Essa é uma pergunta muito comum no mundo do autismo… será que existe menina autista? E cada vez mais nos aproximamos de mais e mais informações sobre o tema. E é claro que sim, existe menina autista siiim!
O que sabemos até o momento
Probabilidade do autismo em meninas e meninos
Até o momento, nossas pesquisas apontam a razão 4:1 de autismo em meninas, ou seja, a cada 5 nascimentos de crianças autistas teremos 4 meninos autistas e uma menina autista. Porém, com os estudos e novas descobertas, já sabemos que esse é um número duvidoso, e se faz necessário novas pesquisas na área para garantirmos a resposta dessa pergunta.
Não sabemos ainda explicar porque o autismo é mais comum em meninos, porém, cada vez mais temos o diagnóstico de meninas autistas leves.
Antigamente, se acreditava que meninas autistas eram somente muito graves, ou seja, diversas meninas passaram anos e anos sendo autistas e lidando com diferentes dificuldade sem ao menos ter o diagnóstico correto.
Diagnósticos errados de autismo em meninas
Temos muitas meninas autistas adultas que relatam terem sido erroneamente diagnosticadas com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Esquizofrenia, Transtorno Bipolar, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno Opositor Desafiador (TOD). Sendo que sempre foram autistas, porém, ninguém enxergou as características nelas, pois eram um pouco diferente dos meninos.
O que dizem os cientistas?
Allison Ratto, neuropsicóloga do Sistema Nacional de Saúde da Criança explica: “O autismo continua sendo mais comum nos meninos, mas descobrimos que as meninas podem, desde cedo, mascarar os sintomas quando estão no consultório médico e na convivência diária, o que atrapalha o diagnóstico”.
Allison é autora de um dos trabalhos que observou essa diferença, que se explica, em parte, por uma maior habilidade social natural e um aparente fator protetor do sexo feminino. “O cérebro das meninas é conectado de uma maneira diferente, mas também sabemos que a sociedade também espera coisas diferentes delas, o que impacta no comportamento”, comenta Allison. Então, fica mais e mais claro que existe menina autista sim, várias.
E é por essa razão, que anteriormente o autismo associado ao diagnóstico em meninas era sempre considerado grave, relacionado com questões de epilepsia e hiperatividade. Porém, existe menina autista que apresenta uma manifestação mais leve sim, que pode até ser confundida com timidez ou problemas de adaptação, cenário que felizmente está mudando.
Masking ou Camuflagem no autismo
O que é masking no autismo?
Esse é um tema que vale um post inteirinho para falar sobre isso, porém, iremos abordar um pouco sobre o masking, camuflagem ou “mascaramento” no autismo! E ele pode ser em meninas ou meninos hein? Ambos podem ter essa estratégia de defesa que no fundo, faz muito mal à eles mesmos.
Quando nos perguntamos se existe menina autista, temos que lembrar que meninas, em geral, são seres mais sociais, emocionais, atentos às necessidades dos outros, pois faz parte do ser feminino. E, consequentemente, estamos em uma sociedade que cobra alguns comportamentos corretos das meninas, então somos levadas a sempre imitar as pessoas em um ambiente para fazer tudo “certo”.
Por exemplo, digamos que eu te convide hoje para vir jantar em um restaurante chiquérrimo, cheio de regras de etiqueta que você nunca aprendeu. O que você faria? Observaria tudo, e imitaria a pessoa que te convidou, pois se ela frequenta aquele ambiente, ela deveria saber as regras.
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Portanto, se o primeiro garfo é o maior, ou o menor, o que fazer com os três pratos diferentes que tem, os 3 copos que ali estão, você faria tudo isso seguindo a imitação de quem te convidou, pois você não queria passar “vergonha” ou demonstrar que não sabe, certo?
Infelizmente sim, pois é assim que nossa sociedade funciona. Claro, a não ser que você tivesse intimidade suficiente para dizer: “ei, eu não sei como funcionam essas regras, me ensina?” E aí claro, sua amiga te ensinaria e ficaria tudo bem, mas ainda assim, na dúvida, você imitaria para garantir seguir a regra do local.
