Pra que serve o diagnóstico de autismo tardio?

Pra que serve o diagnóstico de autismo tardio?
Paulinha Psico Infantil

Paulinha Psico Infantil

Olá, sou a Paulinha, psicóloga infantil com foco em transtornos do neurodesenvolvimento. Crio conteúdos na internet desde 2015 e ajudo milhares de mães e outras profissionais da área todos os dias aqui e em minhas redes sociais.

Muita gente não sabe, mas existe uma quantidade grande de pessoas que estão no espectro do autismo e ainda não sabem disso. Esses casos de TEA são, principalmente, de autistas com grau 1 de suporte, o que significa que apresentam menos necessidade de apoio e suporte, são mais independentes, apresentam fala e comunicação adequadas. Você pode pensar que, se na fase adulta a pessoa ainda não descobriu que está no TEA, já não faz diferença, mas não é bem assim: o diagnóstico de autismo tardio muda a vida da pessoa. 

O que é diagnóstico de autismo tardio?

O que é diagnóstico de autismo tardio?

O TEA é um transtorno que pode ser muito difícil de identificar pelos pais, principalmente quando o grau de suporte necessário não é tão grande e os pais não têm muitas informações sobre o espectro. Muitas vezes, mesmo que a criança apresente vários sinais característicos, os cuidadores e até alguns profissionais da saúde que atendem a criança podem confundir o autismo com outras coisas, atribuindo os comportamentos à preguiça, personalidade, “gênio”, criança teimosa, criança difícil, etc. 

É o caso, por exemplo, do Lucas e do Pedro, que foram entrevistados em lives lá no meu perfil do Instagram. O Lucas foi diagnosticado aos 20 anos de idade, depois de ter passado a vida vendo a mãe buscar respostas em todos os lugares, com vários profissionais da saúde diferentes, até que ele mesmo achou a resposta com seus estudos em psicologia. Mais ou menos a mesma coisa aconteceu com o Pedro, que pesquisou por si mesmo vários campos da psicologia até que, aos 25 anos, se convenceu de que fazia parte do espectro autista. 

A história deles é comum. Mesmo que os pais percebam que há algo de errado, quando as dificuldades não são grandes a ponto de impedir o desenvolvimento da criança em alguma área importante, muitos pais não sabem onde procurar ajuda ou acabam deixando o assunto de lado. No caso do Fábio, mostrado no canal ter.a.pia, tanto os médicos quanto a família simplesmente o tacharam de “preguiçoso” e não suspeitaram que ele fosse autista.  

Geralmente, o diagnóstico tardio acontece pela mesma razão: os pais, quando percebem que algo não está certo, sem muito conhecimento, buscam profissionais de outras áreas, que não reconhecem os indicativos do TEA, e então ou ficam muitos anos supondo várias condições ou transtornos que não são o caso do indivíduo, ou deixam a questão de lado. 

A importância do diagnóstico de autismo tardio

Os três casos que mencionamos aqui no texto, do Pedro, do Lucas e do Fábio, são ótimos exemplos do porquê procurar um laudo diagnóstico mesmo depois de tantos anos convivendo com o TEA sem saber. Todos os três sofreram por bastante tempo sem saber o que estava acontecendo e ainda sendo tratados pelos outros como se aqueles comportamentos diferentes fossem de algum modo culpa deles. Vamos ver um pouquinho sobre como o diagnóstico de autismo tardio foi importante na vida deles. 

Confira os vídeos, onde os três comentam sobre as dificuldades pelas quais passaram até entenderem que estavam no espectro e como essa descoberta mudou suas vidas:

Fábio

Fábio conta que, durante toda a vida, foi julgado pela família como preguiçoso. Até os médicos na infância falavam que a mãe dele não precisava se preocupar, que os atrasos do filho eram apenas preguiça. Quando sua esposa ficou grávida e pesquisou sobre os transtornos com os quais o bebê poderia nascer, leu sobre autismo e percebeu que seu marido se encaixava em muitas das características. 

