O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, que afeta uma a cada 54 crianças no mundo (*dados CDC EUA). Justamente por isso, especialistas desenvolveram diferentes métodos e estratégias para amenizar as dificuldades enfrentadas pelas pessoas autistas, como os métodos baseados em ABA para o autismo.
Nesse texto, iremos chamar de “método aba para autismo”, mas é MUITO importante que vocês entendam que ABA em si não é um método, ele é a ciência do comportamento aplicada, ou seja, existem métodos que são BASEADOS em Análise Aplicada do Comportamento (Applied Behavior Analysis).
Nesse artigo, falaremos tudo sobre Método ABA para autismo, apresentando o que é, como ele é aplicado, derivações, histórico e muito mais.
O que significa ABA?
O significado prático para a sigla ABA é, no inglês, Applied Behavior Analysis, ou Análise do Comportamento Aplicada.
ABA é um método ou ciência?
A Análise do Comportamento Aplicada(ABA) é uma ciência, desenvolvida por filósofos e psicólogos do Behaviorismo Radical, uma vertente importantíssima da área da psicologia.
Ela é considerada uma ciência justamente por possuir bases sólidas e concretas, com comprovações expressivas que atestam a sua eficiência no trato comportamental com as crianças.
O que é a análise do comportamento?
Como dissemos, a análise do comportamento é uma ciência humana, formulada e elaborada por um psicólogo norte-americano chamado B. F. Skinner.
Como o próprio nome entrega, a análise do comportamento busca estudar aspectos comportamentais das pessoas, considerando, principalmente, a interação entre organismos e o ambiente em que estão inseridos.
História da análise do comportamento
Para entender o porque o Método ABA para autismo é tão utilizado, precisamos relembrar brevemente a história da análise do comportamento.
Na primeira metade do século XX, a discussão em torno do comportamento das pessoas era muito forte. Nesse período, Skinner, muito baseado nas propostas estipuladas por Charles Darwin, escreveu uma série de publicações.
Nesses conteúdos, Skinner rompe com alguns pensamentos da época, criando uma visão dentro do Behaviorismo. Na prática, Skinner buscou aplicar o método evolucionista de Darwin, mas, considerando também as características psicológicas do comportamento humano.
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Quando apareceu o primeiro método de autismo dentro da ABA
Existem pesquisas pioneiras de Ferster (1961) e Ferster e DeMyer (1961 e 1962), que demonstraram que crianças com disturbios do desenvolvimento conseguiam aprender melhor, uma vez que houvesse modificação em seu comportamento, aumentando seus repertórios de habilidades e diminuindo os comportamentos inadequados.
A primeira vez em que a análise do comportamento foi utilizada para criar um Método ABA para autismo foi nos Estados Unidos, em 1987.
Ivar Lovaas, no ano de 1987, utilizou princípios comportamentais no ensino de crianças autistas, ele foi o pioneiro no método aba para autismo. Suas pesquisas comprovaram que: de 19 crianças que tiveram esse tratamento, 47% iniciaram seus estudos em escolas regulares.
Nesse ano, surgiu a primeira pesquisa efetiva que analisava o impacto da análise do comportamento em pessoas que possuíam o TEA.
Nesse estudo, os resultados foram satisfatórios. Cerca de 80% dos casos de TEA que foram tratados com métodos da análise de comportamento tiveram uma boa evolução.
Portanto, ainda neste período, o método ABA para autismo começou a apresentar resultados importantes, servindo como uma nova forma de tratamento para o autismo e sendo utilizado até hoje.
Atualmente existem críticas relacionadas ao método aba para autismo, principalmente da forma que ele inicialmente começou, pois era um treino bastante rigoroso com as crianças, desconsiderando outras questões sobre autismo que foram descobertas e estudadas depois, como, por exemplo as questões sensoriais ou a função das estereotipias.
Mas deixaremos essa reflexão sobre usar ou não o método aba para autismo em outro post, nesse iremos somente manter você informado sobre as terapias que existem dentro do ABA.
Quais são os métodos ABA?
Dentro da categoria de método ABA para autismo, existem algumas especificações. Como a análise do comportamento é uma ciência, especialistas aplicam essa ciência de diferentes maneiras, construindo uma variedade na aplicação dos métodos.
ABA DTT
A primeira modalidade de ensino aplicado sobre o método ABA para autismo, é a DTT (Discrete Trial Training) ou Ensino por Tentativas Discretas.
Nessa modalidade, as crianças são estimuladas a repetir procedimentos constantes com a ajuda de um terapeuta, para obter diferentes respostas.
Geralmente, o DTT é aplicado em ambientes controlados, como uma sala reservada apenas para isso. As crianças são colocadas na frente de uma mesinha, enquanto os terapeutas precisam estar na mesma altura que elas.
Por fim, o objetivo é alcançado a partir de 3 etapas principais: primeiro, a criança é estimulada seguindo um checklist de habilidades; na sequência acontece a resposta da criança; e no final existe o reforço ou procedimento de correção.
