Cada criança apresenta comportamentos individuais próprios durante a infância. Em alguns casos, esses comportamentos podem gerar dúvidas aos pais se elas possuem alguma característica que “foge do padrão”, como a hiperatividade. Para saber se a criança possui traços de hiperatividade, é necessário um diagnóstico de hiperatividade infantil.
Claro, essa condição apresenta alguns aspectos bastante marcantes, o que pode acabar gerando uma suspeita dos pais sobre o TDAH (Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade), mas ele só deve ser confirmado realmente através do diagnóstico de hiperatividade infantil.
Nesse artigo falaremos sobre o TDAH, explicando o que é, como fazer o diagnóstico, quais os testes, características do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais) e muito mais.
O que é TDAH?
Para começar, é importante entender o que de fato é o TDAH. Bom, de modo geral, o TDAH é um transtorno neurobiológico, que pode acompanhar as pessoas que o possuem durante a infância e também pelo resto da vida.
Sem o diagnóstico de hiperatividade infantil certamente fica mais difícil de identificar esse transtorno e encontrar soluções para que ele não “regule” toda a vida das pessoas que possuem essa condição.
A estimativa é que 5% da população infantil mundial se enquadrem nesse transtorno durante a infância, sendo que 50% permanecem com sintomas característicos durante a fase adulta. De acordo com a OMS, 2 milhões de adultos ou 4% da população adulta brasileira possuem o TDAH.
As principais características do TDAH se manifestam na inquietude, ansiedade, desatenção e impulsividade, seja durante a infância ou na fase adulta. Claro, existem também outras características comportamentais que podem se enquadrar nesse transtorno, principalmente em diferentes ambientes, como dentro da escola, no convívio com familiares e amigos, por exemplo.
Como dissemos, o DSM é a sigla designada para Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, ou seja, um sistema utilizado para classificar transtornos neurológicos importantes, como o próprio TDAH. O sistema foi desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria e é referência em diversas partes do mundo.
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Para caracterizar o TDAH como um transtorno neurológico que afeta a saúde mental das pessoas, o DSM utiliza alguns critérios em relação aos principais sintomas dessa condição. Cada critério diz de que maneira as crianças se enquadram num possível diagnóstico de hiperatividade infantil. Confira no blog todos os detalhes.
Os principais sintomas são separados em desatenção e hiperatividade/ impulsividade. Confira:
Sintomas de desatenção:
- Não presta atenção a detalhes
- Comete erros descuidados em trabalhos escolares
- Não se mantém atento às lições escolares
- Não acompanha instruções
- Não completar tarefas
- Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
- Frequentemente perde objetos necessários para tarefas ou atividades escolares
- Distrai-se facilmente
- É esquecido nas atividades diárias
Sintomas de hiperatividade e impulsividade:
- Movimenta ou torce mãos e pés com frequência
- Se movimenta com frequência pela sala de aula ou outros locais
- Corre com frequência excessiva em momentos inoportunos
- Tem dificuldades de brincar tranquilamente
- Costuma falar demais
- Frequentemente responde às perguntas de modo abrupto, antes mesmo que elas sejam completadas
- Tem dificuldades em aguardar sua vez
- Interrompe a fala de outros ou se intromete
Nesse sentido, o DSM utiliza os critérios referente a essas duas separações para ajudar no diagnóstico de hiperatividade infantil ou TDAH.
- Critério A diz que, para caracterizar que a criança possui esse transtorno, ela precisa se enquadrar em pelo menos 6 sintomas importantes na desatenção e hiperatividade/impulsividade que permanecem por pelo menos 6 meses.
- Critério B – Vários sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade devem estar presentes antes dos 12 anos de idade.
- CRITÉRIO C – Vários sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade devem estar presentes em dois ou mais contextos (por exemplo, em casa, na escola ou trabalho, com os amigos ou familiares; em outras atividades).
- CRITÉRIO D – Há uma clara evidência de que os sintomas interferem ou reduzem a qualidade do funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
- CRITÉRIO E – Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso da esquizofrenia ou outro transtorno psicótico, e não são melhor explicados por outro transtorno mental (por exemplo, transtorno de humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno de personalidade).
Como fazer o diagnóstico de hiperatividade infantil?
Para facilitar o diagnóstico de hiperatividade infantil ou de TDAH, existem alguns testes e métodos que facilitam esse processo e conseguem determinar com maior precisão se as crianças possuem ou não esse transtorno durante a infância.
É importante que esse diagnóstico de hiperatividade infantil seja feito o quanto antes para que o tratamento seja o mais eficaz possível, ajudando no trabalho de socialização e mudança comportamental dos indivíduos que se enquadram nesse transtorno.
