Identificando e manejando comportamentos internalizantes no consultório infantil
Identificando e manejando comportamentos internalizantes no consultório infantil

A infância é um período crucial do desenvolvimento humano, marcado por intensas transformações cognitivas, emocionais e sociais. Nesse cenário, o papel da psicologia infantil é fundamental para identificar precocemente sinais de sofrimento psíquico, que podem se manifestar de diferentes formas. Entre essas manifestações, os comportamentos internalizantes se destacam por sua sutileza e complexidade, exigindo do profissional um olhar clínico atento e sensível.

Diferentemente dos comportamentos externalizantes, que se expressam por meio de agressividade, impulsividade e condutas desafiadoras, os comportamentos internalizantes são mais silenciosos, voltados para dentro da criança. Tristeza profunda, retraimento social, ansiedade, medos excessivos, baixa autoestima e somatizações são algumas das formas pelas quais esses comportamentos se apresentam. Por serem menos disruptivos, muitas vezes passam despercebidos por pais, professores e até mesmo por alguns profissionais.

Neste artigo, vamos discutir como identificar os comportamentos internalizantes no ambiente clínico infantil, quais são suas causas mais comuns, como afetam o desenvolvimento da criança e quais estratégias de manejo são mais eficazes no contexto da psicoterapia. O objetivo é oferecer subsídios teóricos e práticos que ampliem a capacidade do terapeuta infantil de acolher, compreender e intervir de maneira eficaz diante desses quadros.

O que são comportamentos internalizantes?

Os comportamentos internalizantes são respostas emocionais e comportamentais direcionadas ao próprio sujeito, refletindo dificuldades na regulação emocional, na autoestima e nas relações interpessoais. Eles incluem quadros como ansiedade, fobias, depressão infantil, isolamento social, insegurança, distúrbios do sono e da alimentação, além de somatizações frequentes (dores de cabeça, dores abdominais, entre outros sintomas sem causa médica aparente).

Esses comportamentos podem estar presentes em crianças de todas as idades, mas tendem a se tornar mais evidentes na faixa etária escolar, quando as exigências sociais e acadêmicas aumentam. Crianças que apresentam comportamentos internalizantes costumam ser vistas como “boazinhas”, “quietas” ou “tímidas”, o que pode retardar o reconhecimento de que algo não vai bem.

Além disso, essas manifestações podem ser influenciadas por fatores genéticos, temperamento, estilo parental, vivências traumáticas, bullying, perdas ou mudanças bruscas no ambiente familiar. Em muitos casos, os comportamentos internalizantes coexistem com outros transtornos, como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), entre outros.

Sinais clínicos no consultório

No contexto do atendimento psicológico infantil, é essencial que o profissional esteja preparado para identificar sinais sutis, que muitas vezes escapam à observação superficial. Os comportamentos internalizantes podem se manifestar por meio de:

  • Silêncio excessivo durante a sessão;
  • Evitação do contato visual;
  • Dificuldade para se engajar em atividades lúdicas;
  • Desânimo ou falta de energia para brincar;
  • Respostas frequentes de medo ou insegurança diante de desafios simples;
  • Rebaixamento da autoestima (“eu sou burro”, “ninguém gosta de mim”);
  • Expressões de tristeza, choro sem causa aparente ou sentimentos de culpa exagerada;
  • Relatos frequentes de sintomas físicos sem causa médica clara;
  • Resistência a falar sobre amigos ou sobre a escola.

Cabe ao terapeuta acolher essas manifestações com empatia e escuta ativa, evitando julgamentos ou interpretações apressadas. A anamnese com os responsáveis e, quando possível, a escuta de professores pode ajudar a contextualizar o quadro e verificar a presença de comportamentos similares em outros ambientes.

Identificando e manejando comportamentos internalizantes no consultório infantil

Avaliação e diagnóstico diferencial

Para uma compreensão aprofundada do caso, o terapeuta pode lançar mão de instrumentos de avaliação clínica, entrevistas semiestruturadas, escalas de sintomas e recursos lúdicos. A escolha das ferramentas deve respeitar a idade da criança e sua capacidade de expressão verbal e simbólica.

Escalas como o CBCL (Child Behavior Checklist), a SDQ (Strengths and Difficulties Questionnaire) ou a MASC (Multidimensional Anxiety Scale for Children) podem ser úteis para mapear os sintomas e acompanhar a evolução ao longo do processo terapêutico. É importante lembrar que os comportamentos internalizantes podem coexistir com transtornos de aprendizagem, dificuldades de linguagem ou quadros do espectro autista, o que exige um olhar interdisciplinar.

