile e Infant/Toddler Sensory Profile : questionários que devem ser respondido pelos pais ou cuidadores para maiores avaliações dos processos sensoriais;
  • Sensory Integration and Praxis Tests (SIPT): esse é o teste considerado padrão ouro, sendo o mais utilizado nas avaliações. Consiste em uma bateria de testes, que busca avaliar as capacidades sensoriais em diversos sentidos, como: percepção visual motora livre, somatossensorial, práxis e motor. 

Qual é o profissional especializado para me ajudar?

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Pelo transtorno do processamento sensorial e autismo ser uma condição importante e relevante para as pessoas que o possuem, é fundamental que a avaliação seja feita com profissionais recomendados, que entendem as melhores formas de avaliar e identificar essas características sensoriais das crianças.

Nesse sentido, o profissional mais indicado é o terapeuta ocupacional de Integração sensorial, que como o nome já indica, é um profissional que trabalha exclusivamente com essa área, avaliando o perfil sensorial da criança e auxiliando com atividades de integração sensorial.

Fazer o diagnóstico é muito importante para que as crianças recebam o melhor tratamento possível, visando uma melhor resposta adaptativa frente aos estímulos sensoriais.

Conclusão

Podemos concluir com o artigo que o transtorno do processamento sensorial precisa ser avaliados e trabalhados de maneira exemplar. Apesar do TPS poder ser uma característica do autismo, como mostram os dados no artigo, nem sempre eles estão relacionados.

É possível que uma pessoa com TPS não seja autista, e é importante identificar isso, pois os tratamentos mudam. Existem testes para identificar esse transtorno, e é fundamental que a identificação e os tratamentos sejam realizados com um terapeuta ocupacional de integração sensorial, que é o profissional mais indicado e qualificado para isso. 

Quer entender mais sobre autismo? Leia esses posts:

Como saber se meu filho é autista?

Autismo em meninas.

Autismo leve.

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