Normalmente, os instrumentos mais utilizados no diagnóstico de hiperatividade infantil ou TDAH são entrevistas, escalas Wechsler (WISC-III ou WAIS III), Escala Child Behavior Checklist (CBCL), Escala Conners, SNAP-IV, o Bender, os critérios do DSM IV.
Entrevista: a entrevista consiste num processo de busca para entender o histórico familair do paciente, conhecendo mais sobre os comportamentos diários, convívio com outras crianças e familiares, entre outros aspectos importantes. Naturalmente ela deve ser realizada com os pais ou cuidadores das crianças;
Escalas Weschler: As escalas Wechsler (WISC-III ou WAIS-III), são os testes práticos mais utilizados para o diagnóstico de TDAH. O primeiro é utilizado para identificar o TDAH durante a infância, enquanto o outro é voltado para a população adulta. Nesse caso, explicaremos como funciona o WISC-III:
WISC-III – O primeiro teste da escala Weschler é composto por 13 subtestes, verbais e perceptivos-motores ou de Execução. Os subtestes se alternam entre esses dois pontos. Os subtestes verbais são compostos pelos itens: informação, semelhanças, aritmética, vocabulário, compreensão e dígitos, enquanto que os subtestes de Execução são formados pelos itens: completar Figuras, código, arranjo de Figuras, cubos, armar objetos, procurar símbolos e labirintos.
Escala Child Behavior Checklist (CBCL): é uma escala utilizada para a identificação de características comportamentais e, consequentemente, o TDAH. É uma escala composta de 138 itens: 20 destinados à avaliação da competência social e outros 118 para verificação de problemas de comportamento e emocionais
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Escala Conners: também é uma escala ampla como a CBCL, podendo ser utilizada para o diagnóstico de hiperatividade infantil. É uma escala baseada em um questionário destinado aos pais ou professores das crianças e com validação no Brasil. O teste avalia hiperatividade, déficit de atenção, transtorno de conduta, hiperatividade com déficit de atenção e sintomas de déficit de atenção associados a transtorno de conduta. A escala é composta por 20 questões e as respostas variaram de 0 a 3 pontos.
SNAP-IV: é um questionário simples realizado com os professores, possibilitando o desenvolvimento de uma lista de uma série de comportamentos a serem avaliados conforme a intensidade e frequência.
Benczik: Escala de TDAH – Versão para Professores (Benczik, 2000) é composta de 49 itens distribuídos em quatro sub-escalas: 1) Déficit de Atenção (DA); 2) Hiperatividade/ Impulsividade (HI); 3) Problemas de Aprendizagem (PA) e; 4) Comportamento Anti-social (AS).
Quem pode fazer o diagnóstico de TDAH?
Muitos pais ficam na dúvida do que fazer quando seus filhos apresentam comportamentos descontrolados, com marcas de hiperatividade, desatenção e agitação. É muito comum, por exemplo, verificar pais que desconsideram isso um caso a ser avaliado, acreditando que é apenas má criação dos filhos e que eles estão apresentando este comportamento para desafiar a autoridade dos pais. Bom, nem sempre isso é verdade.
Caso a criança apresenta comportamentos característicos desse transtorno, é importante levar até os especialistas mais adequados, médicos ou psicólogos, para que eles possam fazer a avaliação e o diagnóstico de hiperatividade infantil o quanto antes.
Esse transtorno não existe uma cura, e quem o possui certamente terá que conviver com isso durante toda a sua vida. Porém, com o diagnóstico de hiperatividade infantil sendo realizado mais cedo, é possível traçar estratégias e tratamentos para atenuar os sintomas comportamentais, especialmente durante a infância.
Se meu paciente é muito agitado, quer dizer que tem TDAH?
Para psicólogos que estão começando, essa é uma dúvida que pode existir, mas é importante não se precipitar. Não, nem sempre se o paciente é muito agitado ele possui TDAH.
Mesmo que ele possua características inerentes ao TDAH, o comportamento da criança pode estar suscetível a outras influências, como o ambiente, o convívio, uma situação específica ou algo que ocorreu anteriormente.
É justamente para isso que existem os testes e diagnóstico de hiperatividade infantil, exatamente para dar uma maior precisão sobre esse transtorno. Caso o paciente apresente essa agitação, atrelada a outros sintomas como os mencionados anteriormente, ele pode sim ter esse transtorno que é bastante comum.
A avaliação ajuda a tornar preciso o diagnóstico, facilitando o tratamento para crianças que possuem essa condição e amenizando os sintomas durante a vida adulta.
Conclusão sobre diagnóstico de hiperatividade infantil
Como vimos, o TDAH é uma condição bastante comum em crianças, e que permanece durante toda a vida. Apesar de não ter exatamente uma cura, é interessante identificar rapidamente essa condição para que possa ser feito um tratamento adequado para cada criança, ajudando elas a lidar com essa condição durante toda a sua vida.
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