O diagnóstico diferencial também deve considerar questões culturais, familiares e contextuais. Uma criança que passou recentemente por uma separação dos pais, por exemplo, pode apresentar tristeza e isolamento que não configuram necessariamente um transtorno, mas sim uma resposta adaptativa ao luto. Por isso, o julgamento clínico cuidadoso é fundamental.

Manejo terapêutico: acolher e fortalecer

O manejo dos comportamentos internalizantes no consultório infantil exige uma combinação de estratégias psicoterapêuticas, que visem à promoção do bem-estar emocional, ao fortalecimento da autoestima e ao desenvolvimento de habilidades sociais e de enfrentamento.

A abordagem deve sempre respeitar o ritmo da criança, oferecendo um espaço seguro, previsível e acolhedor. Abaixo estão algumas estratégias eficazes:

1. Intervenção lúdica

A linguagem simbólica do brincar continua sendo a principal via de comunicação com a criança. Jogos, histórias, desenhos, dramatizações e fantoches são excelentes ferramentas para acessar os conteúdos emocionais internos e ajudar a criança a nomear e compreender o que sente. O terapeuta pode propor, por exemplo, uma história sobre um personagem triste e convidar a criança a imaginar como ajudá-lo, promovendo a externalização simbólica de seu sofrimento.

2. Técnicas de regulação emocional

Respiração consciente, exercícios de mindfulness para crianças, visualizações guiadas e o uso de diários emocionais ajudam a criança a identificar, nomear e modular suas emoções. É essencial ensinar estratégias que possam ser usadas no cotidiano para lidar com a ansiedade, o medo e a tristeza.

3. Reestruturação cognitiva

Em crianças maiores, especialmente a partir dos 8 anos, é possível trabalhar com a identificação de pensamentos disfuncionais e a construção de novos significados. Frases automáticas negativas (“eu sou inútil”) podem ser desafiadas com ajuda de perguntas terapêuticas e com a construção de novas narrativas.

4. Habilidades sociais

Muitas vezes, os comportamentos internalizantes estão associados à dificuldade de se relacionar com os outros. Por isso, o treino de habilidades sociais é uma ferramenta importante para fortalecer a autoconfiança, melhorar a comunicação e reduzir o isolamento. Jogos cooperativos, encenações de situações sociais e exercícios de empatia podem ser incorporados à sessão.

5. Trabalho com os pais

Nenhum processo terapêutico infantil é completo sem o envolvimento da família. Os pais precisam ser orientados sobre como acolher os comportamentos da criança, oferecer segurança emocional, estimular a autonomia e reconhecer pequenos progressos. Muitas vezes, os comportamentos internalizantes estão associados a dinâmicas familiares rígidas, superprotetoras ou com pouco espaço para a expressão emocional.

Prevenção e promoção da saúde mental

Além da intervenção clínica, é papel do psicólogo atuar na prevenção dos comportamentos internalizantes, promovendo a saúde mental desde os primeiros anos de vida. Isso inclui ações educativas com pais e escolas, campanhas de conscientização sobre a importância do brincar, da escuta ativa e do fortalecimento emocional das crianças.

Identificando e manejando comportamentos internalizantes no consultório infantil

A promoção de ambientes afetivos seguros, com rotinas estáveis, vínculos positivos e oportunidades de expressão emocional, é fundamental para o desenvolvimento saudável. Crianças que aprendem desde cedo a falar sobre o que sentem, a pedir ajuda e a encontrar soluções para seus problemas tendem a apresentar maior resiliência e menor vulnerabilidade a quadros internalizantes.

A escuta que acolhe o invisível

Identificar e manejar os comportamentos internalizantes é uma das tarefas mais delicadas da psicologia infantil. Requer sensibilidade, paciência e escuta qualificada. Trata-se de olhar para o invisível, para aquilo que não grita, mas que dói profundamente dentro da criança. O sofrimento emocional que não encontra palavras pode se manifestar em silêncios prolongados, sorrisos que escondem angústias, ou em dores que nenhum exame médico explica.

O consultório infantil deve ser esse espaço de acolhimento, onde a criança possa reconstruir sua relação consigo mesma e com o mundo, sentindo-se segura para existir com todas as suas emoções. O terapeuta que se dispõe a escutar com o coração e intervir com criatividade pode transformar histórias de dor em trajetórias de crescimento e superação.

aixinho, mas carrega dentro de si o desejo legítimo de ser ouvida, compreendida e amada.

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