O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica complexa que afeta o funcionamento cerebral da criança e, consequentemente, o comportamento.
Pesquisas científicas demonstraram que indivíduos com TDAH frequentemente apresentam certas diferenças em áreas específicas do cérebro que são responsáveis pelo controle da atenção, do planejamento, da inibição de impulsos e do controle motor.
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Estudos de neuroimagem, como a ressonância magnética funcional (fMRI) e tomografia por emissão de pósitrons (PET), identificaram diferenças na atividade cerebral e na conectividade funcional em pessoas com transtorno do déficit de atenção, e servem de base para o entendimento que nós temos sobre o processamento neural das pessoas que são diagnosticadas.
O transtorno do déficit de atenção também está relacionado a desequilíbrios nos neurotransmissores, substâncias químicas cerebrais que transmitem sinais entre os neurônios, que podem afetar a capacidade do cérebro de regular a atenção, a motivação, o humor e o comportamento, contribuindo para os sintomas gerais.
Hereditário?
Alguns estudos genéticos revelaram que o transtorno do déficit de atenção tem uma forte componente genética. Parentes de primeiro grau de indivíduos com TDAH têm um risco aumentado de também desenvolver o transtorno, como filhos, por exemplo. Múltiplos genes estão envolvidos, e esses genes parecem estar relacionados à regulação da dopamina e da noradrenalina no cérebro.
Este transtorno específico é frequentemente diagnosticado ainda na infância, o que sugere que pode estar relacionado ao desenvolvimento do cérebro, que ocorre de forma ligeiramente diferenciada, especialmente nas áreas associadas à função executiva.
À medida que as crianças com transtorno do déficit de atenção crescem, essas diferenças no desenvolvimento cerebral podem afetar sua capacidade de lidar com tarefas que requerem autorregulação e atenção sustentada por períodos maiores.
O TDAH é, portanto, uma condição neurobiológica que não está, de forma alguma, relacionada a deficiências de caráter ou falta de disciplina, mas sim a diferenças no funcionamento cerebral e nos processos neuroquímicos.
Compreender essas bases neurobiológicas é fundamental para a aceitação do diagnóstico e para a realidade de quem convive com o transtorno, proporcionando às pessoas afetadas as melhores oportunidades para gerenciar seus sintomas e alcançar seu pleno potencial.
Vamos, então, explorar um pouco mais os detalhes de alguns dos sintomas mais críticos do transtorno.
Sintomas comuns do TDAH
O transtorno do déficit de atenção é uma condição extremamente complexa que pode se manifestar de maneira diferente em cada criança, e por esta mesma razão as comparações entre pessoas com o diagnóstico não são incentivadas.
No entanto, existem três grupos principais de sintomas que definem, por assim dizer, o transtorno: desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Desatenção:
– Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades, muitas vezes cometendo erros por descuido.
– Dificuldade em organizar tarefas e atividades.
– Evitar ou relutar em se envolver em tarefas que exijam esforço mental sustentado.
– Perder frequentemente objetos necessários para tarefas.
– Esquecimento de atividades diárias.
Hiperatividade:
– Inquietude frequente, como mexer as mãos, os pés, a língua ou mastigar constantemente.
– Incapacidade de permanecer na mesma posição em situações em que se espera que a pessoa fique parada, como uma consulta médica ou com um dentista.
– Correr, escalar, e desmontar objetos em situações inadequadas.
– Dificuldade em brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer.
– Falta de modulação de impulsos, resultando em interrupção constante de conversas ou jogos com outras pessoas.
Impulsividade:
– Dificuldade em aguardar a sua vez, ouvir frases até o final ou fazer algo em outro momento que não aquele.
– Interrupção frequente de outras pessoas ou respostas precipitadas a perguntas antes de elas serem concluídas.
– Dificuldade em seguir regras ou cumprir obrigações em situações de trabalho, escolares ou familiares.
É importante observar que os sintomas podem variar em gravidade e intensidade. Nem todas as pessoas com transtorno do déficit de atenção exibirão todos esses sintomas, e a apresentação clínica pode mudar ao longo do tempo.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do TDAH deve ser realizado por um profissional de saúde mental qualificado, como um psicólogo ou psiquiatra. Para diagnosticar o TDAH, é essencial que o profissional avalie a presença dos sintomas e a sua intensidade, além de considerar o impacto desses sintomas na vida cotidiana da pessoa.
O diagnóstico é feito com base em critérios específicos estabelecidos em manuais de diagnóstico, como o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (DSM-5). Esses critérios ajudam a diferenciar o TDAH de outros transtornos de saúde mental que podem compartilhar sintomas semelhantes.
Uma vez que a criança é diagnosticada, a intervenção psicológica desempenha um papel fundamental no manejo da condição. Aqui estão algumas abordagens psicológicas comuns para quem sofre com o transtorno do déficit de atenção:
Terapia Comportamental:
Esta é uma das opções mais populares devido à sua alta taxa de sucesso, ela ajuda a pessoa a desenvolver habilidades para controlar impulsos, reduzir comportamentos disruptivos e melhorar as habilidades de organização e o planejamento.
Ela também pode ser ensinada aos pais em forma de estratégias eficazes para gerenciar o comportamento dos filhos, melhorando a comunicação e estabelecendo rotinas consistentes.
Educação:
A psicoeducação daqueles que convivem diariamente com a pessoa diagnosticada fornece informações sobre o transtorno do déficit de atenção, incluindo seus sintomas, desafios e opções de intervenção.
Além de ensinar habilidades específicas, como organização, gerenciamento de tempo e resolução de problemas, para melhorar o funcionamento diário.
Terapia de apoio:
As terapias em grupo podem oferecer suporte emocional, compartilhamento de experiências e estratégias de enfrentamento em um ambiente emocionalmente seguro para a criança.
No qual ela se sente confortável para discutir seus desafios, sentimentos e desenvolver estratégias de enfrentamento junto a outras crianças que passam pelas mesmas dificuldades.
Intervenções escolares:
Planos de educação individualizados (IEP): São criados para crianças com as mais diversas dificuldades que frequentam a escola regularmente, oferecendo acomodações e suporte específicos para suas necessidades, e não devem ser deixadas de lado para os pequenos que recebem o diagnóstico de transtorno do déficit de atenção .
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É fundamental iniciar a intervenção o mais cedo possível após o diagnóstico para que os profissionais possam ajudar a criança a desenvolver habilidades de enfrentamento e a minimizar o impacto dos sintomas a longo prazo.
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