Quando nos perguntamos se existe menina autista, é isso. As meninas estão de olho nas colegas da escola, primas, amigas da rua, e imitam seus comportamentos. Então, vamos dizer em uma frase bem simples que, elas conseguem “disfarçar” vários comportamentos autísticos, apenas pela imitação social.
Então, o grande resumo do masking é esse: imitar os comportamentos neurotípicos a fim de disfarçar os comportamentos autísticos. A razão do masking pode ser simplesmente por intuição da criança neurodiversa em querer fazer parte do grupo, por isso imita as amigas e amigos. Ou então, quando crescidos, tentar se adequar ao ambiente, seja de trabalho, estudos, etc. Observar os comportamentos dos colegas e imitá-los, para que não receba olhares curiosos querendo entender porque ele pula ou anda de um lado para outro na sala.
Qual é a dificuldade do masking?
Entendeu a dificuldade do masking? O masking quase apaga quem a pessoa é verdadeiramente, e não queremos isso. Quando pensamos em inclusão, temos que aceitar as pessoas como elas são. Claro que podemos ajudar sempre em suas adequações e adaptações aos ambientes, mas nunca “cortando” quem ela é… por exemplo, se uma menina autista precisa fazer flapping para se organizar, ou levantar da cadeira, dar algumas voltas, e depois voltar para o lugar, a adequação dela em seu ambiente precisa considerar que isso faz parte de quem ela é, então, ela poderá fazer.
E aí, cabe aos neurotípicos entender seu comportamento. Ou, caberá à nós, adultos, ensinarmos nossas crianças sobre os porquês a colega precisa pular, correr ou andar em círculos em alguns momentos.
Precisamos ensinar nossos filhos sobre as diferenças 🙂
E é por isso que precisamos ensinar nossos filhos sobre as diferenças, deixo aqui um link que tem ideias bem legais sobre esse tema: Clique aqui
Como saber se minha filha tem autismo
Características de autismo em meninas
Para fecharmos o diagnóstico de autismo, ainda utilizaremos informações presentes no DSM-V, lembram do nosso texto Como saber se meu filho é autista. Nesse texto apresentei as principais características de autismo, independente de meninos e meninas, a nossa base de avaliação para o diagnóstico é o DSM-V.
O que acontece no autismo em meninas é que algumas características diferentes podem aparecer, como por exemplo:
- imaginação fértil, às vezes até fértil “demais”;
- imitação adequada à idade;
- interesse em socializar e interagir com as colegas
- confusão com timidez
- empáticas
- amorosas
- dificuldades na comunicação social
- hiperfocos
Percebem que as características típicas de autismo estão ali? E claro, se quiser ler mais sobre as características para o diagnóstico de autismo vá até o texto citado acima.
Temos algumas outras características que “cobrem” um pouco o que conhecemos como autismo. E é aí que mora a dificuldade, em realmente diferenciar as características entre autismo ou outras dificuldades da criança.
Tratamento do autismo em meninas
Já que aprendemos que existe menina autista, então como tratar autismo em meninas?
O tratamento do autismo em meninas e meninos é igual! Dentro desse aspecto não temos diferença… precisamos avaliar a criança e verificar quais especialidades terapêuticas ela irá precisar. Provavelmente será psicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. Além de iniciar a escola o quanto antes também.
Essas terapias irão ajudar a menina a se organizar, se entender, se regular, aceitar quem e como ela é. O mais importante aí é a questão da regulação emocional, inicialmente, para que ela consiga se organizar frente a diferentes situações. É muito importante que a própria menina saiba que ela é autista, claro que esse tema irá depender um pouco do nível cognitivo dessa criança, mas é importante que ela compreenda o que é ser autista.
