Você sabia que quase uma em cada cinco crianças é afetada por um distúrbio emocional ou comportamental? E, mesmo assim, a identificação dos sintomas de transtornos psicológicos na infância é a maior dificuldade enfrentada pelos pais, responsáveis e profissionais que convivem diariamente com a criança.
A dificuldade se deve ao fato dos possíveis sintomas não serem visíveis. Quando uma criança cai, nós conseguimos ver um corte, vermelhidão ou esfolado, por exemplo, e podemos cuidar na hora. Se ela estiver com febre, coceira demais ou dor, é possível recorrer aos médicos com sintomas claros. Porém, quando se trata de comportamento, o cenário muda um pouco.
O que escutamos é que há problemas na escola, conflitos com amigos, explosões sem motivos aparentes, raiva ou choros constantes, entre outros. Emocionalmente, os pais se encontram confusos, sem saber o que fazer para ajudar, ou até mesmo inseguros ao tomar decisões.
Acontece que os sinais de transtornos psicológicos na infância podem ser facilmente confundidos com comportamentos naturais de qualquer criança, considerados normais dentro da faixa etária de cada indivíduo, passando despercebidos pelos adultos. O fator comunicação é uma das razões pelas quais diversas famílias não procuram atendimento para seus pequenos, já que o vocabulário dominado pela criança é limitado e insuficiente para que ela peça ajuda para lidar com dificuldades, sofrimentos, preocupações e etc.
Os transtornos psicológicos na infância podem, também, variar e apresentar sintomas diferentes em cada criança, que é única. Estas e outras causas somam a estigmas comumente associados a transtornos psicológicos e ao uso de medicamentos psiquiátricos, criando empecilhos durante a busca pelo auxílio profissional, que pode acontecer de forma tardia.
A seguir, eu trago as informações sobre cada um desses transtornos a fim de ajudar você, profissional, a identificar os principais sinais e alterações encontrados nas crianças.
Depressão
A depressão, assim como os demais transtornos, não tem uma idade mínima para que o diagnóstico possa ser feito. Ela afeta, principalmente, o humor e causa amplos sentimentos de autodesvalorização.
Apesar de presentes em outros transtornos psicológicos na infância, alguns sintomas são mais proeminentes nas crianças que sofrem com a doença. Por exemplo, alterações bruscas do apetite, não comer ou comer compulsivamente, alterações do sono, como insônia constante ou sentir sono “o tempo todo”, irritabilidade e falta de interesse em brincadeiras anteriormente frequentes.
Sendo a depressão uma condição que afeta diretamente o humor da criança, na convivência diária com a família e a comunidade escolar, podem ser comuns a apatia, o medo excedido de estar longe das pessoas queridas, o sentimento de inferioridade em relação a outras pessoas, a culpa, e o isolamento social por períodos prolongados.
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Ansiedade
A ansiedade é natural na infância, em menor grau, perante as constantes mudanças que ocorrem entre as diversas fases do desenvolvimento. A maior dificuldade de identificá-la como um dos transtornos psicológicos na infância é a linha tênue entre apreensões naturais e um comportamento patológico perante os eventos diários.
Ao sofrer com a ansiedade, a criança apresenta alguns sinais diferenciados e incomuns que podem facilmente ser interpretados pelos pais como birras ou choros sem motivos reais, dificultando ainda mais o diagnóstico ou a procura por um psicoterapeuta.
A conduta receosa, retida, que impeça a criança de interagir com os demais, que a faça parar de falar, que sinta medo paralisante de certos objetos ou situações são limites entre a normalidade e um comportamento disruptivo da normalidade. Quando as preocupações e angústias passam a ser excessivas a ponto de dificultar o cumprimento de atividades diárias e causar sofrimento emocional, a atenção do profissional psicólogo se faz necessária.
Transtorno disruptivo de desregulação do humor
O transtorno disruptivo foi, no passado, amplamente confundido com bipolaridade devido à similaridade de ambos. Porém, foram realizados estudos que afirmam que a bipolaridade se manifesta entre a adolescência e a vida adulta, tardiamente, sendo a condição estranha à infância.
A desregulação do humor é semelhante à vista em adultos e adolescentes, ocorrendo de forma rápida e brusca. A criança pode estar plenamente tranquila e se encontrar com raiva ou extremamente triste no momento seguinte. Tendo início entre os seis e dez anos de idade, a raiva incontrolável é o principal sintoma.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
O paciente com TDAH tem como características, principalmente, a dificuldade de concentração e a habilidade motora limitada. Impasses que acabam por atrapalhar a criança durante a execução de atividades diárias.
