A terapia comportamental para autismo é uma abordagem terapêutica que tem como objetivo mudar comportamentos através de técnicas de aprendizado. Comportamentos operantes, modelos comportamentais e terapia de exposição, entre outras estratégias relacionadas à alterações de padrões de comportamento estão inclusas nas técnicas utilizadas.
Frequentemente utilizada como um recurso terapêutico voltado para condições como a depressão, a ansiedade, o transtorno obsessivo compulsivo, o estresse pós traumático e fobias das mais diversas naturezas, a terapia comportamental traz o conceito de que padrões comportamentais são aprendidos e, portanto, podem ser “desaprendidos” ou substituídos por comportamentos mais saudáveis para o paciente.
Terapia comportamental para autismo é muito benéfica
O transtorno do espectro autista afeta diretamente a forma como uma pessoa vê e interage com o mundo à sua volta. Com base em princípios científicos e filosóficos da análise do comportamento, a terapia comportamental para autismo é particularmente benéfica e bem sucedida, além de contar com amplo repertório literário e prático.
A análise do comportamento é uma abrangente área da psicologia que tem suas raízes na produção científica de B.F. Skinner, sendo esta oriunda de estudos sobre o comportamento enquanto a relação do indivíduo com o ambiente. A abordagem teórica e metodológica fornece, por consequência, instrumentos para analisar, intervir, e observar o comportamento dos indivíduos. As intervenções propostas por esta ciência são voláteis e podem ser aplicadas em diversos contextos e pacientes, não estando diretamente atrelada aos transtornos do neurodesenvolvimento.
Sendo assim, a terapia comportamental para autismo, embora embasada pelos estudos behavioristas (do comportamento), não é congelada ou restrita à intervenções específicas, com passo a passo, e gerais, mas sim suficientemente adaptável para atender às necessidades e ao contexto singular de cada paciente, processo que envolve constantes análises.
A Terapia Cognitivo Comportamental e o autismo
Com foco na reestruturação mental do paciente, a Terapia Cognitivo Comportamental, ou TCC, é uma das abordagens terapêuticas mais requisitadas para crianças com autismo, e com razão. Ela defende a perspectiva de que grande parte do sofrimento psíquico vivenciado pelos nossos pacientes é proveniente de como os acontecimentos são interpretados, assim como os padrões mentais equivocados são capazes de originar conflitos emocionais. Ao aliar teorias cognitivas e técnicas para modificar comportamentos, o terapeuta pode auxiliar no processo a estruturação de novos padrões de pensamento.
Logo, a terapia comportamental para autismo irá efetuar uma análise funcional do ambiente externo, da situação, dos pensamentos e sentimentos ativados, do estado emocional e dos comportamentos resultantes que cercam um comportamento negativo, para que o pscicoterapeuta possa trabalhar com soluções.
Ao elaborar uma intervenção, a particularidade de cada caso e o comprometimento de cada paciente devem ser consideradas para que melhoras expressivas sejam obtidas. Há técnicas específicas para lidar com comportamentos, aprender habilidades e desenvolver a cognição que devem ser filtradas pelo profissional de psicologia para que façam sentido para o paciente em atendimento.
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A terapia comportamental para autismo, portanto, é conduzida ao longo de diversas sessões por um psicólogo especializado e segue uma abordagem direcionada e estruturada a partir de uma meta e um tempo limitado para que as mudanças aconteçam. A TCC proporciona melhoras consideráveis no âmbito das psicopatologias cognitivas e comportamentais, o que se traduz para o paciente autista em maior compreensão de suas condutas, seus pensamentos, das relações familiares, ou seja, da forma como ele interpreta o mundo a sua volta e quais os comportamentos que fazem sentido dentro de cada contexto.
Como a deficiência na área da comunicação é uma das particularidades do transtorno do espectro autista, o diálogo é significativamente afetado e se encontra, em diversos casos, prejudicado. Podem ocorrer atrasos notáveis no desenvolvimento da fala, sendo geralmente a causa da procura por ajuda clínica, como ausência de progresso ou regressão repentina após a aquisição inicial da linguagem. A linguagem adquirida pode ser, também, amplamente distinta dos padrões habituais, ser repetitiva, estereotipada, muitas vezes recorrendo a ecolalia, ou ser próximo do que é esperado mas apresentar dificuldades em iniciar ou manter uma conversa.
Ao focar no “aqui e agora” a terapia comportamental para autismo fornece ao psicoterapeuta ferramentas para desconstruir o comportamento, problema ou pensamento que é a origem do sofrimento psíquico ao dividi-lo em partes menores. Permitindo ao paciente com TEA a identificação das partes e sua conexão com suas emoções, facilitando, assim, a comunicação entre paciente e terapeuta.
Princípios básicos dentro da Terapia Cognitivo Comportamental
Há 10 princípios básicos dentro da Terapia Cognitivo Comportamental que podemos utilizar para atender e promover o desenvolvimento de pacientes com autismo.
1 – A formulação contínua dos problemas enfrentados por cada paciente. Seu desenvolvimento considera as características individuais dos padrões cognitivos de cada paciente, e a singularidade é um fator de grande importância para as pessoas com autismo.
2 – Uma sólida aliança terapêutica. Para que as mudanças comportamentais ocorram a participação ativa tanto do paciente quanto da família são indispensáveis, as modificações na rotina, de padrões de pensamentos, emocionais e interpretativas não podem estar restritas ao consultório para que sejam duradouras.
3 – O paciente, ao ser considerado em sua singularidade, irá participar ativamente. O protagonismo é de extrema importância para pacientes com autismo manterem-se envolvidos durante o processo terapêutico.
4 – É orientada por objetivos trazidos pelas demandas particulares de cada paciente e focada em problemas reais, que trazem sofrimento e influenciam negativamente em seu desenvolvimento.
5 – Ao enfatizar o presente faz com que o autista possa reconhecer as consequências imediatas e as causas de determinados comportamentos facilitando o desenvolvimento de habilidades de gerenciamento dos acontecimentos.
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6 – É preventiva e didática ao destacar as possibilidades de manejo dos próprios comportamentos, promovendo a independência.
7 – Estabelecer metas dentro de um tempo limitado para que as atividades e práticas não percam o sentido.
8 – As sessões são bem estruturadas para não interferir de forma brusca a rotina e o delicado processo de familiarização dos pacientes com autismo.
9 – Busca ensinar a identificação, a avaliação, e a resposta à crenças e pensamentos disfuncionais.
10 – Dispõe de um amplo acervo de técnicas para que possamos promover o aprendizado de novos rituais, pensamentos e comportamentos devidamente benéficos para nossos pacientes dentro de seus interesses e singularidade.
Diferentemente da ABA, que é, também, constantemente utilizada no atendimento à paciente com autismo (você pode checar informações sobre aqui), a terapia comportamental para autismo dispõe de amplitude, ela considera o comportamento humano como uma resposta à determinado estímulos externos, e o analisa profundamente para compreender sua natureza e, assim, condicioná-lo ou modificá-lo de acordo com as necessidades de cada paciente. Não há, afinal, uma única opção que contemple todos os sintomas e ofereça todas as respostas para nossos pacientes com TEA.
Cada autista é único, e pode não se adaptar às nossas tentativas, a terapia comportamental para autismo é a que possui maior índice de sucesso e maior respaldo científico até o momento. Suas nuances, opções e diferenças sempre são assunto no meu blog. Assim como sempre busco compartilhar conhecimentos sobre psicologia infantil, autismo, terapias e demais assuntos relacionados nas minhas redes (YouTube, Facebook e Instagram). Não deixe de conferir!
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