O tratamento do autismo é baseado em intervenções desenvolvimentistas, comportamentais e multiprofissionais, de acordo com as necessidades e individualidades de cada criança. Já que já falamos sobre sim, existe menina autista, precisamos entender que não há diferenças entre o tratamento para meninas e meninos com autismo, mas, sim, particularidades do tratamento para cada paciente, a fim de potencializar habilidades e amenizar comprometimentos e dificuldades.
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Autistas na mídia
Atriz
Courtney Love – A viúva de Kurt Cobain, e ex-vocalista da banda Hole, foi diagnosticada como autista aos nove anos. Courtney, que também é atriz premiada, tem carreira marcada por sucesso profissional, comportamentos polêmicos e relacionamentos complicados. Hoje, aos 52 anos, ela encontrou o equilíbrio no budismo e na yoga, além de ser mais voltada à atuação. Existe menina autista sim, e famosas até!
Daryl Hannah – A atriz foi diagnosticada com autismo aos três anos. Os médicos sugeriram que ela fosse medicada e internada. A mãe de Daryl não acatou a ideia. A filha se tornou atriz de grande sucesso, ao atuar em filmes como Splash – Uma sereia em minha vida e na cinessérie Kill Bill, de Quentin Tarantino. Hoje ela é uma das estrelas da série “Sense 9”, do Netflix.
Susan Boyle – Diagnosticada com autismo após os 50 anos, Susan Boyle tornou-se famosa por meio de um popular reality show de calouros britânico. Ela era vista como esquisita, até que sua voz impressionou os jurados e o vídeo com sua participação viralizou na internet. Menos de dez anos depois, ela já é uma das cantoras mais bem-sucedidas do Reino Unido. Existe menina autista cantora de sucesso.
Filmes
Temple Grandin – O filme conta a história real de uma mulher autista que demorou a falar e, hoje, é PhD em Zootecnia e professora da Universidade do Colorado. Ela até já foi considerada uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. O filme venceu cinco prêmios Emmy, o Oscar da televisão, nas categorias direcionadas a minisséries e telefilmes. Temple Grandin é um ótimo exemplo de que existe menina autista, e hoje em dia ela já passou dos 70 anos, então temos as idosas autistas também, ensinando diariamente.
The Bridge – Na série policial, Diane Kruger interpreta Sonya, uma detetive autista. Julgamentos de esquisita e dificuldades de relacionamento são constantes na vida da personagem. Para ela, certo e errado são conceitos bem claros. A sinceridade faz parte de seu dia a dia. Sonya canaliza a maior parte de sua energia no trabalho, algo comum em pessoas no espectro na vida real.
Jane procura um namorado – Nesta comédia romântica, Jane é uma garota sonhadora, com Síndrome de Asperger. Ela quer namorar, mas tem dificuldades de socialização e comunicação afetiva. Com apoio da irmã, Jane procura o par ideal, para que comece a namorar. Existe menina autista apaixonada também.
Protagonista autista em Malhação
A nova temporada de Malhação – Viva à diferença tem, entre as protagonistas, a autista Benê, interpretada por Daphne Bozaski. A personagem foge do estereótipo geralmente ligado a garotos com Síndrome de Asperger na teledramaturgia. Ela é uma adolescente com desafios comuns a jovens autistas, como pensamento literal e dificuldade de ler sinais corporais e intenções das pessoas. Esse tema é muito legal pois aproxima a sociedade de entender que existe menina autista sim, e conhecer um pouco mais das características e situações que podem vivenciar.
Fonte: Autismo no feminino
Conclusão
Espero que com o texto de hoje vocês tenham aprendido que sim, existe menina autista, e que o diagnóstico de autismo em meninas pode ser mais díficil que o de meninos, por isso temos que estudar e nos manter atualizadas sobre o tema.
Uma dica bem legal que deixo para vocês é seguir meninas autistas no instagram e em seus blogs e sites! Quando alguém te perguntar se existe menina autista, você já manda os instagrams delas para que a pessoa conheça mais. No meu insta tenho algumas dicas bem legais de meninas autistas para seguir e conhecer mais. Segue o link:
Lá vocês poderão conhecer meninas autistas e aprender muitas coisas com elas e suas experiências.
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