A infância é uma fase marcada por intensas descobertas, desafios e transformações. Durante esse período, as crianças aprendem não apenas a andar, falar e se relacionar, mas também a lidar com suas emoções. Essa capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar sentimentos é conhecida como regulação emocional, uma habilidade essencial para o desenvolvimento saudável e o bem-estar psicológico ao longo da vida. Quando bem desenvolvida, a regulação emocional na infância contribui para relações sociais positivas, melhor desempenho escolar e maior resiliência frente às adversidades.
No entanto, muitas crianças encontram dificuldades nesse processo. Crises de choro, explosões de raiva, comportamentos agressivos ou apatia intensa podem ser indicativos de desafios na autorregulação. Nesses casos, a atuação do psicólogo infantil torna-se fundamental para ajudar a criança a identificar suas emoções, compreendê-las e expressá-las de forma saudável e funcional.
Este artigo tem como objetivo apresentar técnicas práticas e eficazes que podem ser utilizadas por psicólogos no consultório para promover a regulação emocional na infância, respeitando o desenvolvimento cognitivo e emocional de cada paciente, suas vivências familiares e seus contextos de vida.
O que é regulação emocional na infância?
A regulação emocional na infância é o processo por meio do qual a criança aprende a reconhecer suas emoções, modulá-las e expressá-las de maneira socialmente adequada. Envolve tanto habilidades internas, como a autoconsciência emocional, quanto estratégias externas, como o uso de recursos do ambiente para lidar com sentimentos difíceis.
Essa capacidade começa a ser construída nos primeiros anos de vida, a partir das interações com os cuidadores. A forma como os adultos acolhem as emoções da criança, nomeiam os sentimentos e oferecem suporte influencia diretamente no desenvolvimento da autorregulação emocional.
É importante destacar que regular não significa reprimir ou evitar emoções, mas sim aprender a conviver com elas de maneira equilibrada. Toda emoção é válida e tem uma função adaptativa. O desafio está em como expressá-la sem causar prejuízos a si mesmo ou aos outros.
Sinais de dificuldades na regulação emocional
Antes de aplicar técnicas para promover a regulação emocional na infância, é essencial que o psicólogo esteja atento a possíveis sinais de dificuldades nessa área. Alguns desses sinais incluem:
- Explosões de raiva desproporcionais à situação;
- Incapacidade de lidar com frustrações simples;
- Choro excessivo e frequente;
- Retraimento social ou apatia;
- Dificuldade em expressar sentimentos verbalmente;
- Comportamentos agressivos ou autolesivos;
- Sintomas psicossomáticos relacionados a tensões emocionais.
Essas manifestações indicam que a criança pode estar vivenciando emoções intensas que não consegue compreender ou administrar sozinha. Nesse contexto, o papel do terapeuta é atuar como facilitador da consciência emocional e do aprendizado de estratégias reguladoras.
A importância do vínculo terapêutico
A base para o trabalho com regulação emocional na infância é o vínculo terapêutico. A criança precisa sentir-se segura, acolhida e compreendida para se abrir emocionalmente. Isso implica criar um ambiente empático, previsível e não julgador.
Brincadeiras, histórias, jogos e recursos lúdicos são caminhos eficazes para o estabelecimento desse vínculo. A partir dele, o terapeuta pode começar a explorar os sentimentos da criança, convidando-a a nomear emoções, compartilhar experiências e refletir sobre o que sente em diferentes situações.

Técnicas para desenvolver a regulação emocional na infância
A seguir, apresentamos algumas técnicas que podem ser utilizadas no consultório para estimular a regulação emocional na infância. Essas estratégias devem ser adaptadas de acordo com a idade, o perfil e a vivência da criança.
1. Roda das emoções
A roda das emoções é uma ferramenta visual que ajuda a criança a identificar e nomear o que está sentindo. Pode ser composta por desenhos de rostos com diferentes expressões (alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa, nojo, etc.) e cores associadas a cada emoção.
Durante a sessão, o terapeuta pode pedir que a criança aponte para a emoção que está sentindo naquele momento ou em determinada situação vivida. Em seguida, a criança é convidada a falar sobre o motivo da emoção e como reagiu a ela. Isso promove o reconhecimento e a reflexão sobre sentimentos.
2. Diário das emoções
Indicado para crianças a partir dos 6 anos, o diário das emoções é uma forma de registrar sentimentos ao longo da semana. A criança pode desenhar ou escrever o que sentiu em cada dia, quais situações provocaram determinada emoção e como ela lidou com isso.
