Atender a criança com hiperatividade é uma tarefa que exige sensibilidade, compreensão e amplo conhecimento por parte do psicólogo infantil. A hiperatividade se trata de uma condição neurobiológica que afeta a atenção, o autocontrole e a moderação do nível de atividade física da criança.
A hiperatividade, no contexto da psicologia, é um estado de excessiva atividade motora e impulsividade que pode ser observado em indivíduos de todas as faixas etárias, não estando restrita à gênero, contexto social, familiar ou cultural, e que se manifesta com maior intensidade durante a infância.
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A criança com hiperatividade é frequentemente associada ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), porém é importante ressaltar que a hiperatividade, apesar de ser um dos componentes do TDAH, pode acontecer de forma isolada e não apresentar relação alguma.
E para a psicologia?
Para a psicologia, entender a hiperatividade envolve considerar fatores biológicos, psicológicos e ambientais. Aspectos genéticos podem desempenhar um imponente papel no desenvolvimento da criança com hiperatividade, e não podem ser esquecidos ou deixados de lado.
Para além da predisposição genética, fatores neuroquímicos desempenham um papel importante na compreensão que a psicologia estabelece da hiperatividade. Esses fatores estão relacionados às substâncias químicas no cérebro, conhecidas como neurotransmissores, que concretizam a comunicação entre as células nervosas.
Dois neurotransmissores em particular, a dopamina e a noradrenalina, têm sido alvo de estudos recentes em relação à hiperatividade, que podem nos auxiliar a ampliar a compreensão que temos das vivências da criança com hiperatividade.
Em detalhes:
A dopamina é um neurotransmissor associado a funções cognitivas como a atenção, o aprendizado, a regulação do humor e, principalmente, o interesse. E para a criança com hiperatividade, algumas pesquisas sugerem que pode haver uma atividade irregular do hormônio no cérebro, contribuindo para a dificuldade em manter o foco em atividades que não estimulem a produção da dopamina.
Já a noradrenalina é outro neurotransmissor que desempenha um papel na regulação da atenção, do humor e da resposta ao estresse. Estudos recentes sugerem que níveis anormais de noradrenalina podem estar associados a comportamentos hiperativos.
Por exemplo, uma criança que reage de forma intensa e impulsiva a situações cotidianas que fogem do seu controle, como ficar frustrada rapidamente com jogos que exigem paciência, ou reagir exageradamente a situações que causam ansiedade. Isso pode ser atribuído a níveis irregulares de noradrenalina, devido à sua capacidade de aumentar a sensibilidade da criança a estímulos do ambiente.
Portanto, a associação entre desequilíbrios neuroquímicos e hiperatividade sugere que o funcionamento adequado da dopamina e da noradrenalina é crucial para regular a atenção, o autocontrole e as respostas emocionais da criança com hiperatividade.
E como posso acolher este paciente no meu consultório?
Avaliação Abrangente: O primeiro passo para atender a criança com hiperatividade é realizar uma avaliação abrangente e individualizada. O que inclui entender o histórico da criança, seu ambiente familiar, a intensidade dos sintomas e como eles impactam sua vida diária. Essa avaliação permitirá ao psicólogo compreender o quadro completo e desenvolver um plano de intervenção apropriado, que faça sentido para a criança.
Intervenção Comportamental: As abordagens comportamentais são frequentemente utilizadas devido ao seu amplo respaldo técnico e científico. O profissional pode trabalhar com a criança para identificar comportamentos inadequados e desenvolver estratégias para lidar com eles e com as consequências deles, incluindo técnicas de autocontrole.
Treinamento de Habilidades Sociais: A criança com hiperatividade frequentemente enfrenta desafios em interações sociais. O terapeuta pode fornecer treinamento de habilidades sociais, ajudando a criança a entender as pistas sociais, melhorar a comunicação e desenvolver relações mais saudáveis com colegas e familiares.
Desenvolvimento de Estratégias de Organização: As crianças hiperativas geralmente têm dificuldades em organizar tarefas e atividades. O psicólogo pode auxiliar na criação de estratégias de organização, como a utilização de listas de afazeres, agendas e lembretes visuais para ajudar a criança a administrar seu tempo e responsabilidades.
Fortalecimento da Autoestima: A criança com hiperatividade pode enfrentar baixa autoestima devido à suas dificuldades diárias e frustrações constantes, além de críticas. O psicólogo trabalha para fortalecer a autoimagem da criança, reconhecendo suas conquistas e incentivando seus talentos individuais.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): A TCC é uma abordagem terapêutica eficaz para crianças que encontram dificuldades em manter a atenção. Ela ajuda a criança a identificar padrões de pensamento negativos e a desenvolver habilidades para modificar esses padrões, promovendo uma visão mais positiva de si mesma e de suas capacidades.
Orientação aos Pais: O psicólogo também tem um papel importante em orientar os pais no manejo do comportamento da criança em casa. Isso inclui fornecer estratégias para lidar com situações desafiadoras, estabelecer limites claros e oferecer reforço positivo.
Trabalho em Equipe: Muitas vezes, estes pacientes podem precisar de um tratamento multidisciplinar, envolvendo médicos, terapeutas ocupacionais e educadores. O psicólogo pode coordenar esse trabalho em equipe para garantir que todas as áreas sejam abordadas de maneira integrada.
Uso de Técnicas Criativas: Os pequenos, ou pequenas, frequentemente respondem bem a abordagens terapêuticas criativas e lúdicas, como jogos, atividades artísticas e brincadeiras. O psicólogo pode usar essas técnicas para envolver a criança e tornar o processo terapêutico mais atraente e responsivo.
Foco no Potencial: É fundamental que o psicólogo reconheça e valorize o potencial de cada um de seus pacientes, porém o paciente com hiperatividade pode encontrar maior dificuldade em identificar seus potenciais. Ao trabalhar juntos para desenvolver habilidades e enfrentar desafios, a criança pode se sentir mais capacitada e confiante em suas capacidades.
Ou seja!
O psicólogo infantil desempenha um papel crucial no atendimento de crianças com hiperatividade. Ao criar um ambiente seguro e acolhedor, utilizar abordagens terapêuticas eficazes e trabalhar em colaboração com a família e outros profissionais, o psicólogo pode ajudar a criança a desenvolver as habilidades que julgar necessárias para um crescimento saudável.
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A hiperatividade pode ter um impacto significativo na vida dos nossos pacientes, especialmente para as crianças em idade escolar. É por isso que uma abordagem multidisciplinar, envolvendo psicólogos, médicos, educadores e familiares, é essencial para fornecer o apoio adequado.
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