É perceptível nestas crianças a impaciência, como não esperar a sua vez ou tomar decisões impulsivas, a ausência de atenção generalizada, que pode causar erros evitáveis, dificuldade para seguir instruções e a não finalização de tarefas simples na escola.
A título de exemplo, determinada inquietação por parte dos pequenos enérgicos que faz com que se machuquem frequentemente ao não perceber o ambiente que os cerca, os que encontram dificuldades em permanecer sentados, aguardar, ou ficar parados por períodos prolongados quando necessário.
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Dos transtornos psicológicos na infância possíveis, o TEA é um dos que aparecem mais cedo, sendo reconhecido até mesmo em crianças menores de 3 anos, e ele afeta, sobretudo, a comunicação e a desenvoltura social do paciente em questão.
Sendo o TEA uma condição neurológica da criança, ele se manifesta logo na primeira infância. A comunicação a partir de uma linguagem inesperada, diferente ou até mesmo nula ocorre logo no início, no convívio diário com a família. O comportamento da criança com autismo é comumente regrado de forma rígida por ela mesma, que apresenta forte apego à sua rotina e certa falta de compreensão das regras sociais e coletivas que envolvem outras pessoas como tons de voz, gestos e expressões faciais.
Apesar de as características e sintomas variarem entre indivíduos, assim como os demais transtornos psicológicos na infância, o foco exacerbado em um assunto específico é invariável dentro do TEA, acarretando em interações, atenção, conhecimento e interesse totalmente voltados a um único foco.
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Estresse Pós-Traumático
Cada ser humano responde de forma única à experiências traumáticas, com as crianças não é diferente. A saúde mental infantil é facilmente abalada por eventos impactantes, violentos ou inesperados. Não sendo necessário que elas sejam a vítima direta, o presenciar pode ser suficiente.
Indiferentemente à origem do trauma, as crianças podem apresentar severas consequências emocionais e psicológicas justamente por precisarem de mais tempo para lidar com acontecimentos novos.
Se faz necessário que fiquemos atentos às crises de ansiedade, insônia, pesadelos constantes, enurese noturna, paranóia, medo de lugares, pessoas, e objetos específicos, entre outras alterações no comportamento dos pequenos.
Transtorno Desafiador Opositivo
Quando uma criança desafia, desobedece e resiste às figuras de autoridade como os pais, professores, familiares mais velhos, etc, mantendo um padrão de atitudes negativas em relação a estas pessoas, pode ser TOD (ou transtorno desafiador opositivo).
A particularidade do paciente que sofre com este transtorno reside na sua constante irritação, teimosia e comportamento embativo, estando frequentemente envolvido em brigas, práticas que ferem os demais fisicamente ou com palavras, e em atividades que intencionalmente violam as regras.
Devido às constantes punições e represálias, a criança com TOD sofre de um sentimento incessante de arrependimento e oferece respostas altamente emotivas perante as consequências.
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Transtornos alimentares
Diferentemente dos demais transtornos psicológicos na infância, os transtornos alimentares são dificilmente associados às crianças, fazendo com que sua identificação e diagnóstico sejam definitivamente mais demorados.
A recusa do alimento, o não sentir fome, ou a eliminação dos alimentos altamente calóricos logo após o consumo são fortes indícios dos dois principalmente transtornos alimentares. Já a compulsão alimentar, por exemplo, transparece pela fome insaciável, a criança pede alimentos calóricos ou doces logo após se alimentar e parece não perceber o que ingere, mesmo que em grandes quantidades. O tratamento, tanto para a anorexia quanto para a bulimia, envolve, além de um psicólogo, o acompanhamento nutricional da criança.
Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem TDL
Um vocabulário restrito a algumas palavras específicas, a dificuldade para construir frases com sentido ou poucas tentativas de comunicação verbal antes dos 3 anos de idade são fortes indicativos do TDL.
Apesar da possibilidade da presença de problemas na audição, e da individualidade de cada criança, este transtorno infere, além da dificuldade de expressão, a dificuldade de compreender o que está sendo dito por outras pessoas, assim como reter informações e instruções ditas em voz alta sem a utilização de recursos visuais.
Apraxia da fala
Oposto ao TDL, as crianças que têm apraxia da fala não encontram dificuldade em compreender o que está sendo dito ou em estruturar frases, sendo ele um transtorno motor. A dificuldade se deve à articulação incorreta dos sons, com sequências de movimentos imprecisas e falta de domínio dos músculos envolvidos na fala.
As sessões de terapia para a apraxia envolvem exercícios diários, a participação ativa da família e fonoaudiólogos.
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Saiba Trabalhar os Transtornos Psicológicos na Infância
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