O próprio Fábio confirma o quão libertador foi, depois do primeiro choque e da negação, descobrir que tem autismo. Ele sofria por ficar em multidões, sofria com mudanças repentinas de rotina, escondia estereotipias, enfim, sofria no geral por achar que não era adequadamente adaptado. Ao descobrir seu diagnóstico de autismo tardio, Fábio pôde se entender melhor, se aceitar melhor e conseguir o respeito da família quanto aos seus comportamentos diferentes. E tudo isso foi acontecer apenas aos 35 anos de idade!

Lucas 

Já no caso do Lucas, sua mãe buscava resposta com vários médicos, mas sem sucesso. Ele mesmo já tinha perdido esperança, até que leu sobre o TEA por causa dos estudos da faculdade de psicologia e se identificou com alguns comportamentos. Então, aos 20 anos de idade, foi diagnosticado e, desde então, sua vida se tornou muito mais alegre e hoje ele tem vários amigos autistas que o entendem, inclusive faz parte de movimentos ativistas pelo TEA.

Pedro

O Pedro é um caso único: com 25 anos, depois de muitos estudos, percebeu que de fato estava no espectro. No entanto, ele só buscou um laudo depois que casou, para provar à sua esposa que seu comportamento não era falta de educação, grosseria ou nada disso. Ele era apenas mais um caso de diagnóstico de autismo tardio. E foi por causa desse processo que ele mesmo passou que, junto a uma psicóloga, ele abriu um instituto focado em diagnóstico de autistas adultos, a clínica terapeutar.

Quem pode fazer o diagnóstico de autismo tardio

Quem pode fazer o diagnóstico de autismo tardio

Quando ainda na infância, o diagnóstico do TEA acontece principalmente com um neuropediatra, psicólogo infantil e pediatra. Já no caso dos adultos, quais profissionais se deve buscar para um diagnóstico tardio?

É importante saber que nem todos os profissionais têm um conhecimento aprofundado do autismo, ainda que sejam psiquiatras, psicólogos ou até neuropsicólogos. Isso acontece porque essas áreas se subdividem em várias especializações, e ninguém é capaz de saber profundamente todos os assuntos em todas as vertentes. 

Dito isso, é necessário buscar por profissionais que de fato tenham conhecimento sobre o autismo. Como acontece com as crianças, é preciso passar por mais de um profissional para que obter o diagnóstico, mas os psiquiatras e psicólogos que entendam do assunto são os ideais para começar, já que podem eliminar alguns outros transtornos possíveis e encaminhar melhor um possível diagnóstico de autismo tardio. Depois dessa etapa, é necessário passar por avaliações neuropsicológicas. 

Infelizmente ainda é comum que os adultos sejam diagnosticados com outras questões como: depressão, bipolaridade, ansiedade generalizada, entre outros, antes do médico concluir que é Transtorno do Espectro Autista.

Faça um teste de autismo para adultos

Para auxiliar na sua própria avaliação você poderá fazer o teste QA (na tabela abaixo) ou o Aspie Quizz, nesse link.

O Quociente Autism-Spectrum, ou AQ, é uma medida do grau de traços autísticos em adultos. Este teste não é um autodiagnóstico, ele tem o objetivo de ajudar a identificar alguns traços que podem estar ligados aocomportamento autista.

