Como identificar abuso sexual infantil em um paciente?

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Paulinha Psico Infantil

Paulinha Psico Infantil

Olá, sou a Paulinha, psicóloga infantil com foco em transtornos do neurodesenvolvimento. Crio conteúdos na internet desde 2015 e ajudo milhares de mães e outras profissionais da área todos os dias aqui e em minhas redes sociais.

O abuso sexual infantil é uma triste realidade brasileira. Segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, 79% das vítimas em denúncias de estupro registradas no Disque 100 são crianças ou adolescentes. É fácil imaginar os impactos psicológicos desse número na vida de milhares de crianças. Entenda como identificar abuso sexual infantil em um paciente e o que fazer depois disso.

Uma importante questão a se ressaltar, que muitas vezes fará parte da avaliação clínica desenvolvida pelo psicólogo, é como os casos de abuso sexual infantil ocorrem. Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, 80% dos casos de violência infantil ocorrem dentro de casa. Dessa quantidade, 40% dos casos são cometidos por pais ou padrastos.

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As meninas são as maiores vítimas deste tipo de crime. Mais uma vez segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, 74% dos casos de violência sexual são cometidos contra esse grupo. Isso, é claro, não deve ser motivo para não estar atento a esse tema para os meninos durante as consultas.

Agora, diante destes fatos, é importante entender que o esforço coletivo para acabar com a violência sexual infantil envolve, também, os psicólogos. Isso é claro, mas pode ser que ainda existam dúvidas sobre como abordar o tema. Então, entenda a seguir alguns passos para a abordagem clínica do assunto.

A importância de uma boa anamnese

Fazer uma investigação clínica minuciosa e criteriosa é fundamental para conseguir lidar com esse tema. Uma longa pesquisa sobre o histórico da criança será fundamental. Isso significa ter bem estabelecido quais são as relações sociais e a rede de apoio daquela criança.

Durante a anamnese, é importante compreender qual é a rede familiar daquela criança. Essa informação não deve se restringir ao núcleo mais próximo ou aqueles que moram junto a ela. Saber quais são as extensões da rede social e a frequência de convivência também é importante.

Além disso, ter bem estabelecido quais outras pessoas participam do seu convívio. A dinâmica de convívio e sociabilidade na escola precisa ser conhecida. Entender quais outras atividades ela faz fora da escola também importam. Tudo isso ajuda a construir um histórico e facilita a identificar possíveis pacientes que passem por abuso sexual infantil.

Construa um vínculo forte

Antes mesmo de ter qualquer suspeita, é preciso conseguir fazer as perguntas certas. E para ter as respostas verdadeiras a esses questionamentos, é preciso criar um vínculo com o paciente. Apenas assim será possível conseguir se aprofundar no caso do paciente e, sob qualquer suspeita, ter respostas genuínas que possibilitem ações.

Acima de tudo, a criança precisa ter segurança para se abrir sem receios com o psicólogo. Isso é o que chamamos de vínculo terapêutico. Só ele é capaz de produzir um ambiente seguro para a análise. E é na construção desse tipo de ambiente que a terapia se torna mais profunda e específica, abrindo margem para descobrir possíveis casos de abuso sexual infantil.

Proponha atividades à criança

A linguagem verbal nem sempre dá conta da complexidade de formas de expressão, seja para adultos ou crianças. No caso dos pequenos, uma boa ideia é sugerir atividades que estimulem esse tipo de manifestação do que elas vivem e pensam. E se você não tem muita ideia de como fazer isso, tenho uma boa sugestão.

Por que não propor que ela desenhe? Forneça folhas de papel em branco, canetinhas, lápis ou qualquer outro item que seja e diga à criança que expresse questões pertinentes às dúvidas e temas que surgem na terapia. Explique uma atividade sobre como ela enxerga relações familiares. Peça que a criança desenhe como se relaciona com os parentes durante o dia a dia, por exemplo.

Além disso, também é interessante propor outras atividades sobre outros círculos sociais. Diga para que a criança desenhe atividades que pratica com os colegas da escola. Então, sugira como os adultos interagem nessas atividades e como elas enxergam eles. Não deixe de utilizar esse momento para tentar compreender aspectos que não estejam surgindo no diálogo, ou mesmo que pareçam complexos de explicar. 

Além disso, crianças que estão passando por uma situação de abuso e nunca falaram sobre sexualidade podem começar a desenhar conteúdos nesse sentido repentinamente.

Quais são os sinais comportamentais quando a se passa por abuso sexual intanfil

Mudanças repentinas de comportamento são alguns dos principais sinais de que a criança esteja sendo vítima desse tipo de crime. Se, de um momento para o outro, ela começa a demonstrar receio em fazer atividades que antes não tinha ou passa a ter alterações grandes na personalidade. É possível entender isso na terapia, sempre junto de um histórico bem feito da criança.

Além disso, observe bem de que forma a criança descreve sua relação com determinadas pessoas. Mesmo que o comum seja que a criança tente se evadir do abusador, em alguns casos ela pode demonstrar outro comportamento, mantendo proximidade. Sob qualquer suspeita, o importante é utilizar o ambiente seguro da análise para chegar a uma resposta.

A regressão a comportamentos infantis já superados, a manutenção de segredos, a sugestão de brincadeiras com conotação sexual ou mesmo o vocabulário sobre órgãos íntimos que não tenham sido aprendidos em casa podem ser sinais.

Se identifiquei abuso, o que devo fazer?

Primeiro, é importante destacar que o sigilo entre psicólogo e paciente não é aplicado a nenhum caso de abuso, violência, riscos de morte ou iminência de suicídio. Sob nenhuma circunstância o psicólogo estará infringindo o código de ética ao denunciar um abuso sexual infantil ou qualquer uma das situações acima. E essa denúncia deve ser feita ao conselho tutelar, um dos responsáveis por receber esse tipo de acusação e está presente em todas as cidades. Caso tenha dúvidas sobre como proceder em relação à isso, você pode se informar no seu Conselho Regional de Psicologia.

Tanto psicólogos quanto médicos, enfermeiras e outros profissionais podem fazer uma notificação compulsória em casos de suspeita que serão endereçadas aos conselhos e à polícia. Denuncie qualquer suspeita que surgir na análise!

Entenda mais sobre desenvolvimento infantil

Se você deseja entender ou lembrar mais conteúdos sobre desenvolvimento infantil além de como identificar abuso sexual infantil, continue acompanhando o blog da Paulinha. Além de falar sobre questões delicadas sobre a prática clínica, também é possível acompanhar conteúdos desenvolvidos para mães e pais. As publicações vão desde comportamentos infantis até práticas interessantes para a análise.

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