Esse exercício ajuda a desenvolver a consciência emocional e a construir um repertório mais amplo de estratégias reguladoras. Além disso, permite ao terapeuta identificar padrões emocionais e comportamentais importantes.
3. Escala da raiva ou da tristeza
Algumas crianças têm dificuldade em reconhecer a intensidade de suas emoções. A escala emocional é uma ferramenta que ajuda a graduar o sentimento de 0 a 10, por exemplo.
O terapeuta pode criar com a criança uma escala visual com carinhas ou termômetros coloridos. A cada sessão, a criança pode indicar em que ponto está sua raiva, tristeza ou ansiedade. Em seguida, o terapeuta trabalha formas de “reduzir” esse número com técnicas de respiração, mudança de foco, ou atividades de relaxamento.
4. Técnicas de respiração e mindfulness
Técnicas de respiração consciente são simples, eficazes e facilmente compreendidas pelas crianças. A “respiração da flor” (inspirar sentindo o cheiro de uma flor e expirar apagando uma vela) é um exemplo lúdico.
O mindfulness, adaptado à linguagem infantil, pode incluir atividades como sentir o corpo, prestar atenção à respiração ou focar nos cinco sentidos. Essas práticas ajudam a criança a se conectar com o momento presente e a reduzir a impulsividade emocional.
5. Histórias terapêuticas
As histórias são poderosas aliadas na psicoterapia infantil. Elas permitem que a criança se identifique com os personagens e reflita sobre seus próprios sentimentos de forma simbólica e protegida.
Criar narrativas sobre personagens que enfrentam emoções difíceis e aprendem a lidar com elas pode inspirar a criança a desenvolver suas próprias estratégias. O terapeuta pode convidar a criança a completar a história, sugerir soluções ou imaginar finais alternativos.
6. Cartas de enfrentamento
Com base nas situações que mais causam sofrimento emocional à criança (ex: brigas na escola, medo de dormir, separação dos pais), o terapeuta pode criar com ela “cartas de enfrentamento”.
Cada carta contém uma situação e possíveis estratégias para lidar com ela. Por exemplo, “Quando estou com raiva, posso contar até 10, respirar fundo ou pedir ajuda”. Essas cartas servem como guia para o dia a dia e fortalecem o repertório emocional da criança.
7. Caixinha das emoções
Outra técnica eficaz é a construção de uma “caixinha das emoções”. A criança pode decorar uma caixa e, dentro dela, colocar objetos, desenhos ou palavras que representem diferentes sentimentos e estratégias que a ajudam a se sentir melhor.
Durante as sessões, o terapeuta pode usar essa caixa para revisitar emoções vividas, conversar sobre reações e reforçar comportamentos reguladores.
8. Modelagem e dramatização
O terapeuta pode encenar com a criança situações do cotidiano que envolvam desafios emocionais, como perder um jogo, ser contrariado ou precisar esperar.
Ao dramatizar essas situações e propor diferentes formas de reagir, a criança experimenta alternativas comportamentais e aprende maneiras mais adaptativas de se autorregular. Essa técnica também permite desenvolver a empatia e a perspectiva do outro.
Envolvimento da família no processo terapêutico
A regulação emocional na infância não se desenvolve de forma isolada. O ambiente familiar exerce grande influência nesse processo. Por isso, é fundamental incluir os pais ou cuidadores nas intervenções.
O terapeuta pode oferecer orientações sobre como acolher as emoções da criança, validar seus sentimentos, estabelecer limites com afeto e reforçar comportamentos positivos. Estratégias como combinados familiares, uso de linguagem emocional no dia a dia e tempo de qualidade com a criança são fundamentais para fortalecer a autorregulação.
Além disso, é importante ajudar os pais a regularem suas próprias emoções, uma vez que eles são modelos diretos para os filhos. Uma família emocionalmente equilibrada contribui significativamente para o desenvolvimento saudável da criança.

Benefícios da regulação emocional bem desenvolvida
Investir na regulação emocional na infância traz benefícios duradouros. Crianças que aprendem a lidar com suas emoções de forma saudável tendem a:
- Ter melhor autoestima e segurança emocional;
- Desenvolver relacionamentos interpessoais mais positivos;
- Apresentar menos comportamentos agressivos ou disruptivos;
- Enfrentar desafios com mais resiliência;
- Ter maior capacidade de concentração e aprendizagem;
- Reduzir sintomas de ansiedade e depressão.
Além disso, a regulação emocional fortalece a capacidade da criança de se adaptar a mudanças, resolver conflitos e tomar decisões de forma mais consciente.
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