Concordo definitivamenteConcordo um poucoDiscordo um poucoDiscordo
definitivamente
1Eu prefiro fazer as coisas com os outros, em vez de sozinho.
2Eu prefiro fazer as coisas da mesma maneira sempre.
3Se eu tentar imaginar algo, acho que é muito fácil criar uma imagem em minha mente.
4Eu freqüentemente fico tão fortemente concentrado em uma coisa que eu ignoro outras coisas.
5Costumo observar pequenos sons quando os outros não os percebem.
6Eu costumo observar placas de carros, números ou seqüências similares de informações.
7Outras pessoas freqüentemente me corrigem, dizendo que o que falo é falta de educação, mesmo quando eu acho que é educado.
8Quando eu estou lendo uma história, eu posso facilmente imaginar o que os personagens estão fazendo.
9Sou fascinado por datas.
10Em um grupo social, eu posso facilmente manter conversação com diferentes pessoas.
11Acho fácil conviver socialmente.
12Eu percebo detalhes que outros não percebem tão facilmente.
13Prefiro ir a uma biblioteca do que uma festa.
14Acho inventar histórias algo muito fácil.
15Sou atraído mais fortemente para as pessoas do que para coisas.
16Quando tenho interesse muito forte num determinado assunto, fico muito chateado se não consigo levar adiante meus pensamentos sobre este assunto.
17Eu gosto de fofoca social.
18Quando eu falo, nem sempre é fácil para os outros entenderem claramente o que quero dizer.
19Sou fascinado por números.
20Quando eu estou lendo uma história, acho difícil entender as intenções dos personagens.
21Eu particularmente não gosto de ler ficção.
22Acho que é difícil fazer novos amigos.
23Percebo padrões nas coisas o tempo todo.
24Prefiro ir ao teatro do que um museu.
25Ele não me chateio se minha rotina diária é perturbada.
26Eu freqüentemente tenho dificuldade em manter uma conversa.
27Consigo facilmente “ler nas entrelinhas” quando alguém está falando comigo.
28Eu costumo me concentrar mais numa imagem por inteiro do que nos pequenos detalhes.
29Eu não sou muito bom em lembrar números de telefone.
30Eu não costumo perceber pequenas mudanças em uma situação ou na aparência de uma pessoa.
31Eu percebo se alguém que está me ouvindo está ficando entediado.
32Acho fácil fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.
33Quando eu falo ao telefone, tenho dificuldade de saber quando é a minha vez de falar.
34Eu gosto de fazer as coisas de forma espontânea.
35Muitas vezes sou o último a entender uma piada.
36Consigo perceber o que uma pessoa está pensando ou sentindo só de olhar para seu rosto.
37Se houver uma interrupção, eu posso voltar para o que eu estava fazendo muito rapidamente.
38Eu sou bom em conversa social.
39Muitas vezes as pessoas me dizem que eu continuo falando repetidamente sobre a mesma coisa.
40Quando eu era jovem, eu gostava de jogar jogos de imaginação com outras crianças.
41Eu gosto de coletar informações sobre categorias de coisas (por exemplo, os tipos de carros, pássaros, trens, plantas).
42Para mim, é muito dificil imaginar-me sendo outra pessoa.
43Eu gosto de planejar cuidadosamente qualquer atividade que eu irei participar.
44Gosto de ocasiões (reuniões) sociais.
45Acho difícil detectar as reais intenções das pessoas.
46Situações novas me deixam ansioso.
47Eu gosto de conhecer novas pessoas.
48Eu sou um bom diplomata.
49Eu não sou muito bom em lembrar da data de nascimento das pessoas.
50Gosto de brincar de jogos imaginários com as crianças.

Confira sua pontuação:

Se você respondeu “Concordo definitivamente” ou “concordo um pouco” às perguntas 2, 4, 5, 6, 7, 9, 12, 13, 16, 18, ​​19, 20, 21, 22, 23, 26, 33, 35, 39, 41, 42, 43, 45, 46, marque 1 ponto. As demais não marcam pontos.  

Se você respondeu “Discordo definitivamente” ou “Discordo um pouco” às perguntas 1, 3, 8, 10, 11, 14, 15, 17, 24, 25, 27 , 28, 29, 30, 31, 32, 34, 36, 37, 38, 40, 44, 47, 48, 49, 50, marque 1 ponto. As demais não marcam pontos.  

No primeiro ensaio principal usando este teste, a pontuação média no grupo de controle foi de 16,4pontos. 80% das pessoas diagnosticadas com autismo ou um distúrbio relacionado marcaram 32 pontos ou mais . O teste não é um meio preciso de fazer um diagnóstico. Muitos que pontuam acima de 32 pontos e até mesmo venham a atender aos critérios de diagnóstico de autismo leve, podem levar uma vida comum, sem grandes dificuldades, respeitando suas limitações e interagindo com pessoas que conheçam e respeitem sua forma de viver. Recomendamos a avaliação de um profissional em caso de pontuação acima de 32 pontos.  

Se informe sempre!

A melhor maneira de estar preparado para reconhecer o TEA, seja em você mesmo, nos filhos ou até em pessoas amadas, como aconteceu com o Fábio, é estar bem informado. Então dá uma olhada no meu blog, tem vários artigos informativos que vão te ajudar. Além disso, meu Instagram e YouTube trazem muito conteúdo importante para entender melhor o autismo. Dá uma conferida!

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