ABA PRT
O segundo método ABA para autismo, é o PRT (Pivotal Response Treatment) ou então Treinamento de Respostas Pivôs, usa uma abordagem diferente da DTT.
Enquanto o primeiro método busca estimular respostas das crianças em ambientes controlados, o PRT vem de uma vertente naturalista.
Nesse método, as crianças são estimuladas a mudar de comportamento de forma natural, em situações naturais, sem um controle prévio e permitindo que elas façam suas próprias escolhas.
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Esse método foi criado, pois, alguns especialistas perceberam que muitas crianças tinham total desinteresse em aprender coisas novas, entretanto, quando estimuladas de forma natural, esse panorama mudou.
ESDM
Na sequência, temos o (3°) método ABA para autismo, que é o ESDM (Modelo Denver de Intervenção Precoce).
Esse é um método criado por Sally Rogers e outros especialistas, que busca estimular crianças a desenvolverem diversas capacidades a partir de jogos e brincadeiras, visando melhorar a interação social das crianças que possuem TEA. Também tem uma vertente de ABA naturalista, baseado em respostas mais naturais no ambiente da criança.
Nesse sentido, são utilizados jogos objetivos e atividades de mesa, sendo brinquedos que precisam ser manuseados com a atenção constante dos terapeutas que acompanham as crianças.
Especialistas que utilizam o Modelo Denver afirmam que a positividade das interações é fundamental para que as crianças autistas possam aprimorar suas capacidades de interação social.
JASPER
O último método ABA para autismo que falaremos é o modelo Jasper.
JASPER significa: The Joint Attention, Symbolic Play, Engagement & Regulation (JASPER) ou seja, Atenção Compartilhada, Brincar Simbólico, Engajamento e Regulação.
O modelo JASPER é uma abordagem terapêutica baseada em uma combinação de princípios de desenvolvimento e comunicação, desenvolvido pela Dra. Connie Kasari na UCLA.
Centra-se em os fundamentos da comunicação social (atenção conjunta, imitação e brincadeira) e usos estratégias naturalísticas para melhorar a frequência, fluência e complexidade da comunicação social.
EVIDÊNCIAS E RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO
Nos últimos 15 anos, JASPER tem sido testado em diferentes estudos randomizados e controlados (estudos científicos de alta padrão) liderado por pesquisadores dentro e fora do Dr.Kasari e em que participaram mais de 500 crianças com ASD.
Em muitas tentativas, independente que avaliou a eficácia do JASPER, encontramos melhorias no engajamento, comunicação social e na regulação das emoções com diminuição de comportamentos inadequados e aumento nas nas estratégias de co-regulação de pais.
Assim, por exemplo, JASPER foi uma intervenção funcional para trabalhar com comunicação social baseada em evidências científicas recomendadas pelo UK NICE (2013).
Enquanto os outros métodos impulsionam mudanças no comportamento social das crianças através da interação entre elas e o terapeuta, o método Jasper encoraja elas a trabalharem em conjunto com outras crianças.
Dessa forma, Jasper é uma ação fundamentada e baseada em práticas de jogos e brincadeiras, estimulando-as a interagirem com o terapeuta e outras crianças também. O foco em comunicação social e brincar simbólico são trabalhados a partir de uma abordagem naturalista e comportamental.
Qual método ABA devo escolher para meu filho?
Todo método ABA para autismo, como os que apresentamos anteriormente, são eficientes e possuem comprovação experimental de que funcionam.
Dessa maneira, as famílias podem escolher aquele que mais se sentem confortáveis, analisando as teorias, as técnicas utilizadas, a forma como eles são aplicados, etc. Portanto, a escolha é totalmente particular, ou seja, depende da vontade dos pais das crianças.
Um ponto muito importante a ser analisado é a formação da terapeuta que você escolher para seu filho, pode pedir para ver certificados e formações específicas. Assim como o vínculo que seu filho tem com ela, um bom vínculo é a base do trabalho com uma criança autista.
Respeitando sua forma de ser no mundo e auxiliando com as dificuldades apresentadas.
Se faz meses que seu filho chora para ir à terapia, fique alerta. Assim como os objetivos da terapia de seu filho. Terapia para autismo não deve ser para “normatizar” a criança.
Conclusão
Nesse artigo, compreendemos a história e o funcionamento da análise do comportamento, e como essa ciência é utilizada para a criação de diferentes Método ABA para autismo. Nesse sentido, falamos dos métodos mais comuns, como eles funcionam e de que maneira eles ajudam as crianças a mudarem comportamentos recorrentes em crianças autistas. Por fim, informamos que a escolha de qual método deve ser utilizado depende da vontade e da decisão dos pais, pois, todos apresentam resultados satisfatórios, mas funcionam de formas distintas.
* “Método aba para autismo” – usamos no texto de forma informal, mas é MUITO importante que vocês entendam que ABA em si não é um método, ele é a ciência do comportamento aplicada, ou seja, existem métodos que são BASEADOS em Análise Aplicada do Comportamento (Applied Behavior Analysis).
Quer saber mais sobre o assunto? Me siga no instagram, aonde eu relato todo o meu trabalho com crianças autistas!
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